Saúde

Ser magro passou a ser “obsessão”

 

O culto ao corpo perfeito está levando jovens insatisfeitos a adotarem hábitos alimentares perigosos e condenáveis à saúde. A conclusão é do Núcleo de Transtornos Alimentares e Obesidade (Nuttra) do Rio de Janeiro, que realizou uma pesquisa envolvendo 3.154 estudantes, com idades entre treze e vinte anos. Foram ouvidos 1.460 rapazes e 1.692 garotas, destes 75% apresentaram descontentamento com o próprio corpo. Entretanto, mais da metade revelaram não possuir hábitos alimentares saudáveis, embora quase todos confessassem pensar em comida, peso e dieta.

Segundo Paula Melin, chefe do setor de Transtornos Alimentares da Santa Casa de Misericódia e membro do Conselho Internacional de Transtornos Alimentares, o objetivo da pesquisa foi conhecer melhor os hábitos alimentares dos jovens, avaliar a satisfação com a aparência, medir a influência da mídia na construção da imagem e sondar os fatores de risco para com a saúde por meio da má alimentação. “Infelizmente ainda impera a crença de que ser magro significa ter sucesso, e que fazer dieta é melhor para alcançar este objetivo do que uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos regulares”, acrescenta Paula.

No Brasil, provavelmente neste momento milhões de pessoas, inclusive adolescentes, estejam fazendo algum tipo de regime para emagrecer ou planejam começar uma dieta para ficar em forma, principalmente durante o verão. Não haveria problema, se a maioria das pessoas não optasse por seguir dietas rígidas que prometem resultados relâmpagos em poucas semanas. Este procedimento geralmente faz com que após o resultado satisfatório, as pessoas retornem a comer como antes e os tão desejados quilinhos voltam para o corpo com a mesma velocidade, produzindo o famoso efeito “sanfona”, engorda-emagresse-engorda. Entretanto, o perigo maior dos regimes rígidos é a pessoa desenvolver doenças de transtornos alimentares (TA) como anorexia, bulimia e compulsão alimentar.

Um estudo realizado na Austrália com 888 pessoas demostrou uma estreita relação entre as dietas e os TAs. Constatou-se que as pessoas que fazem dietas rígidas têm 18 vezes mais chances de vir a ter um transtorno alimentar do que as que não fazem um regime similar. Além disso, as mulheres que fizeram dietas moderadas tinham cinco vezes mais chance de desenvolver o TA do que as que não tinham feito. Por esta razão, segundo a nutricionista da Nuttra, Sara Singer, a melhor maneira de se perder peso, mantê-lo e conservar a saúde ainda é por meio da reeducação alimentar. Isso significa a adoção de uma dieta equilibrada, em que se come de tudo um pouco. O tradicional arroz, feijão , bife e salada, seguido de uma sobremesa a base de fruta é um exemplo de menu simples que supre o organismo de todos os nutrientes e não engorda, mas é claro que as garfadas devem ser limitada.

Mais informações sobre transtornos Alimentares podem ser obtidos através do site www.nuttra.medem.com ou pelo telefone (41)334-6625.

 

Transtorno alimentar independe de classe social

 

No passado, a maioria das pessoas acreditava que os TAs eram doenças típicas de mulheres jovens, ricas e frescas. Entretanto, hoje sabe-se que essa enfermidade é bastante comum também na população carente.

Uma pesquisa realizada pela Santa Casa da Misericórdia do RJ com 415 pacientes com renda mensal baixa, constatou que 27,5% sofriam de compulsão alimentar periódica – popularmente conhecida como “ataques constantes e descontrolados à geladeira”, 18,6% apresentavam bulemia – episódios recorrentes de exageros alimentar, seguidos de auto-indução de vômitos, abuso de laxantes, diuréticos ou remédios para emagrecer, jejuns e exercícios físicos excessivos e 5,4% tinham anorexia – a pessoa tem pavor de engordar e se vê como gorda, mesmo estando muito magra.

Segundo os mesmos estudos, cerca de 60% das pessoas com TA têm depressão, 60% ansiedade, 70% transtornos de humor e 30% usam substância que causam dependência e danos à saúde, como drogas, cigarros ou álcool.

