Sem medo da luta

Artes marciais atraem cada vez mais mulheres ao ringue

Mesmo existindo – e sendo admiradas e praticadas desde a antiguidade, até pouco tempo atrás, a prática de artes marciais, como o boxe, era um hábito quase exclusivamente masculino. Mas esta história vem mudando aos poucos. Hoje, é possível perceber que as mulheres também podem se aventurar nos ringues: como atletas, para aprender técnicas de defesa pessoal, aliviar o estresse ou entrar em forma. Em 2012, elas conseguiram uma importante conquista no esporte, durante as Olimpíadas de Londres. Foi nesta edição dos jogos que o boxe feminino passou a integrar a lista das modalidades olímpicas, mais de cem anos depois da inclusão do boxe masculino no programa olímpico da Era Moderna, em 1904.

Segundo o instrutor de boxe da Academia BlackBelt MMA, Élcio José Rodrigues, o boxe vem atraindo cada vez mais o público feminino. “Temos notado uma presença maior de mulheres na academia. Elas procuram o boxe como meio de defesa e principalmente para manter o corpo saudável e emagrecer”. E as aulas, repletas de golpes e esquivas, acertam em cheio as gorduras. O instrutor conta que, em um treino de uma hora, é possível perder entre 850 e 1200 calorias.

Com este alto gasto calórico, é possível eliminar os quilinhos extras e adquirir condicionamento físico. “O boxe tem como benefícios o emagrecimento e o fortalecimento dos músculos das pernas, braços e abdômen. É uma modalidade completa que trabalha a parte aeróbica, cardíaca e muscular, melhorando a resistência, postura e a coordenação motora”, diz Élcio. Podendo ser praticado por mulheres de todas as idades, as restrições são apenas para quem já tem histórico de problemas no coração, coluna ou joelhos.

Quem confirma as vantagens de praticar boxe é a secretária e estudante Nicole Muniz, de 17 anos. Ela conta que não é fã de academia, então, as lutas acabaram sendo sua opção de esporte e lazer. “Nunca gostei de musculação e academia, mas queria fazer uma atividade física. Por isso, acabei escolhendo o boxe”. Treinando há pouco mais de três meses, Nicole aprova os resultados. “Estou gostando bastante e notei uma melhora no meu corpo. Com o boxe, consegui emagrecer e ficar com a barriga, pernas e bumbum durinhos”.

Outra jovem que foi conquistada pelo esporte é a estudante Bárbara Doval, 17 anos, que começou as aulas de boxe e muay thai em fevereiro. Ela pratica duas horas todos os dias, uma de cada modalidade. “Faço para manter o condicionamento. Antes, já fiz natação e judô, mas estou gostando bastante das lutas”, conta a estudante, que tem a companhia de boa parte da ala feminina da família para manter o pique, já que mãe, irmã, tia e prima também fazem algumas das aulas com ela. Bárbara ainda conta que não liga para os eventuais roxos que fazem parte da prática dos esportes. “A única coisa que preciso fazer é deixar as unhas curtas porque pode machucar e dificultar na hora de colocar a luva”, explica.

Divulgação

Prata da casa

O boxe já revelou grandes talentos como Muhammad Ali, Evander Holyfield e Mike Tyson. Representando o Brasil, tivemos os atletas Éder Jofre, Maguila e Popó. Mas, no Paraná, não podemos nos esquecer de Rosilete dos Santos. Aposentada desde julho do ano passado, a campeã mundial emérita de boxe pela Women’s International Boxing Association (WIBA), a lutadora está longe de deixar o esporte. Junto com o marido, o ex-boxeador e campeão mundial Macaris do Livramento, ela é proprietária de uma academia de boxe no centro de Curitiba, que também conta com mulheres praticantes da modalidade.

,“Estamos pensando em montar uma turma exclusiva para as meninas, elas estão pedindo”, diz Rosilete. Segundo a ex-boxeadora, essa turma seria focada mais no fitness. Atualmente, elas treinam junto com os homens, até porque não existe diferença entre as aulas, o que muda é a intensidade. “Ao contrário do que as pessoas pensam, a aula é bem descontraída e não existe contato físico. É importante ressaltar isso”, explica Rosilete, lembrando o fato de que só luta quem quiser. O treino é baseado no condicionamento e em simulações dos golpes que trabalham diversas partes do corpo.

Colaborou: Brunno Brugnolo