Intestino irritável: Uma difícil convivência

Quando uma pessoa sente uma dor forte no estômago ou mesmo uma cólica intestinal, e toma a iniciativa de procurar auxílio médico, invariavelmente não sabe a qual especialista recorrer. Os sintomas desses distúrbios podem indicar um desconforto momentâneo, uma diverticulite ou algum tipo de gastrite. No entanto, muitas vezes, a pessoa pode estar sofrendo de outro distúrbio de grande incidência que é a síndrome do intestino irritável (SII), uma doença pouco conhecida, mas que atinge cerca de 25% da população adulta mundial, na sua maioria mulheres.

Se você sente uma forte dor abdominal ou um desconforto que se alivia com a evacuação ou eliminação de gases, fique atento. Você pode ser mais uma vítima dessa síndrome que, nos Estados Unidos, onde as estatísticas são comumente feitas, é a segunda maior causa de falta ao trabalho, perdendo apenas para os estados gripais.

Segundo o professor de Clínica Cirúrgica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Luiz Sérgio Nassif, especialista em cirurgia do aparelho digestivo e videocirurgia, os sintomas mais recorrentes da SII são as dores ou desconforto abdominal, o inchaço do abdômen pelo excesso de gases e a prisão de ventre ou diarréia. "Uma das principais causas da doença vem do sistema nervoso", admite o médico. Assim, o estresse, aliado a outros fatores, como erros alimentares e falta de exercícios, potencializa seus sintomas.

Confiança no médico

Conforme o especialista, algumas questões postergam o efetivo tratamento da doença. A primeira delas é a automedicação, uma prática comum da população brasileira, que recorre aos laxantes ou antiespasmódicos, sem qualquer prescrição médica. "Como, muitas vezes, os sintomas são passageiros e desaparecem facilmente, a procura por um especialista é geralmente adiada", reconhece. Nassif explica que a SII é uma doença intestinal benigna que pode ocorrer em qualquer idade, notadamente entre os 30 e 50 anos.

O problema é considerado uma doença funcional, ou seja, não se encontram em exames laboratoriais evidências de alterações orgânicas, mas sim no mau funcionamento do intestino. Por isso, conforme o cirurgião, a total confiança do paciente no seu médico é primordial para o sucesso do tratamento. "A síndrome dificilmente é comprovada por algum tipo de exame", admite o médico, salientado que é necessária uma série de investigações para se obter um diagnóstico preciso. Entre os exames mais solicitados estão a endoscopia digestiva e a colonoscopia.

Altera a qualidade de vida

Nassif observa que, na grande maioria dos casos, os quadros da doença são leves. No entanto, mesmo assim, a síndrome acaba prejudicando as atividades diárias do paciente e interferindo na sua qualidade de vida, no humor, na capacidade de concentração e no relacionamento social, incluindo momentos de apreensão e permanente sensação de insegurança. "Algumas pessoas podem manter hábitos restritivos com medo de passar por situações constrangedoras", enfatiza.

O controle dos sintomas da doença pode ser alcançado por meio de dietas específicas, reduzindo o estresse, combinado com o uso de medicamentos que controlam os movimentos intestinais, melhorando a dor e o desconforto abdominal, além de normalizarem o trânsito intestinal. Alguns estudos clínicos mostraram que um grande número de pacientes experimentou um alívio geral de sintomas, em curto espaço de tempo, ao ser tratado com medicamentos à base de tegaserode, com diminuição das dores abdominais, da distensão gasosa do abdômen e da constipação.

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