Costela do Gato Preto domina a madrugada de Curitiba: famas e lendas

costela gato preto
Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Peço desculpas logo, porque sei que vou fazer você sofrer nos próximos minutos. Detalhar o sabor de uma boa costela suculenta, macia, acompanhada de uma boa farofinha, batata frita e maionese é tortura na certa. Não importa o horário, se é de manhã, tarde, madrugada. Profissionais da saúde podem até torcer o nariz, mas uma boa costela assada sempre cai bem.

Duvida? Esse é o segredo – ou talvez um dos segredos – da costela do Gato Preto, uma das mais queridas e tradicionais de Curitiba. Há 44 anos, o lendário Gato Preto, que fica na Desembargador Ermelino de Leão, serve carne assada e grelhada das 18 às 7 horas da manhã. Não há como falar de baixa gastronomia curitibana sem sequer citar Gato Preto. Ele precisa estar no nosso arquivo especial do Rango Barateza.

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Quem conta um pouquinho da trajetória do restaurante é Natal Santos, Seu Natal, proprietário do restaurante há mais ou menos 30 anos. Ele revela o que garante o êxito no negócio: “é a única casa que tem som ao vivo, diversão e boa comida a noite toda”, confidencia.

A costela do Gato Preto é icônica. Se você ainda não experimentou o famoso prato curitibano, atente-se aos detalhes: costela desmanchando, acompanhada de arroz, fritas, maionese, saladinha de tomate, alface e cebola, mais a farofa. O prato completo (R$ 145) serve bem quatro pessoas – ou até mais. Pode também servir apenas três com muita fome. Se dividir bonitinho, fica uma faixa de R$ 36 por pessoa. Para uma boa costela, o valor é justo.

Qual é o segredo da Costela do Gato Preto?

Por que a costela faz tanto sucesso? É trabalho de paciência, muita paciência. Seu Natal explica que a carne demora pelo menos umas sete horas para ficar pronta. E ela não é só assada, não. “Eu acompanho o preparo diariamente. Ela vai para caldeira, onde é pré-cozida. Passa seis horas nessa caldeira, depois vai para a fritadeira e forno”, revela o proprietário. Por semana, o restaurante vende em média 1,2 mil quilos só de costela.

Mas não só de costela vive a fama do Gato Preto. A casa ainda recebe muitos pedidos de Mignon recheado com acompanhamentos (R$ 170), pizzas (a partir de R$ 48) e lasanhas (a partir de R$ 52). No inverno, uma boa pedida para quem curte algo mais exótico é a famosa sopa de bucho, ou dobradinha, da casa (R$ 42). “Tem gente quem vem só pra comer a dobradinha”, garante seu Natal.

Carne vai para caldeira, onde é pré-cozida. Passa seis horas nessa caldeira, depois vai para a fritadeira e forno. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Gato Preto: um portal para viajar no tempo

Entrar pela porta do Gato Preto na madrugada, garante uma boa viagem no tempo. Se você visitou o restaurante 10, 20 anos atrás, vai entender o que estou dizendo. O Gato Preto continua o mesmo. Mesma decoração, som ao vivo com teclado, mesmo tempero, mesmo sabor da maionese, da costela.

“É a tradição que a gente mantém, que a gente cuida. Da qualidade para permanecer como ela era, não deixar perder qualidade em nada (…). Eu viajo de vez em quando, encontro clientes em várias cidades, no Rio de Janeiro, no Sul da Argentina, até em Portugal, Espanha. As pessoas dizem, ‘como vocês conseguem manter a mesma costela, o mesmo atendimento?’, com cuidado é possível”, diz Seu Natal.

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Aberto todos os dias, de segunda a segunda, 365 dias no ano, o Gato Preto tem uma clientela, digamos assim, bem democrática. Artistas, políticos, estudantes, pessoal que saiu da balada, famílias, garotas, garotões, mocinhas, moçoilas, menines. Entre tantos frequentadores da costela do Gato Preto, um deles foi o responsável pelo surgimento da grande lenda do Gato Preto.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Pensando bem, nem é lenda. A situação de fato aconteceu, garante Seu Natal. O cantor espanhol Julio Iglesias, numa das suas passagens por Curitiba, foi tomar uma cervejinha no Gato Preto, acompanhado de um pequeno grupo. “Um músico estava cantando, nos teclados. Julio Iglesias foi lá, resolveu cantar e pediu uma nota. O músico estranhou, ‘quem canta nessa nota é só o Julio Iglesias’. O Julio, ‘mas eu sou o Julio Iglesias!’. O músico não acreditou”, recorda.

O eterno galã latino estava hospedado no Hotel Bourbon, que fica ali pertinho, na Cândido Lopes. “Os seguranças, que eram muitos delegados de Curitiba, vieram buscar ele depois”, relembra Seu Natal. Foi aí que a ficha do músico caiu.

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Seu Natal garante que pelo menos quase toda semana algum artista de sucesso, de novela, televisão, teatro, cantor sertanejo, dá uma banda pros lados do Gato Preto. Restaurante simples, honesto e muito querido na capital. Fica aí mais uma dica pra vocês!

Ficou com vontade da costela do Gato Preto?

O restaurante fica localizado na Rua Desembargador Ermelino de Leão, 241 – Centro. Aberto todos os dias, das 18 às 7 horas da manhã. Reservas pelo telefone (41) 3225-5717.

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