Maceió, paraíso em plena civilização

Quem vê fotos do mar de Maceió, a exuberante capital de Alagoas, pode pensar que a imagem foi colorida com fotoshop, aquele programa de computador que retoca fotografias. Só mesmo quem esteve lá acredita que possa haver um mar com aquela cor. É um azul esverdeado ou verde-azulado que o turista não se cansa de olhar. O mais interessante é que ele está na praia principal de uma capital de estado, com prédios, comércio e uma avenida movimentada logo à sua frente, e não em uma praia deserta ainda não descoberta por turistas. Uma verdadeira bênção para moradores e visitantes que podem usufruir de infra-estrutura sem perder o paraíso de vista.

A cor das águas dessa praia urbana, além de deslumbrante, é indicação também de boa balneabilidade, um ponto a mais para a capital alagoana. ?A cor do mar se explica pela alta salinidade, pouca profundidade e grande quantidade de algas marinhas e arrecifes?, explica a guia de turismo. Por ser também boa para banho, a praia fica lotada de moradores e turistas que curtem o sol presente o ano todo,  já que atenua os efeitos da alta temperatura, cuja média anual é de 28 graus. Ao todo, Maceió tem quatro praias urbanas – Cruz das Almas, Jatiúca, Ponta Verde e Pajuçara – além de outras onze divididas em zonas norte e sul.

Jangada leva turistas às piscinas naturais de Pajuçara.

Pajuçara é uma boa opção para quem quer se sentir no paraíso sem ter que se deslocar para muito longe. Isso porque, a apenas dois quilômetros da praia, estão suas piscinas naturais, de águas mornas, rasas e tão cristalinas que é possível avistar cardumes coloridos. Os turistas são levados  em jangadas conduzidas por experiente jangadeiros e, claro, com a contribuição do vento. Lá adultos viram crianças ao alimentar os peixinhos com pedaços de pão. Eles vêm até a mão do turista buscar o alimento. O passeio custa R$ 13 por pessoa e pode ser contratado direto na praia ou por agência.

Pajuçara também é uma boa opção para quem quer só curtir a praia e tomar banhos, pois assim como Ponta Verde, não tem ondas e as águas são mornas. Já Cruz das Almas, Jacarecica (zona norte) e Pontal da Barra (zona sul) são preferidas pelos surfistas por ter ondas e águas mais agitadas. De ponta a ponta, o calçadão à beira-mar de Maceió tem quiosques que servem bebidas e pratos da gastronomia típica, incluindo as deliciosas tapiocas, trouxinhas de massa feita com farinha de mandioca recheadas com queijo ralado, queijo de coalho, presunto, tomate, frango, carne de sol e até leite condensado, amendoim, banana e chocolate, a gosto do cliente.

O Museu Théo Brandão
espelha a cultura, o folclore
e a religiosidade
do povo alagoano.

Estrutura

É a exuberância natural que faz de Maceió uma das capitais mais bonitas do Brasil e que vem sendo, cada vez mais, procurada por turistas brasileiros e estrangeiros. Esse interesse dos turistas fez a capital alagoana aprumar sua infra-estrutura hoteleira. Hoje há 130 hotéis, que somam dez mil leitos, além de dezenas de pousadas. Entre os maiores hotéis estão Ritz Lagoa da Anta, Jatiúca, Meliá e Matsubara, todos de frente para o mar. Apesar da boa quantidade de hotéis para uma cidade de seiscentos mil habitantes, as taxas de ocupação são altas, resultando numa média anual de 65%.

De olho nesse paraíso estão também os investidores. Há muitos hotéis de estrangeiros na cidade e, em breve, será construído mais um. Será um grande empreendimento, com trezentos apartamentos, ao lado do cinco estrelas Meliá, na avenida beira-mar, cuja construção ainda está em fase de avaliação.

O grande número de turistas que chegam à cidade anualmente – 85% dos 1,3 milhão que se dirigem a Alagoas – justificou também o incremento do Aeroporto Zumbi dos Palmares, que vai ganhar um novo terminal de passageiros agora em abril, mais amplo e moderno. Com isso, espera-se aumentar ainda mais a presença de turistas na cidade, principalmente os estrangeiros. ?Estamos trabalhando o aspecto histórico de Zumbi dos Palmares para atrair os europeus, pois eles se interessam pela história quando visitam um lugar?, informa o secretário de Turismo do município, Carlos Nogueira Gatto. Para abrigar a história desse que é um dos grandes personagens do Brasil, será construído o Museu do Negro em um imóvel de 1820 que está passando por uma restauração que deverá ser concluída até maio.

Junto a isso, informa o secretário, o município vai investir também na divulgação em feiras pelo Brasil e exterior para se consolidar como destino internacional. ?Queremos atrair principalmente os espanhóis, alemães e finlandeses. Eles gastam, em média, o dobro do turista português, por exemplo?, comenta Gatto. Do total de turistas que visitam Maceió, apenas 7% são estrangeiros, oriundos principalmente dos países do Mercosul, Portugal e Itália. Do total de brasileiros que visitam a cidade, os paranaenses estão em quarto lugar, antecedidos por paulistas, pernambucanos e gaúchos.

Maceió é cheia de cores e sabores

Piscina natural de Pajuçara,
visão deslumbrante a apenas
dois quilômetros da praia.

