Curitiba

Professor de Curitiba inova nas aulas on-line e se fantasia pra motivar universitários na pandemia

Escrito por Alex Silveira

O professor universitário Fábio Muniz, 43 anos, criou um jeito diferente de dar aulas nesta pandemia de coronavírus (covid-19). Vestindo fantasias dos mais variados personagens, ele prende a atenção dos alunos da Universidade Positivo (UP), em Curitiba, e os deixa ansiosos para o próximo encontro on-line. A pandemia fez com que aulas presenciais, do ensino fundamental ao superior, fossem suspensas no Brasil sem prazo de retorno. O conteúdo vem sendo administrado por aplicativos de videoconferência e variadas plataformas de ensino a distância. Em meio ao caos do ensino remoto forçado, onde todos são obrigados a se adaptar para não ficar sem aprender, a performance divertida do professor em frente às câmeras caiu na graça dos estudantes e ganhou as redes sociais.

Foto: Arquivo pessoal

Fábio Muniz é jornalista e possui outras formações como mestrado em Gestão Ambiental e MBA em Marketing. Professor há 11 anos, e desde 2012 na UP, ele se viu em pânico com a interrupção das aulas presenciais por causa da covid-19. Muniz dá leciona as disciplinas de fotografia, para os curso de Jornalismo, e marketing, para o de Nutrição. “Além do desconforto das novas plataformas de ensino remoto, não segurei a ansiedade pensando como eu faria para dar aula prática de fotografia pela internet. Tive que procurar ajuda psicológica”, contou o professor.

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Sem muito prazo para ficar divagando em alternativas, já que as aulas rotineiras teriam que se transformar em conteúdo on-line a toque de caixa, para os alunos não perderem o ano, o professor resolveu aparecer na videoconferência de fotografia com uma roupa florida. “Tipo aquelas de hippie, com direito a peruca da Zombie Walk”, contou. “Os alunos começaram a brincar e a me provocar. Foi quando eu prometi: ‘amanhã vocês vão ver!'”.

Acabou que as aulas do professor foram parar nas redes sociais dos alunos. “Já em seguida, na Nutrição, tinha aluno me cobrando para aparecer fantasiado também. Aí, deslanchou”, brincou Muniz, que conta em casa com o apoio da família. “Todos temos que nos adaptar. Sem apoio, não sai nada. É tão verdade que meu computador queimou logo na primeira semana de isolamento. Minha esposa é que me ajudou a conseguir outro”, disse.

Foto: Arquivo pessoal

As aulas já contaram com fantasias de Freddie Mercury, Chewbacca, Coringa, Matrix, Kiss, Darth Vader,  Luke Skywalker, Forrest Gump, Coringa e até Marilyn Monroe. “Era a semana do conteúdo sobre a mulher na fotografia. Encarnei até a Branca de Neve”, contou. “A brincadeira acabou se tornando uma forma produtiva de prender a atenção deles, sem prejudicar o conteúdo. A universidade tem me apoiado. Mas vou te contar, dá trabalho. Só que vale a pena. Os alunos já me conhecem como uma pessoa descontraída, então não fica parecendo que estou forçando a barra. Sou assim”, refletiu Muniz.

A tecnologia para os personagens ganharem ambientação é uma velha conhecida do cinema e da televisão. É o chamado chroma key, um fundo verde que permite inserir qualquer imagem como plano de fundo. “É um uso comum para o audiovisual. O jornalismo também utiliza. Então, dia desses eu apareci num jantar chique para dar aula de marketing na Nutrição. Todo mundo ficou com fome”, explicou o professor.

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A repercussão dessa ideia diferente para entreter as aulas é algo não planejado. “É o poder das redes sociais”, comentou Muniz, que não se diz muito interessado em ficar famoso, mas que a entende que pode ajudar outros professores a superarem esse momento de pandemia e incerteza. “Já teve professor de outra região do Brasil que me perguntou como eu fazia para colocar uma foto de fundo na tela. Isso é bacana, poder ajudar um colega a motivar mais alunos, de outras instituições e áreas do ensino”, apontou.

E os alunos?

Mas e os alunos, aprovam? Segundo a estudante do primeiro período de jornalismo Brenda Niewiorowski, 20 anos, sim. Ela quase não acredita que o professor Fábio Muniz se esforce tanto para motivá-los. “Cheguei a pensar: ‘Meu Deus, é tudo para a gente?'”, contou a Brenda, que agradece o empenho. “Temos aula numa manhã de segunda-feira. Saber que tem alguém que vai te fazer uma surpresa, com uma fantasia diferente a cada dia, nos motiva. É muito legal o que o professor Fábio faz para manter o laço com a gente durante a quarentena. É muita disposição e ânimo que se transmite”.

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Renan Eydi Zeve Komiyama, 27 anos, aluno do terceiro ano de Nutrição concorda. O aluno conta que o isolamento é uma situação complicada pra todo mundo. “Ninguém esperava viver alguma coisa desse tipo na vida. Até a faculdade se adaptar e escolher as plataformas para as aulas foi um pouco conturbado. O Fábio pensou fora da caixa”, comentou o estudante.

Foto: Arquivo pessoal

Para o aluno, a maneira usado pelo Muniz para dinamizar a aula de marketing e empreendedorismo do curso de nutrição faz todo o sentido. Komiyama diz que a dinâmica do uso da fantasia mostra que em situações adversas é preciso ser mais arrojado, usar a criatividade para driblar as dificuldades. “As aulas com os outros professores, no conteúdo, são tão boas quanto as do professor Fábio. Mas nos quesitos entretenimento e participação da turma na aula, as dele ganham de todas. A gente acaba criando uma expectativa para saber qual a próxima fantasia que ele vai usar”, finaliza o aluno.

Depois que as aulas à fantasia se espalharam pelas redes sociais, Fábio Muniz já deu entrevista para inúmeros veículos de comunicação e se tornou até meme. “Minha esposa chegou a me propor a contratação de um assessor de imprensa”, divertiu-se o professor.

Sobre o autor

Alex Silveira

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