Curitiba

Sete meses após acidente, família que sobreviveu à tragédia no trânsito fala sobre o milagre

Escrito por Maria Luiza Piccoli

Série Sobreviventes! sete meses após acidente na BR-277, família considera sobrevivência como um verdadeiro milagre

“Quando lutas vierem me derrubar, firmado em ti eu estarei. Pois tu és o meu refúgio, ó Deus. E não importa onde eu estiver. No vale ou no monte adorarei. A ti eu canto glória e aleluia”. Misturadas às teclas do piano, quatro vozes entoam o louvor que enche a sala de estar da casa localizada no bairro Uberaba, em Curitiba. Acabávamos de encerrar a entrevista mas, diante da gratidão da família reunida em torno do instrumento, foi inevitável conter algumas lágrimas. Sobreviventes de um grave acidente que ganhou os noticiários nacionais, há sete meses, os Falvo encaram a vida sob uma nova perspectiva, que pode ser definida pela gravura emoldurada logo acima da lareira: “a nossa força vem de um Deus que faz milagres”.

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“Milagre”. É assim que a maioria das manchetes do setor policial anunciou a sobrevivência dos 5 membros da família Falvo ao grave acidente no qual se envolveram na noite de 9 de fevereiro desse ano. A julgar pelo estado do carro (uma Fiat Freemont) após a colisão, a conclusão óbvia seria justamente o oposto e, pelo fato de todos terem saído praticamente ilesos da ocorrência foi que o fato ganhou tamanha repercussão.

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“Era um momento especial pra nossa família. Eu e minha esposa tínhamos acabado de celebrar nossos aniversários (ambos tínhamos feito 40 anos) e estávamos em clima de festa. Aliás, esse era o assunto durante a viagem”, lembra Fabiano, o patriarca, que dirigia o carro na noite do acidente. No veículo estavam a esposa, Elaine, os filhos do casal, Felipe e Fernanda – de 13 e 9 anos e a sobrinha Eloisa Pacheco, de apenas 2 aninhos. Com planos de passar o fim de semana em Matinhos, os Falvo seguiam tranquilamente pela BR-277 rumo ao Baleneário Inajá, onde eram aguardados por parentes na casa de veraneio da família. “Tinha um pouco de neblina na estrada e também garoa. Mas nada que prejudicasse o trajeto”, conta.

Carro ficou completamente destruído após o acidente. Foto: Arquivo.
Carro ficou completamente destruído após o acidente. Foto: Arquivo.

Cerca de 3 quilômetros depois do pedágio um pequeno truncamento indicava que algo não estava normal na estrada. “Reduzi a velocidade porque, do nada, um caminhão que trafegava à minha direita sinalizou que queria entrar na nossa frente. Nisso, acabei ficando entre dois caminhões porque outro já vinha logo atrás”, revela. De súbito, o veículo à frente freou e foi nesse omento que as horas mais trágicas vividas pela família até hoje começaram. “Fui obrigado a frear bruscamente e, com isso, o caminhão de trás bateu na gente. Foram milésimos de segundo até sermos lançados em direção ao caminhão da frente num impacto que funcionou como um esmagador de latinhas de refrigerante”, relembra Fabiano.

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Semelhante a uma grande bola de sucata, a Freemont, completamente destruída, ficou no meio da pista. Preso às ferragens e sem conseguir discernir o que tinha acontecido, Fabiano chamou pelo filho mais velho que, do banco de trás, reclamava de dores no pé. “Em seguida escutei a voz da minha filha que chorava muito, dizendo que sentia fortes dores na barriga. Eu não conseguia ver nenhum dos dois porque fiquei imobilizado entre o assento e o volante, que veio parar no meu peito”, conta. Preocupado com a esposa e a sobrinha, que não respondia aos seus chamados da cadeirinha, no banco de trás, Fabiano se deu conta da gravidade da situação com a chegada do Corpo de Bombeiros. “A hora que o socorrista olhou pra dentro do carro eu vi a expressão no rosto dele. Branco. Incrédulo de que tínhamos sobrevivido”, revela. Foi então que veio o susto maior. “Os bombeiros começaram a gritar solicitando todos os extintores disponíveis. Foi aí que me dei conta de que aquilo tudo podia explodir”, recorda.

Família reunida após o acidente: arranhões e pequenas escoriações. Foto: Arquivo.
Família reunida após o acidente: arranhões e pequenas escoriações. Foto: Arquivo.

O resgate de Fabiano durou 30 minutos. Ele foi o primeiro a ser retirado do veículo. “Eu não sabia se ajudava os bombeiros, se ligava pra família, ou simplesmente chorava. Minha esposa ficou presa entre o painel e o motor do carro e eu só conseguia ver o braço dela. Minha sobrinha com a cabecinha tombada pra frente não reagia”, relembra. Desesperado, Fabiano enviou mensagens de voz para o grupo da família solicitando apoio, ao mesmo tempo que tentava acordar a pequena Eloisa. “Mexi na bochechinha dela, que era a única coisa que eu conseguia alcançar e ela piscou os olhinhos bem devagar. Depois a mãe nos contou que quando ela sente muito medo de alguma coisa, finge que está dormindo”, contou.

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Quase duas horas depois, a última a ser retirada do carro foi Elaine, cujo estado era o mais grave entre os cinco. Levada ao Hospital Cajuru com um corte profundo na testa, a engenheira também teve um cotovelo deslocado. Já Felipe, o filho mais velho, e Eloísa, a sobrinha, saíram do acidente apenas com arranhões. Fernanda, a segunda filha do casal, teve uma alça do intestino ferida com a colisão,oque exigiu apenas um dia de internamento. Para Fabiano, o saldo foram algumas costelas fraturadas: uma “bagatela” perto do que poderia ter acontecido.

Sem nenhuma cicatriz ou sequela do acidente, os Falvo atribuem a Deus o fato de ainda estarem vivos. “Não existe dúvida de que algo sobrenatural operou nas nossas vidas”, finaliza o engenheiro.

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Maria Luiza Piccoli

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