Floresta Amazônica será monitorada

São Paulo – Para monitorar de forma contínua as condições meteorológicas e as trocas gasosas entre atmosfera e floresta, uma parceria entre instituições de pesquisa do Brasil e da Alemanha construirá, em 2010, uma torre de monitoramento de 300 metros de altura em plena Floresta Amazônica, a cerca de 150 quilômetros de Manaus.

De acordo com Antonio Ocimar Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o projeto tem o objetivo de gerar estimativas mais precisas sobre o papel do ecossistema amazônico no contexto de mudanças climáticas globais.

Manzi apresentou o projeto Torre Alta de Observação da Amazônia (ATTO, na sigla em inglês) no último dia 16, durante a 61.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Manaus. Será a segunda maior torre meteorológica no mundo, após uma na Sibéria.

O projeto, que integra o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), é coordenado pelo Inpa e pelo Instituto Max Planck de Química, da Alemanha. Ao custo estimado de 8,4 milhões de euros, a torre será importante para aprimorar modelos climáticos, diminuindo incertezas. Os custos serão divididos igualmente pelos governos dos dois países.

O local da construção do novo sítio experimental já foi definido: a Reserva Biológica do Uatumã, na região da hidrelétrica de Balbina. Segundo Manzi, a torre possibilitará pela primeira vez a medição contínua de condições meteorológicas, incluindo temperatura, umidade e vento, além de fluxos de gás carbônico, vapor de água e energia entre a atmosfera e a superfície.

“A torre também dará a possibilidade de fazer medidas finas de vários constituintes atmosféricos que muitas vezes são produzidos pela vegetação. Poderemos ver como eles são transportados e como reagem na atmosfera, especialmente no balanço de carbono. O grande estoque de carbono da Amazônia faz dela uma região importante no contexto do clima e das mudanças climáticas globais”, disse Manzi.

No sítio experimental, além da torre principal de 300 metros haverá outras quatro torres meteorológicas de cerca de 70 metros cada uma, voltadas para a medição de fluxos menores. “Teremos ali também perfiladores atmosféricos remotos, radares meteorológicos e outros equipamentos, além de laboratórios e prédios auxiliares. O sítio experimental será uma grande estação de referência mundial para florestas tropicais úmidas de todo o planeta”, afirmou.

Segundo Manzi, serão monitoradas as concentrações de dióxido de carbono, metano e outros gases atmosféricos. No sítio serão feitas também análises das composições isotópicas dos gases, que deverão contribuir para o entendimento das suas fontes e sumidouros.

“Hoje, esse tipo de dados é gerado principalmente com balões, que medem poucas variáveis, ou com aviões, que apesar de obterem dados com boa variação espacial, são muito limitados para estudar as variações ao longo do tempo”, explicou.

Toda essa estrutura permitirá modelar de maneira mais realista o funcionamento dos ecossistemas do ponto de vista das trocas de energia e dos ciclos de nutrientes. “Além disso, poderemos conhecer melhor todos os processos de transporte na baixa atmosfera, na camada limite e também os de transformação de nuvens em chuva”, afirmou.