O colorido de Maceió não está só no mar, ora azul, ora verde, de suas praias urbanas e adjacentes. Está também no seu principal artesanato, o filé; no seu grande teatro, o Deodoro; na gastronomia, baseada em frutos do mar e suas frutas; no folclore, com as fantasias dos folguedos e também no bairro de Jaraguá que, revitalizado, ganhou novos tons.

Artesanato que já conquistou turistas de todo o Brasil, o filé está também encantando os estrangeiros que importam o produto para uso pessoal e também para revender. O maior mercado de venda desse tipo de renda é o Núcleo Artesanal do Pontal da Barra, às margens da Lagoa Mundaú, que funciona diariamente, das 8h às 18h30.

Conhecido como o bairro das rendeiras, em Pontal da Barra também se pode assistir às artesãs manuseando os coloridos fios. Uma delas é Verônica Régia que, assim como a maioria delas, aprendeu a tecer o filé com a mãe ainda pequena, aos oito anos. Na sua barraquinha, há peças diversas feitas ou enfeitadas com filé. São desde blusas até jogos americanos, que custam de R$ 5 a R$ 10 cada, bolsas, vendidas a partir de R$ 15 e vestidos a R$ 130. Uma outra técnica, chamada renascença, também é bastante apreciada pelos turistas. Na barraca de Verônica, uma toalha feita com esta técnica pode custa até R$ 2 mil.

Tanto o filé quanto a renascença podem ser encontrados ainda no mercado Cheiro da Terra, na Avenida Álvaro Otacílio, 2.500, que é a avenida beira-mar do Bairro Jatiúca. O local está aberto diariamente das 10h às 22h. Em Pajuçara, há uma feira também bastante conhecida, que funciona na Avenida Dr. Antônio Gouveia, das 10h às 22h. Nesses mercados são vendidos também peças de decoração e de utilidade doméstica e brinquedos. Uma dica é pesquisar preços e pechinchar pois eles costumam variar bastante de um estande a outro e a oferta pelo menor preço pode ser só conversa de vendedor.

Sabores

A gastronomia de Maceió é diversa, abrangendo desde guloseimas da cultura indígena aos tradicionais pratos de frutos do mar com direito a (muita) pimenta, azeite-de-dendê e leite de côco. Em geral, são pratos exóticos e alguns até afrodisíacos feitos com camarão, lagosta, siri, mariscos e peixes. Um dos pratos mais típicos de Alagoas é o sururu, um molusco que, apesar de delicioso, por ser forte e bastante apimentado, deve ser apreciado com moderação, principalmente pelos turistas que não são do Nordeste. O aviso foi feito.

Há também uma grande variedade de comida típica, feitas à base de mandioca, milho e côco, como o beiju, a tapioca, a canjica, a pamonha, o munguzá e o pé-de-moleque. As frutas, diversas e de cores vivas, também não devem ser deixadas de lado. Uma boa dica é saborear a siriguela, o cajá ou a mangaba, por exemplo, em sucos ou sorvetes, enquanto se toma sol olhando o inacreditável mar de Maceió.

A jornalista viajou a convite da Revista Turismo e Negócios e da Tam Linhas Aéreas.

Em Jaraguá, história e badalação

Jaraguá é ponto de encontro noturno.

Maceió também permite ao turista intercalar os banhos de mar com um mergulho na história e na cultura. Basta um passeio pelo bairro de Jaraguá para ficar por dentro de alguns aspectos que fizeram e fazem a história dos 189 anos de Maceió e também de Alagoas. O bairro abriga, por exemplo, o Teatro Deodoro, o único da cidade com capacidade para setecentas pessoas. Aconchegante e gracioso, o prédio, construído entre 1889 e 1902 em estilo italiano, com poltronas de veludo cor de vinho, foi restaurado e reinaugurado em 2003. Está aberto todos os dias da semana, sendo que nas terças-feiras é palco de peças encenadas por artistas locais com ingressos a apenas R$ 2. É no bairro que será inaugurado ainda este mês o primeiro grande centro de exposição e convenções de Maceió, com auditório para 1,2 mil pessoas e espaço para feira.

Vale a pena também conhecer o Museu Théo Brandão, de antropologia, folclore e arte popular, situado na Avenida da Praia, que abriga um acervo diverso, com peças de países como Espanha, Portugal e México. O mais interessante, no entanto, é o conjunto de peças e fotografias que mostram o folclore, a religiosidade, o artesanato e o modo de vida do povo nordestino.

O folclore é principalmente representado pelo folguedo, já que Alagoas é o estado do Brasil com maior diversificação desse tipo de encenação. São 28 folguedos e danças que vieram do continente europeu trazidas pelos portugueses, misturando-se com manifestações africanas. O ingresso ao museu custa R$ 2. Abre de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 17h.

Noite

A oferta para quem gosta de badalação noturna não é ampla em Maceió e os guias de turismo mesmo dizem que a cidade é para ser aproveitada de dia. A maior concentração de pontos de encontros noturnos está em Jaraguá. Antigo reduto da boemia, o bairro histórico hoje está praticamente todo revitalizado, seus armazéns e sobrados tiveram o formato arquitetônico preservado, mas ganharam novas cores, transformando-se em bares, boates, casas de show e restaurantes.

Além dos limites de Jaraguá, a badalação acontece em bares espalhados pela cidade e nos quiosques do calcação à beira-mar, que oferecem música ao vivo. (DS)

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