Já pensou viver mais de 100 anos? Fica até difícil de imaginar, né? Ainda mais nesses tempos tão conturbados de pandemia em que vivemos. Mas um morador de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, está completando um grande feito. 106 anos de idade. Não, você não leu errado! O seu Jerônimo Stoco, o “Momi”, como assim é conhecido, faz aniversário neste sábado (28) e continua “firme e forte”, esbanjando simpatia e sempre com uma boa história para contar. Ah, e ele ainda revelou o segredo para se viver tanto tempo. Confira!

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Ele é bem conhecido em Campo Largo e até já foi notícia aqui na Tribuna, lembra? Foi em 2019 quando ele completou 104 anos. Na época, ele recebeu uma grande festa dos familiares e amigos. Emocionado, contou sobre o seu passado e nos levou para conhecer a sua carpintaria que fica ao lado de sua casa, lugar que até hoje ele frequenta. E detalhe, é um dos lugares preferidos aonde ele gosta de sentar e ler o jornal da Tribuna do Paraná, ritual sagrado de décadas.

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Segundo a filha mais nova, Sonia Regina Stoco Mocelin, o sobrinho não deixava faltar o jornal da Tribuna, mas agora com o problema da visão complicou a leitura que era um passatempo pra ele. “Meu Deus, eu lia, era um passatempo, agora não consigo ler e nem assistir o jornal na tv”, lamenta Jeronimo.

Qual o segredo, seu Jeronimo?

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Nascido em 1915 e natural de Campo Largo, o “Momi” é descendente de italiano e acumula muitas histórias. Mas afinal, qual será o segredo para se viver tanto assim?

Seu Jerônimo não hesitou em dizer que para ele o segredo da longevidade é o vinho que ele mesmo produzia e consumia. Mas além disso, ele também ressalta o trabalho duro desde a infância. “Sou do tempo que as coisas não eram fáceis. Trabalhei como um condenado, serviço pesado, sofri muito, muito… família grande para carregar nas costas. Não tinha ajuda de ninguém, mas eu nunca desisti de lutar, sempre enfrentei tudo com muita fé em Deus, que nunca me abandonou. Cheguei aos 106 anos sem esperar, mas agradeço muito por esse presente de Deus”, conta.

E aí, vai ter festa?

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A filha Sonia contou que ver o pai chegar nessa idade é um privilégio para poucos e já adiantou que pelo menos uma “surpresinha” para ele terá. “Ainda não sabemos se haverá comemoração. Mas com certeza, alguma surpresinha ele terá no dia do aniversário. Nesses dois anos de pandemia não teve festa, mas teve um bolinho pra ele. É uma benção de Deus, viver tanto tempo assim. Quem imaginaria que ele iria viver tanto tempo assim. Quando a gente conversa com ele, ele sempre tem algo pra contar. Conversar com ele é sempre um aprendizado”, diz Regina, emocionada.

Vida longa

Realmente chegar aos 106 anos é para pouquíssimas pessoas. E podemos garantir que seu Jerônimo Stoco, já viu ou pelo menos ficou sabendo de tudo um pouco na história. Para se ter uma ideia, alguns anos depois de ter nascido ele pôde acompanhar alguns fatos históricos tanto no Brasil, quanto no Paraná. Separamos alguns. Veja!

  • Em 1929: o mundo viu a quebra da bolsa de valores de Nova York com a queda do preço do café.
  • Em 1939: o início da 2ª Guerra Mundial;
  • Em 1942: O Brasil declarou guerra à Alemanha e Itália.
  • Já em 1969, Curitiba se tornou a capital da República. E claro, ele também presenciou a chegada da neve no Paraná, principalmente a nevada de 1975.

Recentemente, seu Jerônimo precisou lidar com a perda de sua irmã de 99 anos, além da morte do filho de 76 anos. Ao questionarmos a filha Sonia sobre a saúde do pai, ela afirmou que ele está bem e ainda com uma memória muito boa. “Ele mora sozinho e aos finais de semana fica comigo. Ele já mora há 22 anos desde que a esposa faleceu. Ele tem horário pra tudo, ele é regrado. Continua esperto, conversa com todo mundo. Gosta de contar os causos. Pra ele é um orgulho contar a história dele”, explica.

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O “Momi” respondeu algumas perguntas da Tribuna e ainda deixou um conselho para os jovens de hoje. Veja o que ele respondeu!

Tribuna: Se pudesse, o senhor faria algo diferente?
Jerônimo: “Eu teria feito sim. Pensava em fazer, mas os recursos eram mínimos, não tinha nem como pensar. Trabalhei quatro anos com meu pai ganhando oito mil reis por dia, sem acréscimo nenhum”.

Tribuna: Como lidar com a vida em tempos tão difíceis como os últimos anos?
Jerônimo: “Eu sei que os tempos são difíceis para muita gente, mas eu lembro que na minha juventude enfrentei pior que isso, a doença do “Tifo”. Não existiam médicos. Único recurso era um abençoado farmacêutico que ia de Chevette me atender, fiquei sem um fio de cabelo, poderia ter morrido, mas Deus me poupou.

Tribuna: Qual seria o conselho que o senhor daria para esta geração?
Jerônimo: “Sejam pessoas de bem e usem em tudo a honestidade”

Pandemia

Para a família Stoco, assim como tantas outras, o tempo de pandemia não está sendo fácil. “Procuramos tirá-lo de casa só em casos especiais, quando ele precisa ir pro médico. Nós da família nos isolamos porquê temos contato diariamente com ele. Dá medo, ninguém sabe o que pode acontecer. Às vezes, o sobrinho leva no barbeiro pra cortar o cabelo. E de vez em quando, vai almoçar na filha mais velha. Todo o sábado, ele sai com o filho ver as colônias, ele ama um salame. Já é regra a saída para o passeio.”, explica Sonia.

Homenagem da Tribuna

E haja espaço para contar tantas coisas legais dele, não é mesmo? E para nós da Tribuna, sós nos resta a felicidade de ter o “Momi” como um leitor assíduo. Parabéns seu Jerônimo e que venham mais anos pela frente com muita saúde!