Acidentes: Perigo, jovens no trânsito

Sexo: masculino. Idade: entre 18 e 28 anos. Este é o perfil que mais aparece nas estatísticas de mortes por trauma no Paraná. Os resultados das pesquisas comprovam que as mortes violentas se constituem em um sério problema de saúde pública, já que é a terceira maior causa de óbito no país, ficando atrás apenas das neoplasias e das doenças cardiovasculares. Na morte por trauma, quase a metade das incidências se deve aos acidentes de trânsito, entre colisões e atropelamentos.

A preocupação se torna maior ainda no período de férias, quando um número maior de pessoas transita pelas estradas do país. O movimento começa nas festas de final de ano e termina depois do carnaval. Segundo o médico Jurandir Marcondes Ribas Filho, do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, nos finais de semana e, principalmente, nas férias, a associação de imprudência, bebidas alcoólicas, drogas e velocidade faz aumentar ainda mais o número de vítimas.

Com todo esse vaivém, não é de se surpreender que o número de acontecimentos trágicos também aumente. Ainda mais quando a estação, como nesse verão, é marcada por chuvas torrenciais que deixam as estradas ainda mais perigosas. "Todos esses ingredientes fazem aumentar os casos de traumas, uma preocupação a mais para os atendimentos de emergência, sobretudo porque, de acordo com as estatísticas, as maiores vítimas são os jovens", relata o cirurgião.

Velocidade e álcool

Os levantamentos apontam que o acidente de trânsito, mesmo com a adoção do novo Código Brasileiro de Trânsito, em vigor desde 1998, se mantém como o principal vilão para a juventude. Segundo os pesquisadores, isso ocorre porque atividades específicas de cada idade predispõem a fatores de risco determinados, como a posse da habilitação de motorista, o consumo mais freqüente de bebidas alcoólicas e a imprudência, fator mais diagnosticado entre essas ocorrências.

Conforme Jurandir Ribas Filho, o prejuízo para a sociedade é imenso, já que a maioria das vítimas perde em média cerca 30 anos produtivos, levando-se em conta que a vida produtiva de uma pessoa se estende até os 65 anos. "Isso representa, normalmente, uma diminuição de mão-de-obra significativa", atesta. Nos Estados Unidos, estima-se em US$ 1 milhão o custo de cada uma das mortes por trauma nessa idade, baseado na renda que deixará de ser produzida por esse jovem.

Outra constatação do especialista é de que o trauma implica, entre custos diretos e indiretos, em uma soma importante aos cofres públicos. "Um dinheiro que poderia estar sendo aplicado em outras áreas da saúde", completa. Outro alerta dos especialistas diz respeito ao atendimento pré-hospitalar. Estudos comprovam que 43% de todas as vítimas fatais poderiam ter sido salvas se tivessem recebido assistência médica adequada nos primeiros 10 minutos após o acidente. Logo, é necessário o desenvolvimento de sistemas integrados ao traumatizado para tentar reduzir as taxas de mortalidade nas primeiras horas após o acidente. Alem disso, o tratamento a um paciente com trauma custa 60% a mais que um paciente não complexo, devido a necessidade de, em muitos casos, se realizar exames mais complexos, como ressonância magnética e tomografia computadorizada.

Conscientização e prevenção

"Deve-se considerar que o trauma é uma doença cem por cento evitável", frisa Ribas Filho, que é supervisor do Pronto Socorro do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. Para ele, a melhor forma de diminuir esses índices alarmantes é toda a sociedade se empenhar em campanhas de prevenção e conscientização. Os estudos comprovam que, quase sempre, os adultos, sejam eles pais, professores, psicólogos, médicos ou outros profissionais de saúde, estão muito pouco preparados para lidar com o comportamento dos adolescentes perante o trânsito.

Todos concordam, no entanto, que é necessária uma implantação urgente da educação de trânsito em todos os níveis de ensino. Outra ação que poderia colaborar com a redução dos índices de acidentes diz respeito às campanhas educativas sobre álcool e drogas ilícitas, que devem manter uma periodicidade constante. Além disso, a fiscalização por parte das autoridades competentes deve cumprir seus objetivos, sejam educativos ou punitivos.

As causas mais comuns de acidentes com jovens

· Excesso de velocidade e manobras imprudentes.

· Consumo de álcool ou drogas.

· Falta de experiência e não-obediência às leis de trânsito.

· Pressão dos amigos, já que na maioria dos acidentes fatais há 3 ou mais adolescentes no carro.

· Comportamento de risco.

· Busca por desafios.

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