Curitiba

Apesar da concorrência da internet, locadoras ainda sobrevivem em Curitiba

Marcos Loguetta, dono da WF Locadora, resiste à concorrência com os serviços on demand. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Escrito por Maria Luiza Piccoli

Depois do anúncio do fechamento da Cartoon, muitos leitores procuraram a Tribuna para mostrar que as vídeo locadoras ainda resistem

O assunto mexeu com a emoção dos curitibanos. Depois que a Tribuna contou a história da Cartoon, tradicional vídeo locadora de Curitiba que, este mês, anunciou o encerramento definitivo de suas atividades após 33 anos, muita gente procurou a reportagem para indicar onde estão os sobreviventes do segmento que, espalhados por diversos pontos da cidade, ainda resistem.

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Para conferir de perto como alguns empresários do ramo de locação de vídeo enfrentam a concorrência do cinema on demand e das plataformas de streaming, apontados como grandes responsáveis pela derrocada das locadoras, fomos até os bairros Orleans e Jardim das Américas, onde dois estabelecimentos queridos (e frequentados) pelas respectivas vizinhanças foram apontados como remanescentes do setor.

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Manhã de terça-feira. No número 691 da Rua João Falarz, bairro Orleans, em Curitiba, Marcos Loguetta repete o mesmo ritual há 30 anos. Cabelos alinhados e uniformizado, o empresário abre as portas da WF Locadora, organiza a vitrine e, de trás do balcão da loja, se prepara para mais um dia de trabalho.

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Cercado pelas prateleiras repletas de filmes ele recebe a reportagem da Tribuna na “colmeia”, cômodo onde guarda as cópias de todos os títulos da loja, que somam um total de 50 mil vídeos. Funcionando no mesmo local desde a inauguração, na década de 80, a WF foi testemunha dos anos áureos do home vídeo, chegando a ter cadastrados 30 mil clientes fixos em sua melhor época, na qual também contava com a ajuda de 4 funcionários.

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Resistir ao streaming não foi fácil. Principalmente a partir de 2014, quando as plataformas online se popularizaram, indo de encontro à proposta das vídeo locadoras. “Se antes o deslocamento até a locadora era sinônimo de passeio com a família, de repente, isso tudo ficou esquecido frente à comodidade da Internet”, lamenta o empresário que, apesar de ter observado uma queda significativa na movimentação da loja nos últimos anos, ainda conta com clientes fiéis, registrando uma média de 900 a mil aluguéis de vídeos e games por semana. “São aluguéis mais pontuais. Muitos gamers e estudantes em busca de títulos específicos. Tem também aquele pessoal que acaba ficando sem ter muito o que fazer no final de semana e vem pra cá”, afirma.

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Ao custo de R$ 6 a locação, os lançamentos são os mais procurados e, para cativar a clientela, o pacote promocional permite levar 3 títulos: 2 lançamentos e 1 catálogo, a R$ 10.
Nem apenas de vídeos, porém, sobrevive o estabelecimento. Segundo Marcos, agregar outros serviços à locadora foi essencial para a manutenção do negócio. Para tanto, o empresário contou com a ajuda da família, adepta do artesanato, para vender além dos produtos manufaturados itens de armarinho que atraem uma boa clientela ao estabelecimento. “Dividida” em dois setores e com menos funcionários, a loja segue funcionando, mostrando que é possível, sim, sobreviver à concorrência online. “Enquanto houver produção de mídia para venda, nós continuaremos funcionando”, garante o empresário.

Jeito é diversificar

Mario Inushi, da Blue Chips, diversificou seus produtos pra se manter no mercado. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Mario Inushi, da Blue Chips, diversificou seus produtos pra se manter no mercado. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Do outro lado da cidade, na Rua João Doetzer, bairro Jardim das Américas, Mario Inushi, demonstra a mesma perseverança. À frente da locadora Blue Chips há 27 anos, o empresário também agregou outros serviços ao estabelecimento para se manter no mercado. “Quando vi que o movimento começou a cair, há alguns anos, abri uma franquia dos correios e comecei a vender itens de perfumaria”, revela.

Além disso, Mario demitiu funcionários e partiu para um imóvel próprio, o que ajudou muito a reduzir os custos do negócio, que conta com 7 mil títulos no acervo e 10 mil clientes cadastrados. Sem pretensão de fechar as portas, Mario garante que continuará ativo e proporcionando às famílias do Jardim das Américas a saudosa experiência de passear entre as prateleiras da loja e escolher vídeos.

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Aos demais que, como ele, ainda sobrevivem no segmento, além de prestar apoio, Mario recomenda redução de custos e criatividade. “Encontre algum outro serviço ou produto que agregue ao seu negócio. Hoje, infelizmente, não dá mais para sobreviver só com vídeo locadora”, lamenta Inushi.

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

As sobreviventes

A Tribuna procurou saber o número exato de vídeo locadoras que ainda resistem em Curitiba, porém tal registro não consta nos levantamentos da Associação Comercial do Paraná (ACP).
Mesmo assim, a partir das indicações dos próprios leitores da Tribuna, descobrimos mais alguns estabelecimentos remanescentes. Confira:

Claymore Vídeo Locadora

Av. Presidente Kennedy, 1431 Rebouças

Pipoca

R. Francisco Alves Guimarães, 149 – Cristo Rei

Queops Vídeo

Rua Veríssimo Marquês, 1384 Centro (São José dos Pinhais)

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Sobre o autor

Maria Luiza Piccoli

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