A morte súbita de novo nas manchetes

Não vale a pena ver de novo. Nas últimas semanas, as mortes súbitas dos atletas Alex Sandro de Souza (29 anos), no interior paulista; Anderson Rocha da Silva (17 anos), em Mato Grosso, e do maratonista Raimundo Rodrigues Sobrinho (57 anos), em Curitiba, reacenderam o debate sobre os perigos da prática do esporte sem a devida avaliação médica. Para nós, brasileiros, o caso mais alarmante foi a morte do jogador de futebol Serginho, do São Caetano, em 2004. Ao vivo pela TV. Todos foram vítimas do que os médicos chamam de morte súbita no exercício e no esporte (MSEE) ? definida como ?a morte que ocorre de modo inesperado, de 6 a 24 horas após prática de uma atividade físico-desportiva?.

Segundo o cardiologista e presidente do Grupo de Estudos em Cardiologia do Esporte da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Nabil Ghorayeb, tem aumentando o número de atletas com arritmia e outros problemas no coração. Para se ter uma idéia, em universo de cinco mil atletas profissionais, 8% deles apresenta algum tipo de problema cardíaco. São problemas que vão desde uma arritmia até uma insuficiência mais grave. ?Independente da gravidade, qualquer observação a respeito da saúde do coração deve ser levada em consideração?, adverte o médico. O excesso de treinamento, segundo Ghorayeb, é uma das principais causas do aumento das cardiopatias entre atletas. ?Além disso, eles acabam sofrendo diminuição da imunidade, adquirem mais viroses, entre outros problemas?, esclarece.  

Ergoespirometria

Marcelo Leitão, presidente da Sociedade Paranaense de Medicina Esportiva, recomenda uma avaliação sistemática e periódica para as pessoas que praticam ou queiram começar atividades físicas, como forma de se prevenir tais ocorrências. ?Essa avaliação deve ser realizada por médico com experiência na área, em todos que praticam exercícios e esportes, em qualquer nível?, enfatiza.

O dirigente também ressalta que é importante esclarecer que nas pessoas saudáveis que praticam qualquer atividade física, seja para fins competitivos ou não, o risco de morte súbita é inexpressivo. ?Desde que avaliadas regularmente?, salienta.

O cardiologista Pedro Vicente Michelotto, da Clinicor, explica que, para praticantes de atividades físicas com idade inferior a 35 anos, as causas mais freqüentes de MSEE são as chamadas cardiopatias congênitas, anomalias cardíacas que podem levar anos para se manifestar. ?Acima dessa idade, a causa mais freqüente é a doença arterial coronariana, ocasionada, principalmente, pelo entupimento das artérias que levam sangue ao coração?, descreve.

No rol das doenças que podem levar à morte súbita de atletas estão também a doença de Chagas, os diversos tipos de arritmias cardíacas e o uso de drogas ilícitas, como cocaína, anfetaminas e esteróides anabolizantes. Um exame computadorizado realizado em laboratório de ergoespirometria fornece todos os parâmetros de avaliação pré-esportiva e avaliação periódica de atletas competitivos.

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