Verão também significa problemas para os olhos

Com o verão se aproximando, aumentam as campanhas contra o câncer de pele. O que poucas pessoas lembram é que todo o corpo precisa de atenção especial na estação mais quente do ano, inclusive os olhos. Expostos à luz solar, eles podem sofrer agressões e lesões até mesmo irreversíveis. Irritações e casos de conjuntivite também são comuns nessa estação.

“Quando se fala em verão, a primeira coisa que a gente pensa é no sol, no mar, na praia. Mas o grande cuidado que as pessoas devem ter primeiro é com a higiene”, alerta a médica oftalmologista Tania Mara Cunha Schaefer, presidente da Associação Paranaense de Oftalmologia. Segundo ela, o verão é o período propício para a ocorrência de viroses, que podem causar conjuntivites. “O que preocupa muito é a poluição das águas”, diz. No verão passado, por exemplo, Curitiba presenciou um surto de conjuntivite, que teria surgido do litoral catarinense. “O importante é manter as mãos limpas, não levá-las aos olhos quando mexer com objetos sujos como o dinheiro, por exemplo, e procurar ambientes arejados”, aconselha.

Raios ultravioleta

Outro cuidado é com relação aos raios ultravioleta. “Estamos numa latitude que propicia o acúmulo de raios ultravioleta. A diminuição da camada de ozônio também é problemática”, afirma a médica, acrescentando que a estimativa é que a redução da camada seja de 12% a cada dez anos.

Para se proteger da exposição aos raios ultravioleta, o mais indicado é o uso de óculos escuros. “A cor da lente não é importante. O que importa é que as lentes sejam revestidas de película de proteção capaz de filtrar os raios”, explica a médica.

A exposição aos raios ultravioleta pode causar agressão aos olhos, irritação e conjuntivites alérgicas crônicas, além de lesão na pálpebra, conjuntivas, córnea e cristalino, além de ser uma das causas do câncer ocular. “A exposição excessiva ao sol pode levar à cegueira”, alerta a médica. Segundo ela, crianças também devem usar óculos escuros, além de boné ou chapéu de aba larga.

Cuidado na compra dos óculos de sol!

Eles existem aos montes, de diversos modelos, marcas e, principalmente, com preços bastante acessíveis. Tratam-se dos óculos escuros vendidos nos camelôs, que tentam imitar os originais, mas com qualidade muito inferior.

“Há óculos e óculos. As pessoas têm que procurar aqueles de boa procedência, comprados em óticas”, aconselha o médico oftalmologista Miguel Grespan, do Centro de Diagnóstico Oftalmológico do Paraná (CDOP). Segundo ele, com o aumento da expectativa de vida das pessoas, é cada vez mais comum o surgimento da degeneração macular própria da idade – lesão da retina. “Mesmo em ambientes fechados pode haver excesso de exposição aos raios UVA e UVB”, alerta.

Preço

Para o vendedor ambulante Dogmar Tavares, é o preço que leva cada vez mais pessoas a comprar óculos escuros em camelôs. “Em dias de sol, vendo cinco ou seis”, diz. Na barraca de Dogmar, é possível comprar óculos desde de R$ 2 (infantil) até R$ 10. “Aqui é muito mais barato. Um Mormai original, por exemplo, pode chegar a R$ 400”, diz o vendedor.

Para o médico Miguel Grespan, a falta de proteção das lentes escuras não está restrita aos óculos vendidos nos camelôs. “Há óculos que parecem bons, comprados em óticas, mas que quando passam pelo teste do Inmetro indicam que não apresentam proteção alguma”, diz. Para ele, o ideal seria que o Inmetro estivesse na praia, fazendo a medição nas lentes. “Um equipamento custa cerca R$ 1,3 mil. Poderia ser feita uma campanha e até as óticas, que são as grandes interessadas, poderiam custear”, sugere. (LS)

Voltar ao topo