A desgraça une os coxas

Foto: Rodrigo Cunha/Tribuna do Paraná

Por orgulho, às vezes, não as aceitamos. Mas, há um momento em que não podemos mais evitá-las. Mais tarde, somos obrigados a agradecer a vida pelas lições que nos dá. Quantas vezes tomamos o rumo certo das coisas, em razão de lições indesejadas. 

No futebol não é diferente da vida.

Um dia desses, a Justiça do Trabalho recusou uma proposta de insolvência trabalhista do Coritiba. Ironizada pelos rivais, acabou humilhando o grande clube. Não pela recusa do ato, que pode até ser refeito, mas pela exposição de sua vida financeira degradante, consequência de anos de administrações pródigas. 

Houve uma consequência no espírito das coxas. Dela, surgiu um fato, que pode resultar em um benefício, que o ato judicial não iria oferecer.

Revelando espírito de renúncia próprio de idealistas, o presidente Samir Namur, representando o G-5, propôs uma imediata união à chapa “Coritiba Ideal”.

Independente de eleição, o grupo de Follador,já passaria a ter influência imediata da administração do clube. É considerada a hipótese de antecipação das eleições. Já há até conversas com pessoas influentes no Conselho Deliberativo e na torcida, como Jamil Bufara e Luiz Henrique Jorge, o popular “Espeto”.

Não só tem sentido a ideia, como é necessária a sua materialização. A pandemia estrangulou o calendário esportivo e político dos clubes. No caso do Coxa, a diretoria eleita em novembro só assumirá no início de dezembro. À essa altura, já terá sido jogado mais do que a metade do Brasileiro. É razoável adotar a premissa que, em razão da situação financeira presente e imediata, o Coritiba estará em desconforto na tabela.

Não se exige dos integrantes do “Coritiba Ideal” nenhum heroísmo. O idealismo, quando existe em estado puro, não tem momento exato para ser exercido. Se a atual diretoria se mostra fragilizada para superar a situação atual (sempre repito, não está na sua conta histórica), entendo que o grupo de Follador não só deve, como tem a obrigação de atender esse apelo. Assumindo em dezembro com o clube esfacelado técnica e financeiramente, qualquer projeto futuro, irá sofrer um abalo.

Não seria uma união política, mas institucional.

Paraíso

Recolhido lá no CT do Ninho da Gralha, sem pagar regularmente os profissionais (jogadores e funcionários), sem pagar credores, parece esquecido pelo mundo. O Paraná está levando a vida que pediu a Deus.