Curitiba

Espeto corrido nasceu em churrascaria da região metropolitana de Curitiba

Escrito por Gustavo Marques

Aceita uma picanha? Uma costela no capricho ou um porquinho à pururuca? Para fechar, um abacaxi assado com canela e açúcar. Se der água na boca ou vontade de apreciar o mundo mágico do churrasco, um lugar pertinho de Curitiba tem a fama de ser a primeira churrascaria rodízio do Brasil. Com a tradição não se brinca, e a Churrascaria Blumenauense segue firme na BR-116, em Colombo, na região Metropolitana de Curitiba, onde na década de 60 lançou o atendimento que hoje é feito em restaurantes de carnes não só de todo Brasil, mas até no exterior.

O início desta grande festa gastronômica com garçons circulando com espetos e inúmeras opções de carnes foi nos anos 1960. A ideia dos primeiros estabelecimentos que apostaram no rodízio era de estar presente nas margens de rodovias e ao lado de postos de combustíveis. O público inicial foi de caminhoneiros, que foram essenciais para repassar a notícia que existia um lugar especial com muita carne e barato.

LEIA NO CAÇADORES DE NOTÍCIAS Segredos de família fazem do pastel da Brasileira o mais tradicional de Curitiba há 62 anos

Os dados da Blumenauense não são tão precisos, mas especula-se por quem vivenciou os primeiros anos da churrascaria que o rodízio teria começado em 1968 e por uma situação de desespero no restaurante. Clóvis José Todeschini, 64 anos, é o atual proprietário e filho de Avelino Todeschini, um dos primeiros sócios da churrascaria ao lado de Albino Ongarato. Albino é natural de Blumenau e daí surge o nome do restaurante.

“O espeto corrido ou rodízio começou quando um dia apurou o trabalho e faltou carne nas mesas. Aí o garçom não sabia qual tipo de carne tinha sido pedido e serviu mais opções. No restaurante, tinha gente de São Paulo e começou o papo que aqui tinha rodízio”, relembra Clóvis.

Lançado na Churrascaria Blumenauense em 1968, o espeto corrido hoje está em restaurantes do Brasil inteiro. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná

Nas mesas, o atendimento na Blumenauense era um espeto fincado em cilindros com a carne desejada e com as guarnições em pratos metálicos. O garçom levava em uma bandeja o arroz, feijão, batata e a salada.

“Antes não tinha o buffet e tudo era servido na mesa. Tivemos que alterar isto até pelos pratos quentes que entraram no cardápio. Acredito que foi uma evolução, mas tem gente que não gosta da inovação. Os clientes querem que se mantenha a tradição da Blumenauense e se um dia aqui fechar, alguns irão ficar sem rumo”, comenta o proprietário.

Estrutura e crise da carne

A estrutura da Blumenauense pouco se alterou. Mesmo com mais de 50 anos, o restaurante praticamente permanece igual com um grande balcão de madeira, banheiros com portas e placas antigas, cozinha e um espaço destinado para a churrasqueira.

Com 15 funcionários, a equipe se desdobra para manter o bom serviço e mostrar que mesmo longe dos padrões de outros restaurantes que copiaram o modelo do rodízio, a ideia é valorizar a história. “ Tenho muito orgulho daqui e é um marco para a gente. O pessoal elogia e não podemos perder isto jamais”, comenta Clóvis.

Airton Ria da Silva, funcionário mais antigo, com 33 anos de Churrascaria Blumenauense. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná

O restaurante passou por dificuldades nos últimos anos. Obras na estrada dificultaram o acesso dos motoristas, fora os constantes aumentos no valor da carne e naturalmente, a mudança no perfil do consumidor. “ Foi um período bem complicado, mas estamos superando. Não mudamos nem o preço do rodízio, pois poderia ser pior. Hoje temos uma média de 200 refeições diárias contando almoço e jantar”, ressalta o dono.

LEIA NO CAÇADORES DE NOTÍCIAS Curitibana transforma casais e até Ivete Sangalo em bonecos de bolo

O funcionário mais antigo da Blumenauense é o Airton Ria da Silva. Há 33 anos, ele comanda a churrasqueira, ou seja, o espaço nobre do estabelecimento. O preparo das carnes começa cedo e o segredo para um bom churrasco está também no corte .

Com o tempo, Airton foi obrigado a se especializar até para trabalhar diante das carnes consideradas nobres como a picanha, a queridinha dos clientes. “Os cortes são diferentes do tempo que comecei. Antes, o frango era um das estrelas e saia mais de 60 quilos por dia. Era uma loucura de tanto caminhoneiro que chegava e posso dizer que sou reconhecido por trabalhar tanto tempo na Blumenauense”, relata Airton.

Serviço

Churrascaria Blumenauense
Endereço:
Rodovia BR 116, KM 11, nº 6736 – Colombo
Telefone: (41) 3675-6769

Atendimento

Segunda à Sexta-Feira: R$ 40
Sábado e Domingo: R$ 45

Sobre o autor

Gustavo Marques

(41) 9683-9504