CIC

Medo do mosquito

Escrito por Giselle Ulbrich

O antigo quartel do Corpo de Bombeiros da CIC, localizado na Rua Arthur Martins Franco, 180, voltou a preocupar os comerciantes e moradores ao redor do terreno. No local há uma piscina de 18×30 metros que vem acumulando água parada e suja. A vizinhança está preocupada com a proliferação do mosquito da dengue.

Após uma matéria da Tribuna há três meses, dizem os moradores, os bombeiros limparam o terreno, esvaziaram parcialmente a água da piscina e trancaram os portões, que estavam abertos ao público. No entanto, o cadeado foi arrebentado por vândalos. Os vizinhos entraram no terreno e constaram a situação crítica da piscina. A reportagem viu a água suja, mas diferente da primeira vez, não estava com mau cheiro nem larvas do mosquito. Mas há diversos outros buracos no terreno, provavelmente cavados para passar manilhas e canos, que estão com água acumulada e risco de proliferação do Aedes aegypti.

Doentes

Foto: Felipe Rosa
Bombeiros fizeram limpeza no local, mas o vandalismo continua na região. Foto: Felipe Rosa

Natália Oliveira, 55 anos, é dona de uma loja de lingeries na região. Ficou doente há algumas semanas e havia suspeita de dengue. Os exames deram negativo para a doença, mas fizeram ela e a vizinhança ficarem mais alertas ainda aos cuidados para evitar a proliferação do mosquito. “As agentes de saúde passam em todas as casas e comércios aqui a cada 15 ou 20 dias fiscalizando”, relata.

A pouco mais de meia quadra dali, na Rua João Bettega, ocorreu a primeira morte por dengue em Curitiba. Acredita-se que José Flausino Gomes, 65 anos, tenha contraído a doença numa viagem de 15 dias que fez ao Paraguai e a Paranaguá. “Mas não dá para ter 100% de certeza que ele pegou a doença fora. A gente cuida aqui em casa, mas como saber se na casa dos outros não tem água parada e mosquito proliferando?”, analisa a nora de José, Aline Portela, 30.

O paciente chegou de viagem numa segunda-feira, antes do Carnaval, já um pouco abatido, mas não quis ir ao médico. Na quinta-feira, tinha muita febre, foi ao médico e um exame confirmou dengue. Na sexta, o homem foi internado e morreu na quarta-feira seguinte, 10 de fevereiro.

Bomba antimosquitos

A tenente Rafaela Beckert, do Corpo de Bombeiros e comandante da subárea onde está o quartel em construção, esclarece que, depois da primeira reportagem alertando para a água parada, providências foram tomadas. Ela revela que, naquele terreno, há um lençol freático muito próximo da superfície, o que faz verter água dentro da piscina. Mesmo que seja esvaziada, a água volta a acumular e não há como drenar. Para evitar a proliferação de insetos, a empreiteira responsável pela construção colocou uma bomba de cloro na piscina, que fica soltando o produto na água e barra a proliferação de larvas do Aedes aegypti.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) explica que a última denúncia que recebeu sobre água parada na piscina foi em dezembro. A limpeza do terreno e a instalação da bomba de cloro, há dois meses, foram acompanhadas e orientadas pela Vigilância Epidemiológica e Sanitária da região. Desde então, não fez mais vistorias no local, porque não é mais considerado um ponto estratégico (com risco de proliferação do mosquito). Curitiba tem 888 pontos considerados estratégicos e que estão sendo monitorados frequentemente.

Foto: Felipe Rosa
Para evitar a proliferação de insetos, a empreiteira responsável pela construção colocou uma bomba de cloro na piscina. Foto: Felipe Rosa

Já a Secretaria Estadual da Saúde informa que apoia as ações do Corpo de Bombeiros. “A bomba foi instalada e para as próximas semanas uma equipe técnica do Estado vai visitar o local para verificar outra ações que podem ser tomadas, garantindo a segurança da população com relação ao Aedes aegypti”, promete, em nota.

Obras serão retomadas

Segundo a tenente Rafaela Beckert, do Corpo de Bombeiros, apesar de estar sendo construído um novo quartel no local, enquanto estiver em fase de obras, a responsabilidade pela construção é do governo estadual, que também é dono do terreno. “É um canteiro de obras do governo do Paraná. Só é quartel quando tiver bombeiros e viaturas dentro. Por isto ainda não respondemos legalmente por aquilo”, ressalta.

A oficial ainda esclarece que a obra paralisou há meses, mas deve ser retomada dentro de uns 15 dias. O contrato com a construtora responsável pela obra sofreu alterações e reajustes e passa pelas etapas burocráticas necessárias para que a construção seja reiniciada. O calendário financeiro da obra está na Paraná Edificações para regularização.

Leia mais sobre CIC

Sobre o autor

Giselle Ulbrich

(41) 9683-9504