Curitiba

Ponte caindo aos pedaços vira dor de cabeça para moradores na Grande Curitiba

Escrito por Alex Silveira

Ponte de madeira em condições precárias já foi interditada mas segue sendo utilizada por moradores para economizar tempo e sola de sapato

Moradores de Araucária e Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), estão correndo um sério risco ao cruzar uma ponte interditada sobre o Rio Verde, na ligação entre a Colônia Cristina (Araucária) e a Colônia Mariana (Campo Largo). Mesmo com placas indicando o fechamento da ponte, instaladas nas duas margens, veículos de passeio continuam cruzando o trecho. O motivo é a facilidade do caminho mais curto até o Centro de Campo Largo. Pela ponte, a distância é de 8 km. Dando a volta pela BR-277, são pelo menos 30 km de distância.

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Moradores do lado de Araucária reclamam que até vagas de emprego deixam de valer a pena por causa da interdição da ponte, que já dura mais de quatro meses. Em maio, as prefeituras das duas cidades chegaram a um acordo para realizar uma reforma em conjunto, mas ainda não há data para o início das obras. A ponte tem quase 200 metros de comprimento.

A responsabilidade de manutenção da ponte entre as duas colônias é discutida há anos, desde que a Petrobrás entregou a obra ao poder público, em 1979, como contrapartida para a construção da barragem do Rio Verde. Embora a barragem seja de propriedade da Petrobrás, a ponte deveria ser mantida pelas prefeituras. O jogo de empurra-empurra entre as administrações públicas de Araucária e Campo Largo já causou outras interdições e algumas obras de reparo, mas nada que resolvesse o problema definitivamente. Até então, quem vinha respondendo pelas manutenções era a prefeitura de Campo Largo. Em maio deste ano, os prefeitos das duas cidades parecem ter chegado a um acordo.

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Segundo a prefeitura de Campo Largo, ficou combinado que Araucária ficaria responsável pelo fornecimento dos pranchões e Campo Largo pela mão de obra para a reforma da ponte. A administração de Campo Largo diz que busca, também, suporte da Petrobrás, avaliando que quando a empresa fez a represa para uso particular, terras campo-larguenses produtivas foram alagadas. A administração não nega que haja a necessidade da reforma da ponte para que a estrutura seja preservada e reforçada. A ideia dos prefeitos é que a ponte seja reformada com metal, para, justamente, resolver o problema de vez e impedir qualquer tipo de conflito futuro.

Placas alertam para interdição da ponte e jogo de empurra-empurra faz obras serem adiadas constantemente. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

A data para as obras só será definida após a abertura de uma licitação, já que o serviço de reforma deverá ser terceirizado. Porém, os trâmites para abertura do processo estão parados. A prefeitura de Campo Largo diz estar lutando por recursos financeiros e, também, espera a contrapartida do município de Araucária para a execução completa da obra. Procurada, a prefeitura de Araucária não se manifestou sobre o tema até o fechamento da matéria.

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Risco calculado

Enquanto o impasse permanece, quem sofre são os moradores que desejam encurtar as suas distâncias. A vendedora Lilian Fiertz, 32 anos, vive na Colônia Cristina desde que nasceu. Ela conta que não pôde aceitar um emprego em Campo Largo por causa da distância até o Centro da cidade. ‘Não valeria a pena. Eu teria que percorrer quase 30 quilômetros para ir e mais a volta. Seria um custo alto para mim com transporte. Com a ponte aberta, eu estaria muito perto. Eu confesso que já me arrisquei a passar por ali de carro, mas morrendo de medo. Eu não poderia fazer isso todos os dias. Fazer o quê‘, reclama a vendedora.

Vendedora Lilian Fiertz, conta que não pôde aceitar um emprego em Campo Largo por causa da distância até o Centro da cidade sem poder usar a ponte. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

Ainda segundo ela, se as prefeituras mantivessem a manutenção da ponte em dia, a estrutura poderia até ser um ponto turístico. ‘Já vem gente aqui para tirar fotos de casamento, se divertir… É gostoso de passear. Eu acho que é o tamanho dela e a beleza ao redor. Fim de semana, sempre tinha gente por aí‘, conta Lilian.

Na tarde da última quarta-feira (16), a reportagem flagrou uma cena arriscada. Nivaldo Zelinski, 33 anos, produtor rural, cruzou a ponte com a família. Inclusive, havia uma criança no carro. Ele mora na Colônia Cristina há dez anos e acha que a ponte é uma ligação importante entre as duas cidades. ‘Se for para dar a volta, quantos quilômetros que dá, né. Por aqui fica bem mais perto. Geralmente, eu saio de Araucária para Campo Largo para fazer compra, passear. Uso bastante a ponte. Acho perigoso, claro que tenho medo de cair, mas você tem que arriscar, senão é muito longe para dar a volta. Não fazem nada para ficar definitivo. Só dizem que vão arrumar, mas não falam nada como será‘, argumenta Zelinski.

E ele não foi o único a cruzar a ponte na quarta-feira. Durante a produção da matéria, a reportagem flagrou mais veículos passando por ali. Até uma bicicleta. Além disso, foi possível constatar que passar a pé também é perigoso. São muitas tábuas soltas, ferros expostos e buracos. Até pescadores se arriscaram naquele dia, mas nenhum deles quis gravar entrevista. Um grupo que veio de São José dos Pinhais se limitou a dizer que a ponte pareceu feia para eles e que todos viram vários carros passando por ali durante o dia.

Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Sobre a sinalização de interdição e o risco que se corre ao cruzar a ponte interditada, a prefeitura de Campo Largo disse que orientou a população através de placas indicativas sobre os perigos de se trafegar pela ponte. Em nota, a administração pública reforçou o pedido para que a população respeite a sinalização e não faça nada que possa colocar em risco a sua segurança física. Até a definição de uma data para a licitação, a prefeitura de Campo Largo informou que aumentará a fiscalização no local.

Sobre o autor

Alex Silveira

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