Imitação da vida

Ninguém escreve melhor sobre futebol do que os jornalistas argentinos. Jogam com as palavras. Exploram o coração. Armam-se com os sentimentos. Quando é para expor uma perda, então, parecem escrever com lágrimas.

Agora mesmo, dramatizam as derrotas do River Plate. Seu presidente, repatriando o ídolo Gallardo e o chileno Marcelo Salas, prometeu um time de “outra galáxia”. Suas derrotas coincidem com as vitórias do grande rival Boca.

Inconformado com esse estado do seu River e do Boca, escreveu Martin Eula, no “Olé”: “?Donde estás galáctico de mi vida que no te puedo encontrar? River sufre: le faltan juego, decisión, manejo, cambio de ritmo, sorpresa y capacidad para absorber golpes. E Boca vive.”

Como gostaria de escrever como os argentinos. Mas não consigo e não sei explicar por que. Nada me falta: tenho coração e sentimentos. Desconforto igual a Martin, também.

Professor

Mário Sérgio Pontes de Paiva diz que quem manda é ele. Mandou um recado aos comentaristas de rádio e televisão, que já adotaram como sistemática, censurá-lo pela rotatividade de jogadores e esquemas no comando do time do Atlético.

Encontro duas situações que embora de natureza distinta em razão das funções, são indissociáveis. A primeira é o papel do crítico. Ele procura conciliar o seu conhecimento à situação de fato que ocorre no jogo. Pode até estar errado (e muitas vezes está), mas desde que não seja um critério pessoal, está exercendo um direito.

A outra situação é a de Mário Sérgio. Ninguém pode negar-lhe uma ilimitada cultura tática e individual para tratar de futebol. No seu trabalho não existe o querer de mudar apenas para mostrar autoridade. Seria banalizar os seus indiscutíveis conhecimentos e a sua proposta de trabalho. Muda, porque tendo o alcance de virtudes e defeitos dos jogadores, obriga-se a trabalhar de acordo com as circunstâncias.

Além do que Mário Sérgio pegou o bonde parado. Quebrado. Um time sem personalidade, desconfiado, inseguro e sem a mínima condição física e emocional. Por isso, a improvisação é inevitável.

De primeira:

Um assunto profissional levou-me a Giovani Gionédis, presidente do Coritiba. Durante duas horas ouvi, li e vi o inventário do clube. Por uma questão ética não posso publicar. Fui como advogado e não como jornalista. Mas resumo no seguinte: a campanha do Coritiba neste campeonato ganha ainda mais valor.