Recife promove Carnaval Popular

O Carnaval Multicultural do Recife 2004 será embalado por uma diversidade de ritmos jamais vista no País. O cardápio supervariado da folia pernambucana inclui, além do tradicional frevo, danças e sons que animam outras festas do calendário cultural da cidade: ciranda, coco, samba, reggae, rock, mangue beat e música techno. Até uma banda sinfônica, acompanhada de batuqueiros de maracatu, entrará na folia deste ano.

Ao contrário de outras cidades brasileiras, o Carnaval do Recife começa oficialmente na sexta-feira, dia 20, no Pólo Multicultural, montado no Marco Zero (Recife Antigo), quando o prefeito João Paulo entrega as chaves da cidade ao rei Momo e à rainha do Carnaval. Ali, entre muitas atrações, o percussionista Naná Vasconcelos – um dos melhores do mundo, segundo a revista Down Beat (EUA) – regerá trezentos integrantes de várias nações de maracatus da cidade.

Alguns desses grupos foram fundados ainda no século 19. São os casos da Nação Elefante (1800) e a Leão Coroado (1863), agremiações tradicionais como o Estrela Brilhante (1910) e o Porto Rico (1967) também participarão do happening. “Vamos realizar uma grande festa e proporcionar um espetáculo que exalta a cultura afro-pernambucana e a união de todos os maracatus”, comenta Naná.

Nos dias seguintes, haverá espetáculos e desfiles para todos os gostos e todas as classes sociais. Nomes conhecidos da música brasileira estarão presentes na festa, em palcos armados na rua, cantando seus sucessos para públicos de todos os gostos. Detalhe: ninguém precisa pagar ingresso para ver shows de Antônio Nóbrega, Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Lenine e representantes da nova cena musical do Recife (o Mangue-Beat), entre tantas atrações. “O Carnaval do Recife é o mais democrático do País”, afirma o prefeito João Paulo. “Não temos cordões de isolamento nem arquibancadas para separar o povo de sua música”, completa o secretário de Cultura, João Roberto Peixe.

Pólos culturais

Há dois anos o Carnaval do Recife é realizado dentro de um novo conceito. A festa é distribuída por toda a cidade, descentralizada em pólos onde se apresentam, ao ar livre, cerca de duzentas agremiações e astros da música brasileira. A grande festa de 2004, portanto, estará espalhada por toda a cidade – do centro ao subúrbio – em dezesseis pólos de animação. Cada um deles será dedicado a um tema específico. O Pólo Multicultural, por exemplo, representará o Carnaval tradicional da cidade, com apresentações de caboclinhos, blocos de frevo e maracatus. Já o Pólo Mangue (Cais da Alfândega), celebrará a vanguarda. Nesse local não haverá apenas o som do Mangue-beat, criado por Chico Science. Será também palco para desfiles de moda ao som eletrônico dos mais festejados DJs brasileiros. O destaque é a realização, na Tenda MangueTown, do famoso festival Rec Beat, que reúne bandas de rock de todo o País.

No sábado, o destaque da festa recifense é o desfile do tradicional Bloco Galo da Madrugada, no Pólo de Todos os Frevos. A agremiação reúne 1,5 milhão de pessoas no centro da cidade, na manhã e tarde do sábado de Zé Pereira. Desde 1995, o Galo é considerado pelo Guinness Book como uma das maiores aglomerações públicas do mundo a acontecer todos os anos, no mesmo local, com dia e hora marcada.

Outra característica dos dois últimos carnavais do Recife é a participação efetiva da iniciativa privada. Em 2004, grandes empresas – a Ambev, por exemplo – já garantiram cotas relevantes de patrocínio.

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