Moradores de Araucária e Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), estão correndo um sério risco ao cruzar uma ponte interditada sobre o Rio Verde, na ligação entre a Colônia Cristina (Araucária) e a Colônia Mariana (Campo Largo). Mesmo com placas indicando o fechamento da ponte, instaladas nas duas margens, veículos de passeio continuam cruzando o trecho. O motivo é a facilidade do caminho mais curto até o Centro de Campo Largo. Pela ponte, a distância é de 8 km. Dando a volta pela BR-277, são pelo menos 30 km de distância.

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Moradores do lado de Araucária reclamam que até vagas de emprego deixam de valer a pena por causa da interdição da ponte, que já dura mais de quatro meses. Em maio, as prefeituras das duas cidades chegaram a um acordo para realizar uma reforma em conjunto, mas ainda não há data para o início das obras. A ponte tem quase 200 metros de comprimento.

A responsabilidade de manutenção da ponte entre as duas colônias é discutida há anos, desde que a Petrobrás entregou a obra ao poder público, em 1979, como contrapartida para a construção da barragem do Rio Verde. Embora a barragem seja de propriedade da Petrobrás, a ponte deveria ser mantida pelas prefeituras. O jogo de empurra-empurra entre as administrações públicas de Araucária e Campo Largo já causou outras interdições e algumas obras de reparo, mas nada que resolvesse o problema definitivamente. Até então, quem vinha respondendo pelas manutenções era a prefeitura de Campo Largo. Em maio deste ano, os prefeitos das duas cidades parecem ter chegado a um acordo.

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Segundo a prefeitura de Campo Largo, ficou combinado que Araucária ficaria responsável pelo fornecimento dos pranchões e Campo Largo pela mão de obra para a reforma da ponte. A administração de Campo Largo diz que busca, também, suporte da Petrobrás, avaliando que quando a empresa fez a represa para uso particular, terras campo-larguenses produtivas foram alagadas. A administração não nega que haja a necessidade da reforma da ponte para que a estrutura seja preservada e reforçada. A ideia dos prefeitos é que a ponte seja reformada com metal, para, justamente, resolver o problema de vez e impedir qualquer tipo de conflito futuro.

Placas alertam para interdição da ponte e jogo de empurra-empurra faz obras serem adiadas constantemente. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
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A data para as obras só será definida após a abertura de uma licitação, já que o serviço de reforma deverá ser terceirizado. Porém, os trâmites para abertura do processo estão parados. A prefeitura de Campo Largo diz estar lutando por recursos financeiros e, também, espera a contrapartida do município de Araucária para a execução completa da obra. Procurada, a prefeitura de Araucária não se manifestou sobre o tema até o fechamento da matéria.

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Risco calculado

Enquanto o impasse permanece, quem sofre são os moradores que desejam encurtar as suas distâncias. A vendedora Lilian Fiertz, 32 anos, vive na Colônia Cristina desde que nasceu. Ela conta que não pôde aceitar um emprego em Campo Largo por causa da distância até o Centro da cidade. ‘Não valeria a pena. Eu teria que percorrer quase 30 quilômetros para ir e mais a volta. Seria um custo alto para mim com transporte. Com a ponte aberta, eu estaria muito perto. Eu confesso que já me arrisquei a passar por ali de carro, mas morrendo de medo. Eu não poderia fazer isso todos os dias. Fazer o quê‘, reclama a vendedora.

Vendedora Lilian Fiertz, conta que não pôde aceitar um emprego em Campo Largo por causa da distância até o Centro da cidade sem poder usar a ponte. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

Ainda segundo ela, se as prefeituras mantivessem a manutenção da ponte em dia, a estrutura poderia até ser um ponto turístico. ‘Já vem gente aqui para tirar fotos de casamento, se divertir… É gostoso de passear. Eu acho que é o tamanho dela e a beleza ao redor. Fim de semana, sempre tinha gente por aí‘, conta Lilian.

Na tarde da última quarta-feira (16), a reportagem flagrou uma cena arriscada. Nivaldo Zelinski, 33 anos, produtor rural, cruzou a ponte com a família. Inclusive, havia uma criança no carro. Ele mora na Colônia Cristina há dez anos e acha que a ponte é uma ligação importante entre as duas cidades. ‘Se for para dar a volta, quantos quilômetros que dá, né. Por aqui fica bem mais perto. Geralmente, eu saio de Araucária para Campo Largo para fazer compra, passear. Uso bastante a ponte. Acho perigoso, claro que tenho medo de cair, mas você tem que arriscar, senão é muito longe para dar a volta. Não fazem nada para ficar definitivo. Só dizem que vão arrumar, mas não falam nada como será‘, argumenta Zelinski.

E ele não foi o único a cruzar a ponte na quarta-feira. Durante a produção da matéria, a reportagem flagrou mais veículos passando por ali. Até uma bicicleta. Além disso, foi possível constatar que passar a pé também é perigoso. São muitas tábuas soltas, ferros expostos e buracos. Até pescadores se arriscaram naquele dia, mas nenhum deles quis gravar entrevista. Um grupo que veio de São José dos Pinhais se limitou a dizer que a ponte pareceu feia para eles e que todos viram vários carros passando por ali durante o dia.

Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Sobre a sinalização de interdição e o risco que se corre ao cruzar a ponte interditada, a prefeitura de Campo Largo disse que orientou a população através de placas indicativas sobre os perigos de se trafegar pela ponte. Em nota, a administração pública reforçou o pedido para que a população respeite a sinalização e não faça nada que possa colocar em risco a sua segurança física. Até a definição de uma data para a licitação, a prefeitura de Campo Largo informou que aumentará a fiscalização no local.