Diabetes requer dedicação ao tratamento

Estima-se que metade dos pacientes diabéticos não sabe que é portador da doença. Em países em desenvolvimento, esse índice chega a 80%.

O diabetes, muitas vezes, só é diagnosticado quando a pessoa passa a urinar muito, beber muita água e a emagrecer demasiadamente.

Daí procura atendimento médico e obtêm a confirmação da doença. É muito provável que essas pessoas evoluem longos anos sem nenhum sintoma que possa revelar a doença.

Quando passam a apresentar sintomas, eles são muitas vezes tão vagos e inespecíficos que são confundidos com cansaço e estresse.

Para a endocrinologista Ellen Simone Paiva, esse período de doença, assintomático, pode durar vários anos preciosos e pode definir a evolução da doença para um curso benigno e sem complicações ou para uma patologia grave e debilitante, com complicações vasculares com poucas opções de regressão.

O diabetes é muito mais do que um problema que impede as pessoas de comerem doces, gorduras, beberem refrigerantes, sucos e outros, muito menos uma doença que pode ser tratada facilmente com dietas.

“É uma doença de difícil controle e, por isso, requer muita resignação e dedicação ao tratamento”, observa a especialista.

Resistência

Este distúrbio metabólico impõe mudanças de estilo de vida, que são importantes para a saúde, e valem para todas as pessoas. O diferente é que se o diabético não seguir essas regras, as complicações podem chegar mais cedo.

As pessoas com diabetes têm, basicamente, excesso de açúcar no sangue porque o pâncreas não produz insulina suficiente, ou porque alguns órgãos fecham as portas para essa substância responsável por levar a glicose da corrente sanguínea até os músculos, a camada de gordura, o fígado e a maioria das outras células, para que o corpo use-a como combustível.

O que, muitas vezes, prejudica o tratamento daqueles que recebem o diagnóstico da doença é a resistência em aceitar o fato, acreditando ser apenas “uma pequena elevação na glicemia”.

A médica também reconhece que muitos, apesar de “aceitar” o diagnóstico, continuam pensando que seu caso é “ameno”, como se existisse diabetes leve ou grave.

“Outras vezes, nos deparamos com pessoas mal orientadas por colegas que desconhecem a importância de um diagnóstico precoce do diabetes para que se possam instituir um tratamento eficaz”, ressalta Ellen Paiva. Com isso, perdemos se perde tempo para esclarecer e prevenir as complicações crônicas da doença e se instituir o tratamento mais adequado.

Anamnese e exames

Outra preocupação da especialista é que obter um diagnóstico baseado em um valor laboratorial é um grande problema da doença, pois, muitas vezes, um acompanhamento deixa de ser feito durante muito tempo.

Um exemplo disso é o valor de normalidade da glicemia de jejum. Quando se aponta que glicemias de jejum normais estão entre 70 e 100mg/dL, isso não significa que não existam diabéticos com glicemia de jejum de 95mg/dL ou pessoas normais com glicemia de jejum de 110mg/dL. Daí a necessidade que esses valores sejam analisados em conjunto com outras variáveis.

Outro motivo de confusão são os valores de glicemia que definem o diagnóstico de diabetes, como maior ou igual a 126mg/dL. A questão é investigar se a pessoa com glicemia de jejum de 125mg/dL é diabética.

Segundo a endocrinologista, pode se chegar ao extremo de encontrar pacientes com glicemia de jejum de 80mg/dL que já revelam o diabetes quando submetidos a uma curva glicêmica.

A suspeita pode vir de uma específica anamnese, na qual são analisados antecedentes familiares de diabetes, peso corporal, nível de estresse, tempo de jejum, possíveis medicamentos utilizados e outras alterações laboratoriais sugestivas da doença, como um HDL colesterol baixo e triglicérides elevado.

Pré-diabetes

* Antes de desenvolver o diabetes mell,itus tipo 2, a maioria das pessoas apresenta uma condição assintomática chamada pré-diabetes. Também conhecida como “intolerância à glicose”, “tolerância diminuída à glicose” ou “glicemia de jejum alterada”.

O termo se aplica aos pacientes que têm níveis de glicose (açúcar) no sangue maiores que o normal, mas ainda não altos o bastante para fazer o diagnóstico de diabetes.

Mais e mais, os médicos estão reconhecendo a importância de diagnosticar essa condição, já que o tratamento pode prevenir o aparecimento efetivo da doença, propriamente dita.

Além disso, o tratamento adequado do pré-diabetes pode prevenir várias complicações sérias associadas ao diabetes mellitus tipo 2, tais como: doenças cardíacas e lesões aos rins ou aos olhos.

Estudos demonstram que essas complicações, tradicionalmente atribuídas apenas ao diabetes já instalado, começam a se desenvolver muito antes que o diagnóstico da doença seja confirmado. Ou seja, reconhecer e tratar adequadamente o pré-diabetes pode prevenir o surgimento do diabetes tipo 2 e suas complicações.

Fique atento aos sintomas

* Sede excessiva
* Perda de peso sem motivo aparente
* Fome exagerada
* Cansaço inexplicável
* Muita vontade de urinar
* Má cicatrização de feridas
* Formigamento nos pés e mãos
* Fadiga, fraqueza, tonturas
* Visão “borrada”