Cientistas avançam na pesquisa genômica

O cerco está se fechando, apesar de o alvo exato ainda estar longe de ser encontrado. O trabalho paralelo de centenas de pesquisadores em várias partes do mundo, inclusive brasileiros, acaba de gerar informações genômicas essenciais para o futuro desenvolvimento de fármacos e até mesmo de vacinas contra doenças bastante conhecidas do terceiro mundo.

A última edição da revista Science traz como assunto de capa as importantes conclusões dos seqüenciamentos dos genomas dos parasitas responsáveis pela doença de Chagas, pela doença do sono e pela leishmaniose. Os cientistas identificaram 6,2 mil genes comuns aos três parasitas, posicionados em ordem similar em cada um dos genomas.

São oito artigos sobre o assunto. Três sobre os genomas (Trypanosoma brucei, Trypanosoma cruzi e Leishmania major), outro que compara todos os seqüenciamentos, dois relatórios de pesquisa relacionados ao tema, o editorial e um artigo na sessão Perspective, assinado por Carlos Morel, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, e colegas.

Morel, ex-presidente da instituição fluminense, também dirigiu o programa especial para pesquisa e treinamento em doenças tropicais da Organização Mundial de Saúde (OMS). Para ele, países em desenvolvimento estão mostrando uma grande habilidade quando o assunto são inovações na área de saúde.

Pelos números apresentados pelo pesquisador, tais países investiram até hoje mais de US$ 2 bilhões em pesquisa na área. Em termos de produção (patente por produto interno bruto), nove países pobres estão na lista dos 25 mais produtivos: Índia, China, Brasil, África do Sul, Tailândia, Argentina, Malásia, México e Indonésia. Segundo Morel, apesar de todo esse avanço, é preciso que a comunidade global da área de saúde se envolva ainda mais com os sistemas de inovação.

?O seqüenciamento dos genomas dos três parasitos constitui, a meu ver, um belo exemplo do que a cooperação internacional pode conseguir na área de doenças negligenciadas?, disse Morel à Agência Fapesp. Além da habilidade de caminhar no sentido da inovação, o cientista lembra da importância das redes de inovação em saúde, estabelecidas entre os pesquisadores envolvidos com as doenças tropicais: ?Elas têm um papel fundamental?. 

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