Fator Baixada

Jorge Wilstermann é considerado o “pai da aviação” dos bolivianos. Festejado como primeiro piloto comercial da Bolívia, acabou sendo homenageado como nome do time de Cochabamba. O nome para time de futebol é no mínimo exótico. Pense o leitor, se o Clube Athletico Paranaense mudasse o seu nome para Clube Atlético Petraglia, que no fundo deve ser um dos seus delírios. É esse Jorge que hoje, às 21h, pela Copa Libertadores da América, joga contra o Furacão, na Baixada.

Dizem que é um time nada sutil, avesso a gentilezas. Acostumado a jogar na altitude, sente-se à vontade para correr e morder quando joga fora. O seu treinador é Miguel Ángel Portugal. É aquele mesmo que passou pelo Athletico, apresentado como um revolucionário, uma espécie de Fernando Diniz falando em espanhol.

O que esperar do Furacão?

Temo, às vezes, que até os jogadores se agarram à teoria de que a Baixada faz a diferença. As coisas no futebol não são absolutas. A diferença em jogar na Baixada é a mesma para qualquer time que joga em seu campo e protegido por sua torcida: se não jogar bem, sendo tecnicamente inferior, esses fatores podem se tornar um adversário mortal.

Sem Lucho González, o treinador Tiago Nunes vai manter o limitado Camacho. Deixa de ser um detalhe que obrigatoriamente tem que ser superado pela ausência de Lucho, mas com Camacho não é. Lento, sem visão de jogo, tem o terrível vicio de jogar com passes curtos e laterais. A continuidade de jogo, elemento essencial em jogos na Baixada, é fracionada.

Menos ruim se Jonathan jogar. Com ele, há uma outra saída de qualidade, porque todos já sabem que Renan Lodi é o melhor lateral-esquerdo do Brasil.

Dirão que tudo isso é teoria. Nem tudo, nem tudo, afirmo. A não ser que sete dias tenham sido o bastante para o Furacão a jogar bem mais do que jogou contra o Tolima.

É um jogo em que o Athletico entra com a obrigação de ganhar. Para disputar a segunda vaga com Jorge Wilstermann e Tolima, não pode deixar para resolver a sua vida contra o Boca.