Câncer de próstata mata milhares, mas continua tabu

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens e o quarto tipo mais mortal. Só em 1999, a doença matou 7.223 brasileiros. Para este ano, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que surjam 25,6 mil novos casos. Apesar dos números grandiosos, o preconceito continua imperando. O alerta é do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia e professor titular de Patologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luiz Fernando Bleggi Torres.

“O tabu já foi vencido pelas mulheres, que vão ao ginecologista e se submetem ao preventivo do câncer de cólo do útero. Já entre os homens, ainda existe um grande preconceito”, afirma, referindo-se ao toque retal – uma das maneiras de diagnosticar o câncer.

O médico admite que a situação tem melhorado nos últimos anos, mas ainda não é a ideal. “Antes, os indivíduos desenvolviam a doença, mas só eram afetados aos 65 ou 70 anos, quando já havia comprometimento do órgão. Hoje, o diagnóstico é feito quando o tumor está em menor tamanho”, afirma. Apesar de o câncer de próstata atingir principalmente indivíduos acima de 50 anos, o patologista recomenda que, depois dos 40 anos de idade, os homens façam uma consulta periódica ao urologista.

“Uma das grandes dificuldades é que não existem sintomas ou eles são muito pequenos. O resultado é que a pessoa só vai procurar ajuda médica quando já estiver com a doença, ou com algum distúrbio”, explica. Geralmente, o paciente com problemas na próstata apresenta retenção urinária e dor para urinar. Com relação aos fatores de risco, o médico diz que não há comprovações como tabagismo ou consumo de bebida alcoólica. “Um dos consensos entre os médicos da área é que o licopeno – presente sobretudo no tomate – diminui as chances de o indivíduo desenvolver o câncer de próstata.” O recomendado, segundo ele, é que o homem consuma aproximadamente três tomates por semana. “É uma recomendação curiosa, mas que tem a aprovação médica.”

Além do preconceito, outros fatores podem retardar o diagnóstico da doença: a falta de alerta dos profissionais da saúde para o diagnóstico precoce dos casos, a inexistência de um exame específico e sensível que possa detectar tumor em fase microscópica e a falta de rotinas abrangentes programadas nos serviços de saúde públicos e privados que favoreçam a detecção do câncer, inclusive o de próstata.

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