Curitiba

Onde há fumaça…

Escrito por Luiza Luersen

Com a falta de chuvas nos últimos dois meses, a incidência de queimadas no Paraná teve um aumento considerável em relação ao ano passado. Queimadas colocam motoristas em perigo, aumentam a incidência de doenças respiratórias e devastam a vegetação

A falta de chuva nos últimos dois meses vem prejudicando bastante o Paraná. Associada à baixa umidade do ar, os focos de incêndio em vegetação, se comparados ao mesmo período do ano passado, aumentaram. De acordo com o Corpo de Bombeiros do Paraná, foram registrados 6.092 incêndios em vegetação entre janeiro e 15 de agosto. Em 2017, no mesmo período, foram 4.968 registros. O problema está diretamente relacionado com a falta de chuva no estado – com exceção da região norte -, de acordo com o Corpo de Bombeiros e o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).

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“O clima é um dos principais fatores que podem causar um incêndio. Quando ficamos um longo tempo sem chuva o mato fica muito seco e qualquer foco de incêndio se alastra rapidamente, ao contrário de uma época de chuva, que não acontece essa propagação rápida. Temos outros fatores, mas esse com certeza é um dos mais expressivos”, explicou a capitã Rafaela Diotalevi.

épocas menos chuvosas e que no passado houve praticamente a mesma situação em relação a estiagem, disse o meteorologista Paulo Barbieri.
Julho e agosto são épocas menos chuvosas e que no passado houve praticamente a mesma situação em relação a estiagem, disse o meteorologista Paulo Barbieri.

Em Curitiba, por exemplo, foram 404 incêndios florestais registrados de janeiro até ontem. O meteorologista Paulo Barbieri, do Simepar, explica que julho e agosto são épocas menos chuvosas e que no passado houve praticamente a mesma situação em relação a estiagem. Ele garante que não há motivos para a população se preocupar e acredita que chuva chegue de maneira mais intensa a partir da próxima terça-feira.

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“Nesta época do ano, de fato, acontece isso mesmo e até o final de agosto com certeza teremos chuvas intensas. A região norte foi a única em que tivemos registros de chuvas fortes entre julho e agosto, diferentemente de 2017. No mapa é possível ver essa situação, se você colocar o mapa do ano passado, com o deste ano, o único local em que tivemos grande mudança em relação a chuva no estado foi na região norte. Não há necessidade para preocupação, até porque com a chegada da primavera, daqui um mês, isso deve mudar bastante”, enfatizou.

Além dos fatores climáticos, o Corpo de Bombeiros reforça que alguns casos de incêndio podem acontecer por conta da imprudência de algumas pessoas. O descarte de lixo em terrenos baldios, ou em terrenos repletos de vegetação, pode causar um grande estrago. “Jogar lixo em terreno baldio, por exemplo, às vezes neste lixo tem vidro e com a incidência do sol, pode começar um incêndio. Minha orientação é não iniciar uma queima controlada, que você acha que vai ser controlada, já que às vezes a pessoa quer fazer uma queima no local e esquece que, além de ser crime, pode gerar um desastre”. Outra orientação é em relação a bitucas de cigarro, já que “algumas pessoas fumam ao redor da rodovia, e uma simples bituca pode fazer com que surja um incêndio”, concluiu a capitã do Corpo de Bombeiros.

Foto: Lineu Filho/Arquivo/Tribuna do Paraná
Foto: Lineu Filho/Arquivo/Tribuna do Paraná

Risco pra todos

O risco que as queimadas trazem acaba atingindo todo mundo. No dia 9 de agosto um grande incêndio próximo ao canal extravasor do Rio Iguaçu, ao lado da BR-277, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), tomou conta de uma extensa faixa localizada às margens da rodovia, no bairro Afonso Pena. De acordo com levantamentos preliminares do Corpo de Bombeiros, cerca de 30 mil m2 de mata foram consumidos pelas chamas. Na ocasião, o major Lorenzetto, do 6º GB, explicou que por conta da pouca umidade e o vento constante, o fogo avançou para uma área cada vez maior. “Foi um combate difícil. O risco principal, além da devastação da vegetação, eram algumas residências que havia em dois pontos distintos. Nós protegemos essas residências utilizando água, o que foi possível apenas quando a caloria diminuiu e o vento deu uma trégua”.

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O combate às chamas começou por volta das 18h e durou até próximo das 21h30. Para o controle, foram necessárias oito equipes com 25 bombeiros. Nenhuma casa próxima foi atingida e o incidente não resultou em nenhuma vítima ou dano, além do ambiental. A rodovia não foi atingida pelas chamas, mas nem sempre é assim. O policial rodoviário Tiago Amorim alerta que motoristas devem ficar atentos e comunicar aos órgãos quando avistarem algum foco. “Nas rodovias o telefone mais fácil é o da PRF, 191. O motorista pode ligar e informar o local da queimada, já que dessa forma entramos em contato com os órgãos e solucionamos o problema. É importante essa contribuição para que o problema não se torne maior, faz a diferença esse contato”, relatou.

O policial ainda deu algumas orientações para quem passa por uma situação como esta. “As dicas são parecidas com as condições de neblina, diminuir a velocidade, evitar fazer isso por meio de freada brusca, não parar o carro na pista de rolamento, utilizar farol baixo, porque o alto pode formar uma cortina de luz branca ou cinca na frente. É claro que se o motorista notar um grande incêndio, de longe, deve parar o veículo em um lugar seguro, evitar rodovia, acostamento, e procurar um local seguro para se abrigar e fazer contato com as autoridades, se necessário”, finalizou o policial.

E a população?

Quem sofre bastante com este período de estiagem é a população. Nas últimas semanas, quem é curitibano anda sentindo o impacto do tempo seco quase que literalmente na pele, principalmente quem tem alergias. A reportagem da Tribuna conversou com uma otorrinolaringologista do Hospital IPO e ela relatou que neste ano sentiu uma movimentação ainda maior do consultório. “Nessa época do ano, de tempo seco, sabemos que muitas pessoas sentem a mudança. O nosso nariz precisa estar hidratado, e quando temos o tempo seco acabamos rompendo a primeira barreira de proteção, ficamos mais expostos a vírus e bactérias. Aumenta a sinusite, faringite, otites e uma coisa acaba ocasionando a outra, como a rinite alérgica, porque com o tempo seco temos mais alérgenos no ar”, esclareceu a médica Renata Becker.

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