Maracanaço do Furacão

Foto: MAGALHÃES JR./PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Se não conhece bem a história, já ouviu falar em Maracanazo. Então, bem resumida, lembremos. Na final da Copa do Mundo de 1950, 200 mil brasileiros foram ao Maracanã ver o Brasil decidir com o Uruguai. Com a vitória por 2 a 1, os uruguaios ganharam a Copa do Mundo, provocando a crônica irônica dos jornais de língua espanhola: Maracanazo.

Essa expressão ingressou com tanta intensidade na literatura esportiva do Brasil, que foi adotada como nova expressão (neologismo) para evocar uma vitória que a maioria a coloca no campo do improvável.

1950 passou 49, estamos 2019. Não era a Seleção do Brasil. Nessa época em que a pátria “não veste” mais chuteiras, era mais importante do que a Canarina: o Flamengo, a maior paixão brasileira, clube de 7 entre 10 torcedores, o mais rico e o mais protegido do Brasil. Embora modernizado, era no mesmo Maracanã, que de tão entupido de gente, não tinha espaço para um único respiro dos 70 mil flamenguistas.

O Maracanã sonhava Flamengo, cantava Flamengo, suava Flamengo, era Flamengo no corpo e na alma. Era só Flamengo, que o Athletico Paranaense foi transformado nos uruguaios de 1950, simples figuras de decoração para uma grande festa.

Sem precisar copiar a história da Celeste, por ter história própria, o Furacão calou o Brasil: quase chegando à perfeição no jogo jogado (1 a 1), foi para a decisão por pênaltis inteiro técnica, física e psicologicamente. Bem por isso, ganhou com sobras, sem nenhum trauma: 3 a 1.

Havia escrito que para passar o Flamengo, diante do ambiente eletrificado que torcedores e mídia carioca criaram, o Athletico só tinha uma maneira de ganhar: fazendo um jogo perfeito ou pelo acaso, isso se ele não se vendesse.

Já se sabe que as condições estruturas do time foram rompidas com a venda de Lodi. O que era armado pela esquerda, agora, é pelo meio com Nikão. Mas com a alma rubro-negra não tem limites, arrumou as arestas, e então o Furacão, pelas circunstâncias, foi excepcional. No jogo jogado, empatou com a autoridade. E por ter terminado melhor, foi inteiro para os pênaltis e ganhou.

Foi o Maracanaço que o Furacão arrumou para os cariocas. Bruno Guimarães e Santos foram os monstros do Maracanã.