Curitiba

Amigas de Curitiba apostam na paixão pelo tricô para ganhar dinheiro na internet

Amigas se uniram pra criar uma enciclopédia em vídeos de tricô, arte das “vovós” que anda sendo resgatada por pessoas de todas as idades. Há algumas décadas, ninguém imaginaria que seria possível ganhar a vida fazendo tricô, mas hoje a dupla vive disso

Há algumas décadas, tricotar era coisa de vó. Mas já faz um tempo que pessoas, de todas as idades, andam resgatando as artes manuais. É nessa onda do “faça você mesmo” que duas amigas de Curitiba, aficcionadas por tricô, decidiram abrir o Tricopedia (enciclopédia de tricô), com vídeos que explicam o que é cada coisa da arte com lã e agulhas.

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A jornalista Iris Alessi, 34 anos, e a designer Priscillla Lopes, 33, são as tricoteiras idealizadoras da plataforma. Elas inauguraram o Tricopedia há um mês com 40 vídeos, já colocaram outros quatro no ar e a ideia é adicionar pelo menos mais cinco “explicações” por mês no ar. Enquanto a pessoa for assinante (sim, a plataforma possui três planos de assinatura), tem acesso a todos os vídeos, que nunca são substituídos ou excluídos. Funciona no computador e no celular.

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Diferença

Tanto Iris, como “Pris” possuem canais no YouTube (Flor de Iris e Craft Room Ideas), onde ambas postam vídeos ensinando a fazer tricô. “A diferença entre os nossos canais e o Tricopedia é que a plataforma é uma enciclopédia, onde a pessoa pode consultar os significados diversos do tricô. É diferente, nos canais a gente mostra receitas, explica sobre escolha de fios e agulhas, mostra os trabalhos feitos, dá dicas, etc. E, às vezes, a pessoa que está fazendo um trabalho tem alguma dúvida bem pontual, pequena, como colocar os pontos na agulha, como fazer um aumento ou arremate. Não vale a pena pagar uma aula só pra tirar aquela pequena dúvida. Ou então tem que assistir um vídeo inteiro para no meio tentar ver se consegue tirar aquela dúvida. E às vezes as pessoas me passavam mensagens perguntando sobre essas dúvidas pequenas. Só que é difícil você explica-las em texto. Então a Tricopedia é uma enciclopédia mesmo, com vídeos curtos, de dois, no máximo, três minutos, bem objetivos, explicando os significados e como fazer”, explicou a jornalista.

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“E nos vídeos do YouTube, as pessoas mostram muito as receitas completas. Nós não queremos só mostrar receitas, por exemplo, queremos fazer a pessoa pensar no seu próprio projeto. As receitas prontas dizem que precisa colocar ‘X’ pontos na agulha. Mas cada pessoa tem um corpo diferente, exige uma quantidade de pontos diferente. O que nós queremos é fazer a pessoa aprender a calcular quantos pontos são necessários para o seu próprio projeto, ensinar a pensar”, diz Iris.

A plataforma, por enquanto, possui seis “módulos”, com diversos vídeos dentro de cada um: básico, montagens, arremates, pontos, diminuição/aumento e erros comuns/soluções. E elas avisam: vão ter mais módulo sem breve. “Já chamaram de Netflix do tricô. E sempre nos perguntam se um dia não vai esgotar o assunto. Nem um pouco, é assunto e explicação que não acaba mais”, brinca a Pris.

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Coisa de vó

Jovens, dupla mostra que essa visão de que tricô é “trabalho de vó” é coisa do passado. Foto: Giselle Ulbrich/Tribuna do Paraná
Jovens, dupla mostra que essa visão de que tricô é “trabalho de vó” é coisa do passado. Foto: Giselle Ulbrich/Tribuna do Paraná

Pris mostra que essa visão de que tricô é “trabalho de vó” é coisa do passado. “Tem certas coisas que parecem que pulam uma geração e voltam na outra. Com muitas artes manuais isso está acontecendo. Eu vejo por exemplo a geração da minha mãe. São mulheres que foram trabalhar fora, focadas em ter sucesso nos empregos, serem autossuficientes. Parece que nem queriam falar sobre tricô ou crochê para não criar nenhuma relação com a vida da dona de casa antiga, que ficavam em casa fazendo blusas de tricô pros filhos. Hoje as mulheres possuem autonomia para fazer qualquer escolha. Você pode ser o que quiser e ter seu dinheiro com isto. E nessa vida agitada que todos levamos no dia a dia, muita gente usa o tricô só para relaxar, ter um momento só seu, desestressar da correria”, analisa Pris.

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“Tricotar não é coisa de vó. As pessoas arregalam os olhos quando eu digo que gosto de heavy metal”, brinca Iris, que ainda explica que o momento do tricotar é único. “Fica só você e a peça ali. Você relaxa, não pensa em nada, ou então lembra de momentos bons da vida. É uma terapia”, conta Iris.

Profissão x paixão

As criadoras da plataforma Tricopedia não deixaram de lado suas profissões de formação. Mas encontraram naquilo que amam fazer uma forma de (sobre)viver.

Priscilla Lopes é designer e conta que, apesar de ainda trabalhar com a sua área de formação, o tricô é o que preenche mais o seu coração. Ela aprendeu a arte manual ainda adolescente. Mas depois ficou anos sem fazer uma peça. Aos 20 anos, aprendeu a costurar com sua vó. E levada pelo seu lado designer, passou anos costurando roupas.

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Mas, quando veio (de Florianópolis) morar em Curitiba, não tinha mais sua máquina de costura e parou de fazer roupas. Sentiu falta de ter uma arte manual para desenvolver e voltou a se apegar com o tricô. “Eu gosto de estar sempre com algo em produção”, diz ela. As peças tricotadas iam impressionando as amigas, que incentivaram a montar um canal no YouTube para ensinar os outros. E assim ela foi desenvolvendo cada vez mais a técnica, que hoje virou sua segunda profissão.

A jornalista Íris Alessi tem uma história parecida. Aprendeu a tricotar aos 14 anos. Como é muito elétrica, não tinha muita paciência e não conseguia focar no tricô, já que é uma atividade que exige concentração e demora muitas horas para ficar pronta. Mas insistiu, bateu o pé que aprenderia e conseguiu. Jornalista já formada, alternava seus trabalhos profissionais com encomendas de tricô, até que os ganhos com ambos passaram a ser iguais.

Perto de um fim de ano, o trabalho que Íris exercia como jornalista freelancer encerrou. Então ela decidiu seguir o conselho de uma amiga e foi fazer workshops, ensinando outras pessoas a tricotar. Foi um sucesso e ela passou a mesclar workshops com aulas diárias e o tricô passou a ser sua principal fonte de renda. “De vez em quando eu ainda trabalho como jornalista freelancer”, diz ela, que encontra nas duas profissões uma coisa que ela gosta muito: o conviver com pessoas diferentes e conhecer histórias novas todos os dias. “A única coisa que é diferente do jornalismo é que eu não posso contar ao público as histórias que ouço nas aulas”, brinca a tricoteira jornalista, que já trabalhou em diversas áreas do jornalismo, de repórter a editora e assessora de imprensa.

Quer aprender (mesmo) a tricotar?

Se você realmente quer aprender a tricotar e quem sabe até ganhar dinheiro com a “arte das vovós”, acesse o site www.tricopedia.com.br, escolha um dos planos e vire um expert nas agulhas. Você pode conhecer também os canais no Youtube da Iris e da Pris.  É só clicar no nome delas e boa sorte.

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Sobre o autor

Giselle Ulbrich

(41) 9683-9504