Antártica, expedição à origem dos tempos

O homem, no seu desejo de descobrimento, é incansável. Essa ânsia de explorar cada canto do mundo o leva a regiões inóspitas, insólitas e quase impossíveis. Alguma vez passou por sua cabeça a idéia de visitar a Antártica? Se pensa que por essas terras, ou melhor dizendo, gelos, há só pingüins e muito frio, sinto dizer que está redondamente enganado. É mais, se acha que uma viagem ao continente branco é como pagar promessa passando por privações, incômodos e monotonias, vai levar uma tremenda surpresa. O turismo antártico cresce e se sofistica a cada dia. Nos anos 90s existiam só três navios oferecendo essas viagens. Na temporada 2005-2006 estão chegando 37 navios a percorrer o Pólo Sul e seus arredores. Claro, essa viagem não é como ir ao Caribe e passear vestindo ?guayabera?. Vir à Antártica é uma expedição às origens do nosso planeta, uma aula magistral sobre o cuidado que devemos ter com o frágil ecossistema no qual vivemos. Ao passar esses dias na região do Pólo Sul se aprende não só a diferenciar os oito tipos de pingüins que vivem nessas latitudes, ou a identificar pássaros, saber sobre correntes marítimas, baleias, ventos, aventuras heróicas ou estatísticas surpreendentes. A maior aula magna é sobre nossa própria capacidade de nos surpreender com as maravilhas que ainda nos oferece em estado quase virginal e prístino nossa maravilhosa Terra.

Fotos Jaime Bórquez
Só, na imensidão do continente branco, um tempo para reflexão e admiração da beleza de uma paisagem quase virgem.

Eis aqui um relato da nossa inesquecível aventura.

Estamos a bordo do MS Nordnorge, navio norueguês que nos levará a Antártica e, de brinde, daremos uma passada pelas Ilhas Falklands-Malvinas e Geórgia do Sul. Se há alguma coisa que os noruegueses sabem mesmo é da arte da navegação. Afinal, por suas veias corre sangue viking, como a de Olaf, o horrível… Eles aprendem a navegar antes mesmo de andar em triciclo ou carrinho de rolimãs. Nosso navio tem exatos 123,3 metros de comprimento, outros 19,2 de eslora e 4,7 de manga. Para navegar águas desafiantes como as do Passo Drake ou as furiosas correntes da Convergência Antártica, o motor tem que ser poderoso. Mas estamos confiantes, o Nordnorge chega fácil aos 15 nós de velocidade e seu desenho aerodinâmico inclui estabilizadores, que uma vez postos à prova, têm se mostrado generosos em brindar uma navegação tranqüila, inclusive em mares com ondas superiores aos cinco metros. Possui sete andares e, claro, um elevador para os mais preguiçosos. Um piano-bar, um café, um salão de observação e um amplo restaurante, todos com excelente vista para bordo e estibordo, facilitam a vida dos passageiros. Há também uma boutique, para aquelas comprinhas básicas. Duas suítes, dez minissuítes, 199 cabines standard e outras três para pessoas com necessidades especiais. Um barco nem muito grande nem muito pequeno. Ideal para esse tipo de viagem.

Companheiros em quase toda
a rota, os simpáticos pingüins
são a vedete de qualquer
viagem à Antártica.

Quem já navegou os sete mares sabe o que isso significa em termos de conforto, convivência e organização interna. Nada de refeições por turnos ou a obrigação de roupas sociais nem sofisticações de new rich. Um barco de luxo para expedicionários, simplesmente. Os passageiros que achamos a bordo são gente viajada, que quer conhecer e aprender sobre regiões remotas do planeta, europeus em sua grande maioria, mas há também argentinos e brasileiros. Os latinos estão pouco a pouco sofisticando seus destinos de turismo. Hoje o Caribe, Miami e outros lugares nessa linha do oba-oba estão, socialmente, em franca decadência.

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