A moda agora é trabalhar em escritórios compartilhados

Autônomos, freelancers, empresários modernos e outros profissionais que não têm recursos financeiros para tocar o próprio negócio ou não se adaptam ao home office encontram nos escritórios compartilhados – coworking  – a alternativa ideal. Esse tipo de serviço se torna econômico e flexível, já que é possível fazer contratos de curto prazo e não há necessidade de se preocupar com infraestrutura, aluguel e internet, além de poder definir o horário mais adequado.

Além do custo-benefício, o networking, ou seja, a possibilidade de ampliar a rede de contatos, é outro atrativo deste modelo de escritório, que nasceu em 2005, na Califórnia, nos Estados Unidos. Em Curitiba, o primeiro foi inaugurado em 2010 pelo publicitário Ricardo Dória, ex-funcionário de uma agência de publicidade e que hoje se dedica ao Aldeia. “Na verdade, o conceito nasceu nos Estados Unidos, mas esse modelo é mais antigo, como, por exemplo, as cooperativas de escritores em Paris”, diz.

Hoje, já são pelo menos seis escritórios de coworking na capital paranaense. Segundo o site Deskmag, são quase 2500 espaços em todo o mundo e mais de quatro são abertos por dia. Por experiência própria, Ricardo percebeu que muitos de seus colegas freelancers e autônomos não tinham um local próprio para trabalhar. “Eles ficavam deslocados e percebi que precisavam de uma estrutura para se organizar. Se trabalhassem em casa, não teriam o relacionamento social”, disse.

Diante deste problema, ele pensou em montar uma cooperativa de freelancers de propaganda. Mas sua visão mudou depois de uma visita a um escritório compartilhado em São Paulo.  “Percebi que qualquer pessoa pode usufruir do espaço”, afirma. São quase 100 coworkers que utilizam os escritórios em Curitiba e Londrina. “Temos um público bem variado, como programadores, designers, ilustradores, um oceanógrafo, uma blogueira, até um programador do Alasca que está viajando de moto e aproveitou nosso escritório para trabalhar”, lembra.

Assim como Ricardo, o jornalista André Pegorer largou a profissão para virar empresário do ramo. Em 2011, ele fundou o Nex. Lá, a maioria dos 70 coworkers é formada por mulheres. Para ele, mais importante que proporcionar um ambiente adequado para esses profissionais, a conexão entre eles é fundamental.

“A grande sacada é a rede. Nossa proposta é gerar conexões entre as pessoas. Uma vez por semana, oferecemos um café coletivo para todos os membros para eles se conhecerem”, afirma. Outra característica do escritório colaborativo é que o coworker pode ser ele mesmo e não existem restrições quanto ao modo de se vestir, por exemplo. “A diversidade de perfil dos membros é muito grande. Um consultor de seguros vem de terno e gravata e o publicitário vem trabalhar de bermuda e tênis”, exemplifica.    

Networking

A intenção de André já surtiu efeito: o networking entre os coworkers já rendeu algumas parcerias, caso das arquitetas Francis Bergmann Bley e Adriana von Bathen. As duas abriram um negócio e trabalhavam em casa até que conheceram o Nex por indicação de uma amiga. Há cerca de oito meses, elas frequentam o espaço. “Nós alternávamos o trabalho na casa de uma ou da outra. Quando precisávamos atender clientes íamos até eles, o que nem sempre é o ideal. Agora, temos um espaço para isso”, explicam.

A interação das arquitetas com outros coworkers ainda rendeu uma parceria com a profissional de marketing, Erica Marques, que trabalha no projeto de uma pizzaria. Erica trabalhava em escritório e disse que o custo para mantê-lo é muito alto em comparação com o colaborativo. “Hoje eu invisto em torno de R$ 600, mas se tivesse que manter o escritório pequeno para três pessoas gastaria no mínimo R$ 2.500 mensais”, explica.  

A professora de inglês Alessandra, Will é paulista e está há sete anos em Curitiba. Depois de assumir a direção de uma escola de idiomas, ela decidiu trabalhar por conta, basicamente com tradução. Começou trabalhando em casa, mas, com o tempo, o isolamento foi um dos fatores que a levou a procurar um escritório compartilhado. “Em casa você perde o contato pessoal e não tem hora pra trabalhar. Tem que aprender a se disciplinar. Comecei duas vezes por semana, hoje venho quatro vezes”, diz a professora, que já está na fila para trabalhar com Erica num projeto futuro.

Felipe Rosa
Adriana e Francis: novas parcerias.