Rumo da felicidade

O Athletico Paranaense faz 95 anos de vida. Está rico e vive intensamente. Já esteve pobre e, às vezes, quase falecido.

Certa vez já escrevi: pelo Athletico agora exibir a sua grandeza, um fato antigo torna-se ainda mais precioso.

Armando Jorge de Oliveira Carneiro foi um grande magistrado. Desembargador, foi presidente do Tribunal de Justiça do Paraná. Para atender o seu amor pelo Athletico, o que parecia pouca coisa, tinha para ele o significado de vida eterna.

Então aconteceu o fato. Seu filho Carneiro Neto, retornando para a residência da rua Almirante Tamandaré, depois de narrar um jogo na Baixada, perguntou-lhe: “Pai, gostou do Atlético?”. Com a sua resignada alma de atleticano, o doutor Armando respondeu: “Não sei do resultado, meu filho. Desligo o rádio, depois de ouvir você anunciar: ‘O Furacão entra em campo saudado por sua torcida’. Já estou pleno de felicidade”.

O atleticano continua assim. Por mais que a geração Arena da Baixada tenha crescido exigente por ser educada com as coisas materiais (estádio, dinheiro e títulos), é o seu amor que faz o Athletico ser grande. Se perdeu, recorre ao consolo que, em “Pontes de Madison”, Clint Eastwood dá a Meryl Streep, que diz ter sonhado com um amor que nunca teve:

“Os velhos sonhos, eram bons sonhos. Não se realizaram, mas estou feliz por tê-los tido”.

É possível que os atleticanos passem de pai para filho a lição do poema de Fernando Pessoa:

“Não importa se a estação do ano muda, se o século vira, se o milênio é outro. Se a idade aumenta, Conserva a vontade de viver, não se chega a parte alguma sem ela”.

Sem saber bem escrever, copio Drummond (Rumo da Felicidade) e homenageio o Athletico:

“Para você, desejo o sonho realizado. O amor esperado. A esperança renovada. Para você, desejo todas as cores desta vida. Todas as alegrias que puder sorrir. Todas as músicas que puder emocionar. Desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida. Gostaria de lhe desejar tantas coisas. Mas nada seria suficiente… Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos. Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo da sua felicidade”.

Essa coluna é uma homenagem a todos os atleticanos.