Dia da Mulher: criar um filho não machista, um irmão e companheiro de luta

Laura de Oliveira Klisiewicz

Todo homem nascido e criado no Brasil é um machista por formação humana. No meio do caminho da vida, a partir da chegada do discernimento, cabe a nós, homens, começar o processo de desconstrução desse machismo e trabalhar o resto da vida para combatê-lo (em nós e nos outros homens ao nosso redor).

É o que pretendo ensinar para este carinha aí.

Quando descobrimos que minha esposa, Beatriz, estava gravida novamente e seria uma menina, a irmã do Bernardo, meu coração se encheu de alegria. Sempre sonhei em ajudar a criar uma mulher forte, que enfrente a sociedade tendo o respeito e a igualdade como bandeiras. Agora poderei entrar de vez nessa briga.

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Com o Bernardo, a missão é mais difícil ainda, pois criar um homem não machista no nosso mundo é MUITO difícil. Tudo conspira para que ele seja mais um, mas eu e a mãe dele trabalhamos muito para que isso não aconteça. Espero que nosso esforço transforme o Bernardo em um defensor não só da irmã, mas das bandeiras da igualdade e do respeito que tanto acreditamos.

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Quando parte das pessoas que nos rodeiam souberam que a Laura estava a caminho, comentários do tipo: “Agora vai pagar seus pecados, hein?” surgiam com frequência… dou risada deles e tenho a consciência tranquila, já que respeitei as mulheres em todos os meus relacionamentos. Boa parte da minha vida foi rodeada por mulheres incríveis. Sempre tive mais amigas do que amigos, me sinto muito bem com elas. Tenho amigas/irmãs há pelo menos 30 anos.

Já tive comportamentos machistas mais evidentes. Eu fui aquele cara que disse, ao saber que um amigo teria filhas mulheres, coisas do tipo: “Ah, agora voce vai ser fornecedor, hein”. Que pensamento escroto. Me desculpem, amigos, pela minha ignorância!

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Também já tirei “sarrinho” das mulheres grávidas próximas a mim e suas “frescuras”, mas hoje tenho uma noção bem mais ampla e precisa do que é estar grávida. Não porque engravidei, apesar da vistosa pança que ostento há bastante tempo, mas porque não sou idiota. Basta ter o mínimo de noção e atenção à nossas parceiras para entender o quão complexo e difícil é gerar uma outra vida.

Não fazer pouco caso disso, se esforçar para dar todo o suporte necessário (de uma massagem nos pés cansados, até acumular serviços domésticos e caprichar nos mimos) é o mínimo que devemos fazer. Isso é respeitar sua companheira de vida, isso é respeitar as mulheres.

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Nunca fui perfeito, mas mudei e me esforço todo o dia para continuar esse processo de desconstrução. Os tempos mudaram (ainda bem) e não ter isso fresco na mente, não encampar esta luta contra o machismo, é quase um desvio de caráter. Ninguém é menos homem por respeitar, ser fiel, por exaltar nossas mulheres.

Homens, evoluam. Mulheres, sigam firmes.

Feliz Dia das Mulheres. Que o mundo seja mais gentil para a sua chegada, Laura. E se ele não mudar por bem, conte comigo para entrar nessa guerra contra o machismo!

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