Cristo Rei

Largadão do Cajuru

Escrito por Maria Luiza Piccoli

Ponto comercial abandonado incomoda moradores e comerciantes do entorno do Hospital Cajuru. Complexo comercial já foi muito bem sucedido, mas com a troca de dono acabou abandonado e virou um problema

Restaurante, farmácia, lotérica, academia e até uma ‘lojinha natureba’. Tudo isso já funcionou no Centro Empresarial Cajuru, no bairro Cristo Rei, em Curitiba. Localizado numa área estratégica e de forte potencial comercial, o complexo de lojas está de portas fechadas já a um bom tempo e não é pela falta de clientes, afinal, do outro lado da rua, um dos maiores hospitais de Curitiba o Cajuru – movimenta o entorno da quadra situada entre as ruas Fioravante Dalla Stella e Prefeito Ângelo Lopes, no bairro Cristo Rei, em Curitiba, onde fica o imóvel. No local, que já chegou a ser tomado por moradores de rua, tudo está fechado e, mesmo com vigilância privada, usuários de drogas e pedintes continuam ocupando os arredores do estabelecimento. Incomodados com a situação, vizinhos do complexo e lojistas se perguntam: afinal, o que será do Centro Empresarial Cajuru?

“Um elefante branco no meio do bairro”. É assim que o empresário Adriano Rebonato, 50, define o imóvel vizinho à sua pet shop, localizada na Rua Prefeito Ângelo Lopes. No local há cinco anos, ele conta que a decadência do centro empresarial começou em 2013, quando o imóvel foi desocupado pelos comerciantes em atividade na época. “Deu um imbróglio judicial e todo mundo teve que sair. Aí o lugar ficou abandonado. Chegaram a especular dizendo que ia abrir um estacionamento ali mas nada disso aconteceu”, conta.

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Ao invés de um novo destino, o centro empresarial parou no tempo e logo começou a atrair moradores de rua e ladrões, que chegaram a tomar conta do prédio há alguns anos. “Final do dia era aquela barulheira, cheiro de drogas e se olhasse pelas janelas dava pra ver eles depredando tudo. Levaram cabos, fios, materiais, até não sobrar mais nada”, revela Adriano. E continua. “Tá vendo aquele buraco?” pergunta apontando para uma das paredes do prédio. “A ideia era invadir o estacionamento do mercado ao lado por ali e assaltar os clientes. Sabemos que eles fizeram isso algumas vezes”, afirma.

Foto: Felipe Rosa/Arquivo/Tribuna do Paraná
Foto: Felipe Rosa/Arquivo/Tribuna do Paraná

Para a professora Mônica da Cunha, 41, moradora da região, a falta de segurança chegou a um ponto tão preocupante, que vizinhos e comerciantes das quadras próximas tiveram que se unir em busca de providências. “Nós ficamos cansados de viver com medo e entramos em contato com a administradora do condomínio. Eles vieram, fecharam o lugar e colocaram uma equipe de vigilância não faz muito tempo”, diz. De acordo com Mônica, a situação melhorou, porém está longe da tranquilidade. “Ainda vemos gente usando drogas e dormindo debaixo das marquises, já que não dá mais pra subir ao pavimento superior. Continuamos com medo”, ressalta.

Fim do encanto

Apesar da atual fama de “perigoso”, o complexo comercial teve seus anos dourados. Como conta Regina Verdes, antiga proprietária de uma loja de produtos naturais que funcionava no local. “A gente não tinha do que reclamar. Sempre teve bastante movimento”, afirma. O problema, segundo a lojista, começou depois que o conjunto foi arrendado pelo Banco Bradesco após a falência da antiga administradora, a Consórcio Nasser, em meados de 2007.

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Na época, uma reportagem do jornal Folha de Londrina relatou os problemas enfrentados pelos comerciantes do complexo durante o processo de transição, de um proprietário para outro. Desde falta de manutenção e segurança, até abusos na cobrança da taxa de condomínio. De acordo com o periódico, o prédio enfrentava maus bocados antes de ser totalmente desocupado.

Regina confirma a história. “O banco deixou de cobrar condomínio por um ano e, no final de junho de 2008 cobrou tudo de uma vez, em parcela única. Depois disso ainda reajustaram o valor, alegando que o aumento se devia ao custo da manutenção. Ninguém deu conta de pagar”, revela. A medida provocou indignação entre os lojistas. “Para todo mundo ficou a sensação de que foi de propósito, para esvaziar o prédio mesmo, por conta das questões judiciais envolvendo a alienação do edifício”, afirma.

Foto: Felipe Rosa/Arquivo/Tribuna do Paraná
Foto: Felipe Rosa/Arquivo/Tribuna do Paraná

Enquanto muitos especulavam o que seria feito do complexo, lentamente o conjunto era ocupado pelos moradores de rua. “A expectativa era de que o banco vendesse o espaço. Chegaram a afirmar que uma escola da região construiria um estacionamento no local, mas nada foi feito e acabou virando mocó”, conta.

Futuro

Em visita ao conjunto, a Tribuna encontrou portões fechados e portaria ocupada por três seguranças de um empresa privada. Eles não quiseram conversar com a reportagem. Na quadra de trás do imóvel e debaixo das marquises, porém, cobertores e outros objetos mostram que, mesmo assim, a fachada das lojas ainda é ocupada por moradores de rua.

Procurada pela reportagem, a prefeitura de Curitiba confirmou, por meio da assessoria de comunicação da Secretaria Municipal do Urbanismo que o imóvel integra a massa falida da antiga administradora. A administração municipal informou que uma vistoria será agendada no local para averiguação da atual situação do imóvel.

O Banco Bradesco também foi procurado pela Tribuna. Por meio da assessoria de comunicação a instituição informou que “O imóvel se encontra alugado e a empresa mantém segurança no local, monitorando-o constantemente com vistas a garantir a integridade de suas instalações”. O banco não informou, no entanto, o que será feito no local.

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Onde há fumaça…

Sobre o autor

Maria Luiza Piccoli

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