Maranhão vira um imenso arraial

Ao se dirigir para o Maranhão este mês, o turista vai encontrar um destino ensolarado e festivo. Além da capital São Luís, as festas de São João explodem pelos quatro cantos do estado. Nos principais roteiros turísticos maranhenses – como Alcântara, Parque Nacional dos Lençóis, Chapada das Mesas, Delta das Américas e Floresta dos Guarás – as festas dos santos joaninos transformam o Maranhão num imenso arraial.

A viagem pelo estado começa pela Ilha de São Luís, a capital maranhense. A cidade pode ser visitada em qualquer época do ano, embora junho seja o mês em que a ilha mais tem a oferecer. É quando acontecem as festas em homenagem a Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal e a capital vira pura alegria.

Durante todo o mês de junho São Luís festeja os santos com apresentações de mais de quinhentos grupos de bumba-meu-boi (nos quatro sotaques), tambor de crioula, cacuriá, dança do coco, caroço, lelê, boiadeiro, portuguesa, quadrilhas e jornadas.

Uma das grandes atrações são os grupos de bumba-meu-boi do sotaque de matraca – ou da Ilha, como também são conhecidos. Os batalhões mais famosos são de Maioba, Maracanã, Ribamar, Madre de Deus e Iguaíba.

É um sotaque de ritmo lento, mas altamente contagiante, induzindo a um bailado de poucos gingados, de gestos bruscos, rápidos e curtos, semelhante à dança timbira. O som agudo das matracas – tábuas que medem entre vinte e 25 centímetros – contrastando com o grave dos tambores produz um espetáculo de rara beleza coreográfica.

Imagine todo esse colorido, tendo como cenário o conjunto dos 3,5 mil casarões dos séculos XVIII e XIX distribuídos pelos bairros da Praia Grande, Desterro e Portinho.

Barreirinhas

Um dos mais movimentados roteiros turísticos do Maranhão, o Parque dos Lençóis, está situado no litoral oriental do estado, a duas horas de carro de São Luís. Lençóis é um paraíso ecológico com 155 mil hectares de dunas, rios, lagoas e manguezais.

Suas paisagens são deslumbrantes: imensidões de areias que fazem o lugar assemelhar-se a um deserto. Mas com características bem diferenciadas. Na verdade chove na região, que é banhada por rios. E são as chuvas, aliás, que garantem aos Lençóis algumas das suas paisagens mais belas.

As águas pluviais formam lagoas que se espalham em praticamente toda a área do parque formando uma paisagem inigualável.

O Parque Nacional dos Lençóis é um lugar de puro contato com a natureza. Por isso, nem pensar em levar roupas pesadas. Apenas bermudas, camisetas, sandálias, chapéu e trajes de banho. Roupas mais aconchegantes são aconselhadas apenas para a noite. Repelentes, óculos escuros e protetor solar devem estar incluídos na bagagem.

Além das paisagens deslumbrantes, a região dos Lençóis também é rica em belezas culturais – além de Barreirinhas, que é o principal portão de entrada, a área envolve os municípios de Humberto de Campos, Primeira Cruz, Santo Amaro e Barreirinhas. Terras férteis em grupos de bumba-meu-boi no sotaque de orquestra.

Além dos bumbas, as jornadas – autos pastoris -também ocorrem com freqüência na região.

Nos grupos de orquestras, o ritmo é um instante entre o batuque dos bois de matraca e o baião. É sacudido, alegre e brincalhão, contagiante. É envolvente. “A música é faceira, cabriolante, panteísta”, ensina o gerente de Cultura, Luís Bulcão.

No Delta, festa no ritmo do caroço

Localizado a nordeste do estado, na divisa com o Piauí, o Delta das Américas é um outro roteiro turístico bastante procurado. A região sob influência do Delta do Rio Parnaíba tem noventa por cento de sua área no Maranhão. As cidades Tutóia e Araioses são os principais municípios.

O Delta do Parnaíba é o terceiro maior delta oceânico do mundo. Raro fenômeno da natureza que ocorre também no Rio Nilo, na África, e no Mekong, no Vietnã.