Atualmente o maior problema que cerca a doença é a dificuldade dos médicos de diagnosticá-la e tratá-la adequadamente. Esse foi o caso da estudante M., de Curitiba, que desde os treze anos apresentou sintomas de TAs, mas por falta de informação acabou sendo internada em um hospício por tentar suicídio e também apresentar depressão profunda. Há seis meses, M. iniciou um tratamento contra anorexia e bulimia. Hoje com 20 anos, afirma estar parcialmente melhor, mas ressalta que a dificuldade de cura é muito grande.

Para a psiquiatra Carmem Lúcia Shetitini, que trabalha no Hospital de Clínicas, no ambulatório de Distúrbios Alimentares, os TAs são doenças totalmente emocionais que envolvem fatores sociais e culturais desenvolvidos no decorrer da vida de cada indivíduo. “A obsessão pela magreza da sociedade moderna faz que com aumente a cada dia o número de TAs no país e no mundo”, diz ela, ressaltando que os pais devem ficar muito atentos aos filhos, pois a maioria das pessoas doentes não tem consciência de que estão precisando de ajuda. (ALA)

 

Dieta de Atkins age como inibidor

 

A controvertida e popular dieta do Dr. Atkins funciona por razões que seu próprio criador pode não ter entendido totalmente, segundo pesquisa de um programa da TV BBC. Uma série de experiências científicas mostrou que embora a dieta permita que as pessoas comam os alimentos gordurosos e protéicos que desejarem, elas acabam ingerindo tão poucas calorias quanto as pessoas que adotaram dietas pouco calóricas.

E a razão para isso, de acordo com recente pesquisa, é que a quantidade de proteína que a dieta recomenda age como um inibidor de apetite. Carne, peixe e ovos na dieta de Atkins controlam a fome e evitam que as pessoas consumam sua quantidade usual de calorias.

A teoria por trás da dieta de Atkins é que ao reduzir o consumo de alimentos ricos em amido, como batatas, pão e macarrão e passando a ingerir principalmente alimentos ricos em proteína e gordura como carne, ovos e queijo, o indivíduo pode comer o quanto quiser e ainda perder peso. Atkins disse até que não há necessidade de se preocupar com calorias.

 

Heresia

 

A idéia de que as pessoas podem ingerir tantas calorias quanto quiserem e ainda perder peso rendeu muitas críticas ao Dr. Atkins e levou até alguns pesquisadores a qualificar sua dieta como “heresia científica”. A produção do programa Horizon se aliou à Universidade de Kansas e encomendou uma pesquisa científica para testar a teoria mais controvertida de Atkins – a de que quem faz a dieta que ele recomenda queima mais calorias do que o usual, o que permite que se perca mais peso.

O Dr. Atkins acreditava que se queima mais calorias quando o organismo usa gorduras e proteínas como combustível. Se isso for verdade, de acordo com Mary Vernon, do Conselho Médico Atkins, exercício físico se torna menos importante do que de costume. “Você não teria que fazer mais exercício porque o seu organismo estaria trabalhando mais duro, assim, você poderia literalmente perder peso sentado em sua poltrona”, disse Vernon.

O Dr. Atkins também acreditava que na dieta dele o indivíduo perde calorias não utilizadas na urina, como parte de um processo conhecido como cetose, que acontece quando você pára de comer alimentos com amido e açúcar.

 

Gêmeos

 

Na experiência realizada pelo Horizon, gêmeos idênticos foram colocados em dietas diferentes: um seguiu a dieta de Atkins e o outro uma dieta convencional de baixas calorias. Os dois receberam quantidades idênticas de calorias durante duas semanas.

Os gêmeos foram colocados depois em uma câmara para que o acadêmico Joseph Donnelly pudesse calcular o quão depressa seus organismos queimavam calorias. Em 24 horas, o indivíduo que seguia a dieta de Atkins perdeu mais calorias do que seu irmão gêmeo, mas a diferença foi pequena: de apenas 22 calorias. Donnelly verificou inclusive a perda de calorias na urina e constatou que o seguidor de Atkins tinha perdido menos que uma caloria a mais do que seu irmão, que seguia a dieta convencional.

