Curitiba

Lendas Urbanas de Curitiba: um livro pra ninguém esquecer

Luciana escreveu um livro sobre as lendas urbanas. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Escrito por Giselle Ulbrich

A maioria dos curitibanos não sabe, mas Curitiba tem muitas lendas, que foram resgatadas em um livro por escritora

Você sabia que Curitiba possui mais de 300 lendas urbanas? Elas vão desde curiosidades até histórias macabras, como a mulher do vestido vermelho do edifício Tijucas, o gato Bóris, o pavão misterioso ou a noiva do Belvedere. Como estavam ficando esquecidas com o passar das gerações, a escritora curitibana Luciana do Rocio Mallon decidiu resgatá-las em seu livro Lendas Curitibanas. As histórias são tão boas que um guia turístico adaptou algumas lendas para um tour noturno em Curitiba, que acontece a pé, pelo centro da cidade.

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Luciana nunca gostou dos tradicionais contos de fadas. “Eu tinha seis anos, não aguentava mais Branca de Neve, Cinderela. Elas sempre casavam com o príncipe no final. Porque tem que casar no final? Será que elas viviam felizes para sempre? E porque tem que ser sempre com um príncipe? Eu achava até discriminatório. Por que não casar com um pedreiro, com o lixeiro, com o gari. E a bruxa era sempre má. Eu preferia histórias de quando a princesa virava fantasma, quando o príncipe era sem cabeça. Eu pedia pra minha mãe e minha avó me contarem histórias de bruxa, de lobisomem, da noiva do Belvedere, da Maria Bueno, do cachorro do Drácula, do gato que virava homem. Eu gostava dessas coisas mais misteriosas”, conta Luciana, aos risos.

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As fontes de pesquisa foram basicamente duas. A primeira veio das histórias contadas pelas mulheres mais velhas da família. Depois de adulta, ela foi trabalhar no comércio. Numa das lojas, trabalhava no crediário. “Ao pedir os dados das clientes para fazer o cadastro, também perguntava se no bairro que elas moravam havia alguma história de fantasma, qual a origem dele, se tem casa mal assombrada. Eu ia anotando. Umas falavam algumas coisas diferentes. Eu ia juntando, como se fosse um retalho, até que saía a lenda”, diz a escritora, que em 2012, começou a postar as histórias num blog. Com os acessos aumentando, logo Luciana recebeu a proposta de publicar um livro.

E as clientes de Luciana não achavam ruim as perguntas na hora do crediário. Conforme a escritora, antigamente duas, três, até quatro gerações de famílias se reuniam ao redor de fogueiras para comer pinhão, tomar chimarrão e contar os “causos” da região (e de outras distantes também). Mas como esse costume foi acabando, as lendas também foram ficando esquecidas. Por isto, diz Luciana, as clientes gostavam tanto de ficar contando as histórias antigas na hora de fazer o cadastro do crediário. Luciana defende que as lendas não podem desaparecer e que esse resgate cultural deve acontecer, pois as novas gerações precisam conhecer a cultura da sua região.

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As preferidas

Entre as histórias que Luciana mais gosta de escrever e que o povo mais gosta de ouvir estão as lendas com animais. Entre elas está a do gato Bóris, que ficou muito famoso nos anos 90, até 2015. Era um gato preto, com olhos de mel, que vivia na livraria Trovatore. Diz a lenda que nas noites de sexta-feira, de lua cheia, ele virava um lindo homem afro descendente e saía pelo Largo da Ordem para namorar as moças que passavam por lá.

Uma jovem ficou com este homem e, outro dia, viu ele em cima do telhado da livraria. De repente, o homem se transformou num gato. O gato chegou a ser sequestrado pelo neto de um feirante do Largo, que se encantou com o bichano e queria que ele cruzasse com a gata da namorada dele. Porém o gato era castrado e o namoro não deu certo.

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Outro gato que também é muito famoso é o gato Kiko, que vive numa loja de roupas na Rua Doutor Muricy. Diz a lenda que, no século XIX Curitiba tinha um costureiro chamado Kiko, que fazia roupas para a alta sociedade. Kiko era homossexual e sofria muito preconceito. Foi morto porque a população descobriu que ele namorava uma pessoa importante da cidade.

Antes de morrer, ele vivia dizendo que gostaria de ser um gato, porque é um animal chique, que sempre cai em pé. Em 2005, a dona desta loja viu o gato miando na porta e deu leite a ele. Mas o bichano insistia em querer entrar. Então ela acolheu e passou a chamar o animal de Kiko.
Porém só anos depois de adotá-lo que ficou sabendo que no lugar onde hoje é a loja, antigamente era a casa de um costureiro chamado Kiko, que queria reencarnar num gato depois de morto.

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Gostou das lendas resgatadas pela Luciana? O livro dela já está em segunda edição e possui mais de 50 lendas, daquelas que não dão vontade de desgrudar os olhos das páginas. Quem desejar adquirir o livro, pode ligar direto para a Luciana: (41) 99651-2567. No dia 20 de julho ela também estará no Centro Cultural Gabriela Valentina (Rua XV de Novembro, 266, 9º andar Centro de Curitiba), a partir das 15h, vendendo o livro.

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Sobre o autor

Giselle Ulbrich

(41) 9683-9504