Sua configuração assemelha-se a uma mão aberta, onde os dedos representariam os principais afluentes do Parnaíba, que se ramificam formando um grandioso santuário ecológico. Rios, flora, fauna, dunas de areias alvas, banhos em lagoas e de mar são alguns atrativos que o lugar oferece.

Os atrativos culturais da região no período junino ficam por conta dos bois de orquestra, danças portuguesas e dança do caroço. Um dos mais importantes grupos da dança do Caroço é o de Dona Elza de Tutóia. De acordo com Jandir Gonçalves, pesquisador do Centro de Cultura Popular, “caixas, cuíca e cabaça são os instrumentos utilizados nesta dança executada por brincantes de qualquer sexo e idade. As roupas são simples e as toadas, improvisadas”.

Lendas destacam a face amazônica

Um dos mais novos roteiros turísticos do Maranhão, a Floresta dos Guarás, está situada no litoral ocidental do estado – fica na parte amazônica – e tem como destaque as cidades de Cedral, Mirinzal, Cururupu e Guimarães. Seu nome deve-se à bela ave de plumagem vermelha, comum na região. O lugar, que conta com incríveis atrativos naturais e culturais, destaca-se como um santuário ecológico, formado por baías e estuários onde os rios deságuam em meio a manguezais.

Segundo o secretário de Turismo, Airton Abreu, “é uma região de fauna e flora abundantes; florestas, praias desertas e ilhas poderão, em breve, ser visitadas com segurança e tranqüilidade. Estamos trabalhando para modernizar e melhorar a infra-estrutura”, disse.

Entre os maiores atrativos turísticos deste pólo está a Ilha dos Lençóis, em Cururupu. Inteiramente formada de areia, apresenta cenários deslumbrantes e uma lenda, a do Touro Encantado, que torna tudo ainda mais enigmático e sedutor. Segundo a crença popular, o Rei de Portugal Dom Sebastião, que desapareceu na luta popular contra os mouros, vive ali na forma de um touro encantado.

As festas juninas na região são fortemente marcadas pela batida do sotaque dos bois de zabumba. Segundo a diretora do Centro de Cultura Popular, Maria Michol Carvalho, suas raízes são, originariamente, africanas. Daí ser o mais primitivo e também o mais ?chão?. O nome advém do seu instrumento base – a zabumba – tambor de meio metro de altura, conduzido numa vara por dois carregadores e tocado por uma baqueta. De ritmo vibrante e bastante forte, possui a essência da musicalidade negra”, afirma.

O sotaque de zabumba distingue-se dos demais por ser pausado, alternando cadências lentas e apressadas. A zabumba e o tambor de fogo são os instrumentos predominantes em seu batuque, cabendo aos tamborins e maracás preencherem os espaços vazios, dando origem a um conjunto de sons que se fundem. A dança caracteriza-se por sobrepassos miúdos e repisados: uma forma toda especial no modo de dançar, em que precisamente as tapuias exercem a função de marcar com seus passos a acentuação e o ritmo da zabumba, que poderá ser observado nos calcanhares, ponto principal de apoio das brincantes.

Turismo ecológico e as quadrilhas

Cachoeiras, trilhas ecológicas, morrarias. São inúmeras as surpresas que uma viagem à Chapada das Mesas pode revelar ao viajante. As principais cidades da região centro-sul do estado são Imperatriz, Carolina e Riachão, circundadas por um mundo mágico e grandioso.

Para quem gosta de caminhadas, a Chapada das Mesas oferece deliciosas opções por trilhas e paisagens de tirar o fôlego. Uma viagem à Chapada das Mesas inclui banhos e caminhadas por trilhas irregulares. Por isso, além de roupas de banho, é imprescindível tênis confortável e antiderrapante. As quadrilhas juninas e os grupos de bumba-meu-boi predominam entre os folguedos da região.

Os maiores atrativos da região são as cachoeiras. São elas as responsáveis por grande parte do encanto que envolve a Chapada das Mesas. Mas Pedra Caída é com certeza a que mais chama a atenção – e com todos os méritos. Tudo começa com um rio que, em determinado ponto do seu curso, encontra uma fenda. Nesse ponto a água despenca a uma altura de cerca de cinqüenta metros, formando lá embaixo, entre paredões rochosos, uma piscina natural de beleza indescritível. Fica às margens da BR-230, a 35 quilômetros de Carolina.

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