Aproveite o Pantanal por inteiro neste verão

?Green spider, green spider?! repete o guia a duas turistas alemãs. A aranha verde é uma das atrações que se escondem na vegetação do Pantanal do Mato Grosso do Sul. Não é raro encontrar europeus, asiáticos e norte-americanos que vão à região em busca de aventura. Um dos locais mais visitados é o município de Miranda, a 200 quilômetros de Campo Grande, onde há várias fazendas com pousadas e infra-estrutura para receber turistas.

A cidade é porta de entrada de um grande viveiro ao ar livre, no qual se concentram pássaros de várias espécies e cores. Também não faltam jacaré, tamanduá-bandeira, ema, arara, capivara e se o visitante tiver sorte pode até avistar um gato mourisco ou uma onça pintada à procura de comida. Antes de ir ao Pantanal imaginava que a região ainda vivia sob o domínio dos caçadores de jacarés e dos pescadores que tiravam centenas de quilos de peixes dos rios. Há mais ou menos 20 anos, eles dominavam o interior do Mato Grosso do Sul. Mas as coisas evoluíram e, hoje, embora o desrespeito à natureza não tenha acabado, houve avanços. O fortalecimento do turismo sustentável ajuda a preservar os animais e levar renda à população pantaneira.

?Causos?

Fotos, muitas fotos, é só o
que o ?novo turista? leva.

A Fazenda Baía Grande, em Miranda, é um exemplo. Com 1800 hectares, a propriedade dispõe de vários atrativos. A começar pelas histórias do proprietário Alexandre Costa Marques que, entre outras coisas, resgata a tradição pantaneira. Nas paredes do seu escritório, ele pendura fotos do avô que matava onça com zagaia (lança pontiaguda com a qual o caçador perfurava o peito do animal).

Outra tradição que Alexandre mantém na fazenda são os ?causos? pantaneiros. À noite, na pousada, é comum vê-lo contando alguns deles a algum hóspede. ?Como diz o poeta Manoel de Barros, não basta cuidar apenas da nossa fauna e da flora. É preciso cuidar também do peão pantaneiro, que está acabando?, afirma ele.

Local de turismo rural desde 2001, a Baía Grande oferece uma gama de atração a quem se hospeda em um dos seus confortáveis apartamentos. Focagem noturna de jacarés, safáris, passeio a cavalo e lida com gado são algumas das atividades. O diferencial, segundo Alexandre, é desfazer o rótulo de hotel. ?Quem vem aqui vai se sentir à vontade como se estivesse na própria casa no meio do mato?, diz Alexandre.

A Cacimba de Pedra – Reino Selvagem é outra fazenda que explora o turismo em Miranda. Com dois mil alqueires, a propriedade destaca-se na criação de jacarés (autorizada pelos órgãos ambientais). Calcula-se que existam cerca de 10 mil no local. As matrizes chocam nos banhados e os funcionários recolhem os ovos que vão eclodir nos cativeiros. Ao atingirem certo porte são vendidos para abate. Deles aproveitam-se o couro e a carne. Da criação, 10% são devolvidos à natureza.

História e índios em Miranda

tucano121207.jpgQuem vai ao Pantanal, não pode deixar de visitar Miranda, município emancipado em 1778. Uma das atrações são as aldeias dos índios Terenas, etnia que predomina na região. A maior delas é a Cachoeirinha. Na cidade, há pontos de vendas de artesanato, mas se o turista preferir, acompanhado de um guia, pode ir às aldeias, onde encontra uma maior variedade de peças.

Miranda dispõe de algumas construções históricas, a exemplo da Estação Ferroviária, a mais antiga de Mato Grosso do Sul. Há ainda a velha Usina de Açúcar Santo Antônio e a Rua do Carmo, que outrora abrigou estabelecimentos comerciais importantes.

O nome da cidade e do rio deve-se ao então governador da capitania de Mato Grosso, Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Um passeio pela cidade revela que vários prédios preservam a originalidade, como a Igreja Matriz, erguida em 1931 pelo português Manoel Secco Thomé e projetada pelo arquiteto alemão Frederico Urlass.

Uma opção de hospedagem, em Miranda, é a Pousada Águas do Pantanal. Além de excelente acomodação, no local funciona uma operadora de turismo que organiza roteiros para vários pontos do Pantanal e outras regiões do Estado. (DO)

Aproxime-se dos jacarés, sem medo

Donizete Oliveira Especial para O Estado

Uma das fazendas tem um criadouro com milhares de jacarés.

Pratos à base de jacaré servidos no almoço e jantar aguçam o paladar dos turistas. Outro atrativo é dar comida às matrizes que ficam em um lago próximo da fazenda. Dezenas de jacarés disputam um pedaço de carne bovina jogado pelos visitantes. Mas quem não se contenta em ver o bicho de longe é convidado a ir ao cativeiro e pegar um filhote.

Orientado pelo guia Cláudio José Cunha do Nascimento, que mora na fazenda, é possível sentir o pequeno réptil na palma da mão (se o tamanho ainda permitir), colocá-lo sobre o ombro e até acariciá-lo. ?Se mexer com jeito, não acontece nada?, orienta ele.

O passeio de barco é uma boa
forma de conhecer a rica
natureza da região.

Tucanos e araras dão rasantes e pousam na porta da casa na sede da fazenda em busca de frutas. Eles foram apreendidos em poder de contrabandistas e são readaptados à natureza. Pela manhã ou ao cair da tarde, é oferecido um passeio a cavalo. No trajeto, é possível observar várias espécies de aves. A atividade ganha adeptos em todo o mundo. Quase todo mês, gente de outros continentes é atraída para lá para observar pássaros na Cacimba de Pedra.

Para a administradora da pousada, Nancy Ellen, o turista encontra várias atrações no Pantanal, mas muitas ficam a critério do visitante. ?Alguns ficam até um mês aqui tentando fotografar algum animal de determinado jeito?, exemplifica.

Ajudando a preservar

Cláudio do Nascimento, guia
da Cacimba de Pedra.

Quem está apta a dar informações sobre o Pantanal é Lílian Saab, diretora da Saab Tour, agência localizada em Campo Grande que oferece roteiros turísticos diversos pela região. Ela comenta que o Pantanal dispõe de vários atrativos e, o mais importante, é que o destino mudou sua imagem perante o turista. ?Aquelas pessoas que vinham aqui há 15, 20 anos para levar 100, 200 quilos de peixes, felizmente, não vêm mais?, declara. ?Hoje, a maioria que vem, além de gerar renda, vê as coisas com outros olhos, ajudando a preservar todo esse paraíso.?

Mais informações podem ser obtidas com Lílian Saab, no Grupo de Operadoras de Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul (Gopan): (67) 3324-4947, (67) 3324-4948 ou liliansaabturismo@globo.com.

O jornalista viajou a convite da Fundação de Turismo do Estado, com apoio de Expresso Maringá, Seno Imóveis e WP do Brasil – Cartuchos Remanufaturados.

Voltar ao topo