Durante a pandemia eu disse adeus às tinturas. Desde a minha juventude vinha pintando o cabelo, fazendo luzes ou algum outro procedimento e utilizava produtos que de certa forma me escravizavam.

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Confesso que o início não foi fácil. O dia 1 que a gente decide nunca mais pintar os cabelos é desafiador. A gente só enxerga toda a caminhada pela frente. Mas é o primeiro passo. Por estar em home office foi mais fácil, pois o isolamento físico não exigia produções para festas e eventos, por exemplo. O cabelo foi crescendo e investi em um corte mais curto, eliminando boa parte da tinta com a tesoura. O tempo estava a meu favor.

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Posso dizer que dois anos foi o período que durou para que toda a tinta saísse e eu me declarasse completamente liberta das tinturas.

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Entretanto, isso não quer dizer que não me cuido. Muito pelo contrário, escolho melhor os produtos que coloco em contato com meu corpo. Estou bem feliz com o resultado, embora algumas vezes ainda escute: “Ana, jogue uma tinta nesse cabelo – um loiro – você vai parecer mais jovem”. Não dou nem bola. Sigo confiante e feliz dando mais um passo alinhado com a causa que escolhi abraçar.

Veja como ficou!

E qual a relação com o meio ambiente?

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Quando abraçamos nossa jornada de transição capilar para o cabelo grisalho, não estamos apenas celebrando nossa autenticidade, mas também fazendo uma escolha mais amiga do meio ambiente. Além dos benefícios para a autoestima e identidade, essa jornada também pode ter vantagens ambientais consideráveis.

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A cada ano, toneladas de produtos químicos tóxicos presentes em tinturas de cabelo poluem rios e oceanos, prejudicando nossa fauna e flora. São alguns deles:

  1. Amônia: Presente em muitas tinturas capilares, a amônia é usada para abrir as cutículas do cabelo e permitir que os corantes penetrem mais profundamente. No entanto, a exposição repetida à amônia pode causar irritação na pele, olhos e vias respiratórias, podendo levar a problemas de saúde a longo prazo. Além disso, a liberação de amônia no meio ambiente durante o processo de fabricação e descarte pode contribuir para a poluição do ar e da água.
  2. Parabenos: Utilizados como conservantes em muitas tinturas, os parabenos têm sido associados a possíveis riscos para a saúde, incluindo desregulação hormonal. Essas substâncias químicas podem entrar no corpo através da pele e, uma vez descartadas nas águas residuais, podem contribuir para a contaminação ambiental, afetando organismos aquáticos.

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  3. Resorcinol: Responsável por ajudar na fixação da cor, o resorcinol pode causar irritação na pele e nos olhos. Além disso, existe preocupação sobre seus efeitos potenciais como disruptor endócrino. No meio ambiente, o resorcinol pode persistir na água e no solo, afetando ecossistemas aquáticos e terrestres.
  4. Peróxido de hidrogênio: Também conhecido como água oxigenada, o peróxido de hidrogênio é frequentemente usado em tinturas para clarear o cabelo. No entanto, pode causar irritação na pele e nos olhos. Quimicamente instável, o peróxido de hidrogênio pode se decompor em substâncias prejudiciais quando liberado no meio ambiente, contribuindo para a poluição da água.

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  5. Ftalatos: Encontrados em algumas tinturas capilares como fragrâncias, os ftalatos têm sido associados a problemas de saúde reprodutiva e endócrina. A exposição a essas substâncias pode ocorrer através da pele e do sistema respiratório. Quando lavadas, as tinturas que contêm ftalatos podem liberar essas substâncias nas águas residuais, contribuindo para a contaminação ambiental.

Optar pelo grisalho é também um ato de responsabilidade ambiental.

Ao abraçar e cuidar dos cabelos naturais, podemos desempenhar um papel ativo na redução do impacto ambiental associado aos padrões convencionais de beleza, promovendo uma abordagem mais saudável e sustentável para a nossa própria beleza e para o planeta.


>>> Eu sou Ana Zattar e comando o perfil @anacatacomigo no Instagram, que traz dicas de sustentabilidade e educação ambiental.