Um universo inteiramente brasileiro

Apesar de ser um país com uma grande comunidade de gamers, o Brasil tem pouca tradição no desenvolvimento de jogos eletrônicos. Mas uma empresa de Florianópolis pretende quebrar este tabu, com um projeto digno de superprodução. Trata-se do Taikodom, um game do tipo MSG (Massive Social Game), 100% brasileiro, criado pela Hoplon Infotainment. O jogo foi recém-lançado em sua versão beta, fase ainda de testes, mas já permite a utilização por usuários comuns.

A ação do game acontece em um ambiente de ficção científica: no espaço, século XXIII. As pessoas vivem em conjuntos de estações espaciais, a imortalidade já é possível e as inteligências artificiais têm cidadania. O jogador pode pilotar sua própria nave e definir quem vai ser. São opções como pirata, transportador, patrulheiro, entre outras. Há vários sistemas estelares para navegar, e os objetivos podem ser simples, como explorar o espaço em busca de riquezas, ou complexos, como construir e gerenciar corporações espaciais. O ambiente vai evoluindo de acordo com as ações dos próprios jogadores.

Para o presidente da Hoplon e um dos criadores do conceito original do Taikodom, Tarquinio Teles, o desafio de desenvolver um game no Brasil é grande. ?Quando começamos a buscar investidores, ainda havia muito preconceito, de que games são coisas de criança?, conta, admitindo que a situação mudou um pouco a partir de 2002, quando a imprensa começou a divulgar mais pesquisas sobre o mercado de jogos eletrônicos.

Quando o preconceito deixou de ser o principal problema, a empresa começou a esbarrar na pouca experiência.

Em 2003, o sonho de Teles e seus amigos que a essa altura já tinham virado sócios começou a ficar mais próximo de ser concretizado. Eles fizeram um elaborado plano de negócios para o game, o que chamou a atenção de uma empresa de investimentos de São Paulo, que resolveu bancar o projeto.

E não é um projeto barato. Atualmente, são 72 pessoas desenvolvendo o game, desde programadores até desenhistas. ?Boa parte dos talentos brasileiros em games está aqui?, conta Teles. Ainda, como o estilo do jogo é baseado no sistema multiplayer, no qual vários jogadores em computadores diferentes compartilham um mesmo ambiente virtual, é necessário um sistema rápido e livre de erros, o que não é barato.

A solução foi obtida através de uma nova parceria, dessa vez com a multinacional IBM. A empresa forneceu um ?gameframe? um tipo de servidor projetado para suportar o alto tráfego de dados necessário aos games jogados em rede. ?O gameframe consegue atender vários usuários ao mesmo tempo, sem prejudicar a rapidez dos cálculos.? O servidor usa vários processadores Cell, que são os mesmos presentes em consoles de última geração, como o Playstation 3, da Sony.

Mesmo depois de feitas as parcerias e de fechado o investimento, Teles conta que a Hoplon se deparou com outras dificuldades: até conseguir os equipamentos necessários ao desenvolvimento do jogo foi difícil. ?Quase não temos computadores prontos no mercado com as configurações ideais para criar games. Tivemos que montar as máquinas em lojas locais mesmo?, conta.


Acima, alguns dos personagens que o usuário pode escolher.
Entre eles humanóides, alienígenas e robôs.

Produtores não temem pirataria

A pirataria não deve ser problema para Taikodom. Isso porque o game completo poderá ser baixado gratuitamente do seu site oficial (www.taikodom.com.br). Haverá, ainda, um período para o usuário experimentar o jogo.

Os pagamentos só vêm depois: para poder continuar acessando o mundo virtual, o usuário deverá pagar uma mensalidade. Durante a fase beta, porém, não há nenhum valor. É só entrar no site e se cadastrar, que o link para o download já é liberado.

Porém, como o game ainda está em sua fase beta, Teles explica que ainda são necessários alguns retoques. Segundo ele, até a metade deste ano pelo menos o ambiente de ação do jogo terá sua versão final. ?Depois, lançamos a parte tática?, diz, explicando que o usuário poderá escolher a forma com que irá jogar. ?Se ele optar pela parte tática, poderá, por exemplo, organizar os grupos que irão fazer parte da ação.?

Fora esses formatos, Teles conta que também haverá uma versão mais leve do game, em que o usuário poderá simplesmente passear pelos ambientes, sem maiores compromissos. ?Nesse ambiente, os usuários poderão até descer das naves em estações, para beber uma cerveja virtual com os amigos.?

Esse aspecto lembra um pouco o ambiente virtual Second Life. Teles admite que há semelhanças, como a possibilidade de configurar espaços e interagir com outros usuários. ?Mas há muitas diferenças também: por exemplo, no Taikodom existe a possibilidade de participar de missões de ação e estratégia, o que não existe no Second Life.?

Outras novidades que deverão aparecer com o jogo finalizado são as versões para outras plataformas (hoje, o game só funciona bem no Windows XP). ?Já funciona no Windows Vista, mas não ainda com qualidade suficiente?, diz Teles.

O game ainda deverá ganhar uma versão para Linux e outra para Mac. (HM)

Requisitos

Mínimos: Windows XP; 1.4 GHz de processador; 512 MB de RAM, 2 GB livres em disco; Geforce 5200, ATI 9600 ou placa de vídeo superior. Placa de som compatível com Direct Sound; internet banda larga e DirectX 9.0c.

Recomendados: Windows XP; 2.0 GHz de processador; 1 GB de RAM, 2 GB em disco; Geforce 6600, ATI X1500 ou placa de vídeo superior. Placa de som compatível com Direct Sound; internet banda larga; e  DirectX 9.0c.

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