“Não saber o que quer” é um veneno que nos mata lentamente

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No fantasioso conto “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carroll, há uma passagem que sempre me chamou a atenção. Em um momento do conto (que depois deu origens a filmes, desenhos e animações), Alice pergunta ao Gato: “qual caminho eu devo seguir?”. O Gato responde: “isso depende do lugar para o qual você quer ir”. Alice completa: “realmente não importa”, ao que o Gato, finalmente, retruca: “então não importa que caminho tomar”.

Esse diálogo pode parecer à primeira vista non-sense ou de pouca importância, ainda mais quando consideramos o contexto da obra no qual ele está inserido. Entretanto, o mesmo esconde uma metáfora importante e valiosa: se você não sabe qual é o seu objetivo, pouco importam os meios. Em outras palavras, nossa atenção não deveria estar voltada a como atingir objetivos, mas, antes disso, deve estar voltada à definição dos objetivos.

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Conheço pessoas que iniciam diversas empreitadas, agarrando as oportunidades que se mostram fáceis ou convenientes em determinado momento. Quando adversidades aparecem no caminho destas pessoas (e elas sempre aparecem no caminho de todos nós!), ou quando novas oportunidades ou situações de vida surgem, as empreitadas iniciais são abandonadas sem terem sido concluídas, ou sem ter resultados consistentes.

É um pouco daquela filosofia atrasada do “deixa a vida me levar”, tão presente entre os brasileiros. Chamo de atrasada porque as pessoas que vivem sob este mote, além de dificilmente alcançarem sucesso e progresso, também não se mostram satisfeitas ou felizes – parece que a felicidade está logo ali, sempre escondida atrás do próximo projeto que será iniciado, e este ciclo se repete indefinidamente.

Estas pessoas estão por aí, começando vários cursos e abandonando-os pela metade. Saltando de relacionamento em relacionamento, numa espécie de busca cega por alguém ideal que trará o conforto de que precisamos. Mudando de emprego e até mesmo de cidade a cada ano, justificando a falta de consistência com uma suposta busca por “novas experiências”. Não escrevo estas linhas para parecer julgador, porque este não é meu objetivo. Pelo contrário, eu gostaria de ajudar as pessoas que passam por estas dificuldades – algumas, inclusive, são amigos próximos e familiares.

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O fato é que, antes de percorrermos qualquer caminho, devemos ter uma boa noção de onde este caminho pode nos levar. Não faz sentido aplicarmos as técnicas de gestão de tempo que ensinamos no nosso blog se estamos marchando na direção errada, isto é, numa direção que não nos trará satisfação e realização. O máximo que vamos conseguir é chegar mais rápido no destino errado para, então, percebermos que deveríamos ter mudado de rota há algum tempo (quem conhece minha história pessoal, sabe que eu mesmo já passei por isso).

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Portanto, se você se identificou com a descrição que fiz nos parágrafos anteriores, não se desespere! Você não está sozinho e suas dificuldades têm solução. O primeiro passo é criar um tempo na rotina para fazer uma reflexão sincera. Mas cuidado, este primeiro passo, apesar de ser primordial, nem sempre é fácil de ser dado. Muitas vezes não estamos satisfeitos com a situação na qual nos encontramos mas, embora percebamos isso, temos uma rotina tão conturbada que não conseguimos reservar um tempo para uma reflexão de qualidade. Se este for o seu caso, recomendo que reserve algumas horas do seu final de semana para fazer isso, num momento que você saiba que estará descansado e com o humor neutro.

Depois de reservar este tempo, você deve parar para pensar:

– O que você realmente quer para você?

– O que você gosta de fazer?

– O que você detesta fazer?

– O que você suportaria fazer por um tempo para atingir um objetivo maior?

Muitas pessoas perseguem cegamente o dinheiro, a fama, algum relacionamento, um casamento, algum cargo ou emprego, um intercâmbio, uma vida no exterior, até mesmo a aposentadoria. Será que é realmente isso que elas querem ou precisam? Será que é isso que, finalmente, trará a satisfação? É triste constatar, mas, na maioria das vezes, não.

O teste

1º passo

Talvez a forma mais fácil de responder a estas perguntas seja através de um exercício de imaginação e visualização: como seria a vida ideal para você? Descreva um dia da sua vida ideal – mas lembre-se, um dia comum, como qualquer outro, e não um dia exótico ou de euforia, como quando temos uma festa ou estamos viajando de férias. Como você ocuparia seu tempo da forma mais satisfatória possível, em um dia comum da sua vida? Para algumas pessoas, escrever em uma folha de papel pode ajudar a determinar estas visões mais claramente.

2º passo

Depois de ter respondido a estas perguntas da forma mais sincera possível, vem o segundo passo:

– O que você pode fazer para atingir estes objetivos?

– Qual rumo devemos tomar?

– Precisamos de alguma mudança na nossa trajetória, como começar um curso novo, desenvolver novas habilidades, mudarmos de emprego ou até mesmo mudarmos de endereço?

Autoconhecimento é importantíssimo. Não seja como boa parte das pessoas, que age primeiro para pensar depois. Quando você souber o que você realmente quer e traçar um plano para chegar lá, tudo fica claro. Neste momento, agir torna-se muito mais fácil, porque o simples fato de sabermos que estamos marchando na direção correta nos dá a motivação para continuarmos adiante. É aqui que todas as técnicas de gestão de tempo devem entrar em jogo, para acelerar ainda mais as suas conquistas.

Para finalizar, reitero mais uma vez: saber onde se quer chegar vem antes da gestão de tempo. Administrar o tempo é uma habilidade extremamente útil, mas ela só pode nos ajudar se, primeiramente, tivermos certeza de onde queremos chegar. Portanto, o caminho mais rápido para perder tempo é este: tomar ações que não estão alinhadas com seus objetivos. Fuja dele o quanto antes!

 

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