Prazer durante toda a vida

Engana-se quem pensa que, depois dos 60 anos, fazer sexo vira mera lembrança. Com o acesso à informação e o prolongamento da expectativa de vida – em torno dos 70 anos, no Brasil – o idoso tem aproveitado para prolongar também o que até pouco tempo conformava-se em perder depois de uma certa idade. O sexo (e a sexualidade) é uma dessas atividades. ?Hoje, os idosos cuidam mais da saúde, têm mais atividades, fazem mais exercícios, têm hábitos mais saudáveis e, conseqüentemente, fazem mais sexo?, explica o geriatra especialista em sexualidade do idoso, Gilmar Calixto. Tantas conquistas refletem diretamente no desempenho sexual. ?A sexualidade depende de uma melhor imagem sobre si mesmo, autoconfiança e mais conhecimento da fisiologia?, complementa.

A libido, que, ao contrário do que pensam filhos sobre os pais ou netos sobre os avós, existe em qualquer idade.

O que geralmente prejudica o sexo é a dificuldade de o homem ter ereção. No caso da mulher, há problema em adquirir a lubrificação vaginal. ?Quem é jovem e bastante ativo sexualmente tende a continuar assim. O que muda é o ritmo e a maneira como se faz?, afirma o também geriatra Paulo Luiz Honaiser.

Remédios

Para a disfunção erétil, existem os famosos medicamentos, desde o pioneiro Viagra até os mais novos Cialis, Levitra e Vivansa – que têm ação mais duradoura, alcançando efeito de até 36 horas. ?As drogas dão mais confiança e ajudam a ter ereção suficiente para a penetração?, diz Calixto. Para quem nunca experimentou, não há por que se assustar, garantem os médicos: elas agem no tempo delimitado, mas apenas havendo estímulo para o ato sexual. ?A única restrição é que a pessoa não tome medicamentos para doenças coronarianas simultaneamente, conhecidos como nitratos?, delimita Honaiser. E para as mulheres, complementa Calixto, existe tratamento também para o ressecamento vaginal notado, principalmente, logo após a menopausa. ?Sempre tem solução, desde que o casal queira. Há alterações quanto à freqüência das relações, a ereção pode não ser tão firme e pode-se demorar mais para atingir o orgasmo, mas esses fatores não são indícios de que a relação não será boa?, tranqüiliza.

Cuidados iguais aos dos jovens

As mudanças no ponto de vista sobre o sexo que hoje influenciam muitos idosos não exclui os cuidados que devem tomar, principalmente quanto às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Segundo o médico Gilmar Calixto, a desinformação vem fazendo com que o número de casos de aids, por exemplo, entre pessoas da terceira idade, cresça assustadoramente. ?Atualmente, 8% dos casos de aids se concentram entre eles. Não existem campanhas que orientam o idoso para a sexualidade, nem mesmo sobre as DSTs?, alerta.

Cuidados também devem ser tomados por conta das famílias que mantêm idosos em instituições asilares. ?A homossexualidade é facilitada em lares que costumam separá-los por sexo?, lembra o geriatra Gilmar Calixto. Nesse caso, não se deve ignorar o assunto: ?O idoso não deve ser reprimido, mas orientado.?

No Brasil, já existem moradias que encaram o assunto com naturalidade e buscam nutrir o internos de informação consistente sobre sexo -mas isso infelizmente ainda é raro por aqui. No entanto, nos Estados Unidos, alguns desses lares estimulam que os sexos se misturem e até possuem quartos destinados aos encontros. ?Afora isso, ainda existe a masturbação, bastante freqüente na terceira idade?, acrescenta o médico Paulo Honaiser. Sem titubear, ele afirma: ?Pelo menos metade dos idosos, de um jeito ou de outro, está exercendo sua sexualidade, ainda que dentro de seus limites.?

Sex shops pra ?apimentar?

Sim, os mais velhos também vão ao sex shop. É o que garante o empresário Jorge Belém, proprietário do sex shop Muito Prazer, em Curitiba. Além das lojas no centro, ele também vende seus produtos em um canal que pode ser assistido via parabólica. ?É um canal de venda de produtos eróticos, que atinge principalmente o público masculino, mais simples e de mais idade?, afirma. Pela televisão, é possível comprar boa parte do que tem na loja, onde o público muda completamente: de 80% a 90% é composto por mulheres.

Desse montante de mulheres, muitas pertencem à terceira idade. Os motivos para visitar o sex shop se resumem a adquirir produtos que levem os respectivos parceiros a ?dar conta do recado? ou, então, que ?apimentem? a relação -como os lubrificantes e géis feitos para as regiões íntimas, que provocam sensações diversas, como as de frio ou calor. No caso das viúvas, os famosos vibradores são os mais requisitados. ?Já os homens, em geral, buscam artefatos que ajudem a satisfazer a mulher. Os produtos mais procurados são as capas penianas (pênis de borracha que pode ser colocado sobre o verdadeiro, em caso de problemas para manter a ereção) e a bomba peniana (dispositivo que puxa o fluxo de sangue para o pênis por vácuo e coloca-o em ereção)?, cita. No caso dos viúvos, são as bonecas infláveis as mais desejadas.

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