Educação contra o estupro

Manifestante participa de ato contra cultura do estupro, na Igreja da Candelária, centro da capital carioca em junho deste ano./Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Para 91% dos brasileiros, é necessário educar melhor os meninos e ensiná-los a não estuprar. É o que revelou a pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública ao Datafolha no mês de setembro. Estamos no caminho certo. É uma ponta de esperança para modificarmos a Cultura do Estupro, criada por um discurso social, que na minha visão otimista pode ser desfeito, uma vez que é fruto de um elemento/comportamento cultural.

E como desmistificar a Cultura do Estupro? Primeiramente identificando que o abuso e o estupro estão “naturalizados” no dia a dia. Um pequeno exemplo que demonstra a cultura do estupro enraizada é aquela “cantada” que muitas vezes incomoda e constrange a mulher. Não é um elogio, mas uma forma de assédio que expõe o corpo da mulher para ser avaliado.

Ainda neste sentido, é possível citar o julgamento do comportamento da vítima, que a expõe com base em ideias machistas como a roupa, o horário que ela estava na rua e até mesmo sua vida sexual. Assim, o ato do abusador é relativizado e o foco gira em torno da culpabilidade da vítima, que acaba exposta como se o corpo dela fosse público e ela não tivesse o direito de ser livre.

Temos que permanecer atentos a essa realidade, pois está muito próxima de todos nós. Ela traz junto a homofobia, a questão religiosa, a sexista, entre outras. A ideia de que a menina deve ser passiva e o menino dominador precisa ser desconstruída, enquanto as noções de consentimento e de como identificar a violência sexual necessitam ser compreendidas.

A conclusão da pesquisa Datafolha pontua muito bem um elemento fundamental para alterar a cultura machista e ensinar as crianças a compreenderem o que é um abuso e quais os limites de cada um: “Uma educação sobre igualdade tem potencial para alterar a cultura machista que perpetua a violência contra a mulher”.

Maria Letícia Fagundes

Voltar ao topo