A verdade que assusta

O resultado do Atlético de Mário Celso Petraglia, o presidente que sumiu, está no campo: depois de submeter a sua torcida à humilhação dos 3×0, ao grande rival na final do Estadual; depois de fracassar na Libertadores, porque, submetendo-a ao negócio com o vôlei, empurrou o jogo contra o Santos para a Vila Capanema; depois de submetido à humilhação dos 6×0 pelo Grêmio, saiu atropelado da Copa do Brasil, agora, terá que enfrentar essa viagem que faz em direção ao caos, que é a de passar o trauma para não ser rebaixado.

A derrota para o São Paulo escancarou de uma vez por todas o projeto mentiroso do futebol rubro-negro: já em final de temporada, o Atlético que se apresentava futurista, apareceu no Pacaembu, com medo de perder. Ressuscitando o ferrolho há décadas enterrado, jogou atrás da linha da bola, que traçou no seu próprio campo. Por ter sido condicionado a só não perder, o gol de Coutinho o assustou; e, despreparado para ir ao ataque com Nikão e Gedoz, abriu-se para o São Paulo ganhar por dois a um.

No futebol, um estádio coberto por teto retrátil, um gramado sintético, dinheiro à granel não são sinais do êxito humano. No futebol, todas essas realizações tornam-se acessórias diante do projeto a que se propõe para a bola. Quando esse se torna uma farsa, e a farsa é descoberta, a verdade que aparece é aterrorizadora. A certeza imprimida pelo jogo do Pacaembu é a de que o Furacão está com um time estropiado sob todos os ângulos, e um técnico que, alienado às imposições do comando, já não sabe mais o que fazer.

E o tempo vai

A derrota para o Grêmio (1×0), no Couto Pereira apontou todos os indicativos para o Coritiba ser rebaixado. Destaco dois: jogando certo, quando não foi superior, o Coxa, no mínimo manteve a partida em equilíbrio. Mas por não ter qualidade de conclusão, criou a tendência de perder no fim do jogo, como ocorreu.

Em um jogo de ações iguais, em especial quando o adversário tem talento, como o Grêmio, não basta jogar certo. É preciso ter o mínimo de qualidade para transformar em gol as poucas chances que surgem. E é essa falta de qualidade que tornou dramática a situação dos coxas. A qualidade que Ramiro teve aos 46 minutos do segundo tempo para marcar o gol gaúcho, faltou para Werley, Rildo e Henrique Almeida. E, aí, não tem solução. A falta de qualidade é da natureza do jogador.