Donnelly concluiu que “a pequena diferença de calorias perdidas entre os dois indivíduos sugere que não acontece nada de mais significativo” na dieta de Atkins. Joe Millward, da Universidade de Surrey, na Grã-Bretanha, acredita que o segredo do sucesso da dieta de Atkins é que o indivíduo que a segue consome menos calorias do que estava habituado, exatamente da mesma forma que pessoas que adotam dietas de baixa gordura.

Pesquisas realizadas na Dinamarca indicaram ainda que as pessoas que seguiam a dieta em que se consome grande quantidade de proteína perderam mais peso do que as que seguiam uma dieta rica em carboidratos.

Cientistas acreditam ser possível que outro segredo da dieta de Atkins, que nem o próprio havia percebido direito, é que ao se aumentar a ingestão de carne, peixe e ovos, o indivíduo pode ter o apetite saciado com maior facilidade do que em outras dietas. Mas os pesquisadores concordam que é necessário se fazer mais estudos para uma conclusão mais definitiva sobre as razões científicas para o sucesso da dieta de Atkins.

 

Saiba Mais

 

ANOREXIA

 

A anorexia nervosa ocorre freqüentemente na adolescência, na faixa etária dos 13 aos 17 anos. A doença começa com uma dieta restritiva e persistente, evitando-se geralmente alimentos que provocam ganho de peso, como os carboidratos. O quadro costuma ter como fator desencadeante algum evento significativo, como perdas, separações, mudanças, doenças orgânicas, ou outro fator estressante para a paciente ou a família. Aos poucos, a pessoa passa a viver exclusivamente em função da dieta, da comida, do peso e da forma corporal. O curso da enfermidade caracteriza-se por uma contínua e importante redução de peso. A distorção da imagem existe com grande freqüência, mas pode não ocorrer em todos os casos. Quando há distorção da imagem corporal, a pessoa se sente gorda, mesmo em estágios avançados de desnutrição.

O hábito alimentar pode tornar-se cada vez mais secreto, bizarro e ritualizado, com isso, o isolamento dos amigos e família é mais intenso. Além disso, as pacientes normalmente recusam-se a reconhecer o seu real estado de saúde.

Na anorexia não há uma verdadeira perda de apetite, mas sim uma recusa em se alimentar.

 

BULIMIA

 

Trata-se de episódios de ingestões alimentares copiosas e descontroladas, em geral secretas e rápidas. São episódios de verdadeiros empanturramentos, ?orgias? alimentares, que depois é seguida por um sentimento de culpa. Para neutralizá-lo, os doentes induzem o vômito ou fazem uso de laxantes e diuréticos.

A história da bulimia, normalmente começa por uma necessidade real ou imaginária de perder peso, decorrente de uma insatisfação com o corpo. Pacientes bulímicas costumam centrar a avaliação do que fazem de si mesmas baseando-se quase que exclusivamente em sua aparência física. Tudo funciona como se outros valores pessoais não existissem ou fossem secundários, pois só conseguem se sentir bem fisicamente dentro dos padrões desejáveis pela sociedade. Chegam a isolar-se de relações, evitar reuniões sociais ou viagens, quando não se sentem em condições de preencher tais requisitos.

 

COMPULSÃO ALIMENTAR

 

É quando a pessoa começa a comer de forma incontrolável, levando a ingerir quantidades exageradas de alimentos em um curto período de tempo. Estes episódios de ?ataque de comer? devem ocorrer com uma freqüência mínima de 2 vezes por semana, durante seis meses, para que seja selado o diagnóstico de Transtorno do Comer Compulsivo.

Durante a maioria dos episódios de compulsão, pelo menos 3 dos seguintes indicadores comportamentais de perda de controle estão presentes: comer muito mais rápido do que o normal; sentir-se desconfortavelmente ?cheio? depois de ingerir alimentos; comer grandes quantidades, sem se sentir com fome; alimentar-se sozinho, por se sentir envergonhado pela quantidade e ainda sentir-se arrependido, deprimido ou culpado depois do episódio.

 

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