Coxinha pequena, sabor gigante: boteco de Curitiba recria clássico

Foto: Eloá Cruz.

Todo mundo conhece um amigo que alguma vez sonhou em ter um bar, abrir ‘uma portinha’. Desta vez, o publicitário João Gabriel Pereira da Silva, de 34 anos, tirou a ideia da cabeça e apostou no sonho. Ao passar pela Alameda Augusto Stellfeld, no Centro de Curitiba, achou que o ponto fosse legal para abrir um botequinho honesto. “Acho que eu precisava abrir um bar para mim mesmo. Eu estava órfão de bares. Queria um lugar simples, tranquilo, não um ‘gastrobar’, mas um lugar não muito grande, confortável, que seja barato”, conta João.

A partir desse sonho, em maio de 2023 nasceu o Boteco Bentevi. O conceito é simples: o básico bem feito. E isso não significa que seja simplório ou ‘xexelento’. João fez sociedade com uma amiga, encontrou algumas pessoas que topavam investir na ideia, fez um empréstimo e a ideia aos poucos foi criando forma. Com o aluguel pago, o conceito do bar foi nascendo.

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Oito meses depois, João e a sócia estão super felizes com a evolução do Bentevi. “Não esperava que fosse um sucesso tão grande. A gente achou que fosse demorar mais para cair no gosto do pessoal. As pessoas estão falando, a ideia foi crescendo, dá um orgulho. Estamos fazendo algo legal”, comemora.

Como em todo bom bar e boteco, sempre tem aquele lanche, sanduíche, petisco que conquista a turma, para acompanhar a gelada. No Bentevi, o sucesso da casa é a porção de coxinha super crocante (R$ 22). No cardápio, a pequena descrição: “a melhor coisa que você já comeu na vida. Sério”.

Coxinha do Boteco Bentevi. Foto: Eloá Cruz.

A curiosidade do Rango Barateza bateu bem no estômago. Quase como um desafio aceito, a porção de coxinha de frango chegou poucos minutos depois que fiz o pedido. São seis coxinhas (aproximadamente 250g) feitas de um peito de frango suculento, bem temperado, desfiado na medida. Na ousadia, não tem massa. O frango é diretamente empanado com uma generosa camada de farinha panko, o que deixa o petisco bem crocante.

Colocada estrategicamente como a última opção do cardápio, a porção das saborosas coxinhas rapidamente se tornaram o carro-chefe da casa. Estranho seria se elas não fossem. O preço é honesto e o sabor digno de um ‘gastrobar’, mas sem toda aquela firula. Para completar, um molho de pimenta caseiro, que dá todo charme.

“O cardápio nasceu meio junto com o bar. Fizemos algumas alterações ao longo do tempo, mas digamos que 70% dele é de pratos e opções de quando a gente abriu. A coxinha é o nosso carro-chefe. Teve até um dia que dois caras vieram no bar, e ali conversando, pediram uma porção. Depois pediram outra, e mais outra. No fim da noite, ele até me disse ‘não me julgue, vou querer mais uma coxinha’. Foram quatro porções para dois, ficaram se deliciando”, lembra o empresário.

Difícil dizer que a coxinha do Bentevi será a melhor que você vai comer na vida, mas com certeza será memorável. A fritura sequinha e bem crocante se repete em outras porções do cardápio. Tem também bolinho de arroz (R$ 15), petisco vegetariano que lembra muita versão que a avós fazem em casa, batatinha frita (R$ 18), bolinho de mandioca com linguiça blumenau (R$ 22), e o concorrente da coxinha, o croquete de cupim, empanado e fritinho (R$ 24).

Entre os sanduíches, outro clássico de boteco: sanduíche de pernil (R$ 25) servido no pão bolinha. Desta vez, o Bentevi resolveu criar uma nova versão. “O pernil é desfiado e cozido com anis, erva doce, pimentas. A carne vai no pão sem maionese, sem queijo, só com o próprio molho da carne, que chega a ficar quase doce. As especiarias dão uma quebra boa no sabor”, revela.

Cerveja gelada e bons petiscos

Quando o Bentevi nasceu, duas coisas não foram poupadas de economia: um bom freezer e equipamentos de cozinha. “Compramos um freezer novo para gelar bem a cerveja e equipamos a cozinha. Coifa, fogão. Um bom bar precisa de uma comida legal. E foi com essa fórmula que a gente deu certo. Cerveja boa, preço justo e uma comidinha legal. Tem o atendimento também, sou falador, muito aberto, e minha sócia também é assim. A gente tem isso como um tópico principal, ter um atendimento massa, que faz diferença”, comenta João.

Quando o Bentevi nasceu, a proposta era de que o boteco tivesse uma alma brasileira. Por isso, o nome surgiu de um pássaro popular e com canto bem característico. “É um passarinho que sempre está feliz, sempre cantando de manhã, um canto legal. Traz uma certa simpatia. A gente desenhou ele, fez a logo e ficou legal”, explica.

É boteco, é democrático

A informalidade do Bentevi deixa o boteco democrático. Dá para sentar na mesa, ou ficar pela calçada. Pedir um sanduíche, ou uma porção para dividir com os amigos, um tiragosto, amendoim, uma conserva. Não há regras definidas. Vá logo depois do trabalho, ou um pouquinho mais tarde. “É um bar confortável para todos os público, todos são respeitados. Não é vegano, mas tem opões veganas, não é LGBT, aceita todos, sem diferenças. A gente quer é que todo mundo seja agraciado”, destaca.

Além das cervejas, o bar também conta com uma pequena carta de drinks clássicos e acessíveis. Negroni, mimosa, gin tônica, aperol spritz. Os valores variam de R$ 20 a R$ 26.

*Os valores do cardápio divulgados no post são de janeiro de 2024 e podem sofrer alterações.

Boteco Bentevi

O Boteco Bentevi abre quartas e quintas das 18 às 23 horas, sextas das 18 até 1 hora e sábados das 17 até meia-noite. Fechado às segundas, terças e domingos. Fica na Alameda Augusto Stelfield, 791 – Centro. Não realiza delivery.

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