Apesar de achar que uma guerra nunca traz boas notícias, os recentes desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia podem resultar na queda do preço do pãozinho e demais alimentos à base de trigo. Isso deve ocorrer pelo fato de que os dois países fecharam um acordo para a retomada da exportação de grãos, incluindo o cereal, produzidos em território ucraniano para outras partes do mundo. No começo deste mês de agosto, navios carregados já puderam transitar no Mar Negro, atracando em portos de diferentes países. A liberação dos portos ucranianos acontece mais de cinco meses após o início da guerra.

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De acordo com a projeção da Safras & Mercado, uma das principais consultorias de agronegócio do Brasil, o trigo pode ficar até 34% mais barato para os consumidores brasileiros ainda em 2022. Isso significa que, confirmando o cenário, o cidadão urbano poderá comprar pão, macarrão, biscoito, bolo e outros tantos alimentos que levam o cereal na sua composição a um valor mais acessível. Somente nos dez dias após a assinatura do acordo de reabertura dos portos, o preço do trigo registrou queda de 17,2%.

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A explicação para a provável queda no preço dos alimentos à base de trigo está no fato de os dois países, somados, responderem por 29% da produção mundial do cereal, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). Ou seja, com os portos ucranianos “liberados”, o trigo vai ganhar o mundo e chegar ao Brasil, para abastecer as indústrias nacionais, que, em 2021, importaram 6,2 milhões de toneladas do cereal. Considerando a velha máxima da lei da oferta e procura, mais trigo no mercado global significa preços mais acessíveis.

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Lá em fevereiro, dias antes da já anunciada invasão da Ucrânia pela Rússia, que resultaria no conflito bélico que segue até hoje, a coluna publicada no dia 10 trouxe a informação de que o pão nosso de cada dia iria ficar mais caro. O fato se concretizou, infelizmente. Dependendo da região do país, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria, o preço do quilo do pão foi reajustado entre 12% e 20%.

Olho vivo

Ainda existem algumas incertezas em relação a “prorrogação” desta queda no preço do pão para o próximo ano (2023). Isso porque o trigo que está sendo escoado pela Ucrânia foi produzido na safra passada. Ou seja, plantada, com garantia de insumos, antes do início o conflito.

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Enquanto você lê essa coluna, a Ucrânia se prepara para o começo da safra 2023, com o plantio programado nos meses de setembro e outubro. Existem incertezas se os insumos, como sementes e fertilizantes, vão desembarcar na Ucrânia na quantidade necessária. E, principalmente, se a logística local, combalida pelos efeitos da guerra, vai permitir o escoamento até os produtores rurais, para que esses apliquem nas lavouras.

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Como destacado no começo deste texto, guerras não trazem boas notícias. Essa questão da retomada da exportação do trigo ucraniano é um pequeno alento em meio a uma guerra e seus reflexos negativos. Com ou sem alta no preço do pão, notícia boa é o fim deste conflito bélico.

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