Surfistas

Os coxas estão vivendo em pânico, e olham para o treinador Paulo Cesar Carpegiani como se ele fosse o início e o final desse estado. Depois, Carpegiani irá embora, virá outro treinador, e o pânico continuará, mas será de outra natureza: sufocante. E, aí, virá outro treinador, e outro treinador, e então o pânico será mortal. Não se convencem, que mais grave que a sensação de pânico, é o estado de erro que encravou no seu interior e que se tornou uma praga.
Só depois é que os coxas descobrirão que a origem do início e o fim desse estado, é a crise de autoridade. Não no sentido de mando, porque para esse basta a ignorância, e essa atualmente não falta pelas bandas do Couto. É no sentido de capacidade de gestão para criar uma estrutura que mude tudo: pessoas, ideias que devam ser pregadas para a torcida ser compreensiva e não estragar projetos, propostas, que às vezes sacrifique vitórias, que acabe os vícios mantidos para proteger interesses individuais, como saída de Luccas Claro, a vinda de Anderson e Belletti, o desprezo a projetos de jovens idealistas como Ricardo Guerra. Mas é ai que se assenta o grande problema do Coritiba: de imediato não há nenhum coxa disponível com essa capacidade, como foram Joel Malucelli e Sergio Prosdócimo, depois Giovani Gionédis, e mais recente, nos dois primeiros anos, Vilson Ribeiro de Andrade. A crise de autoridade no Coritiba é tão grande, que o clube terá que eleger outro por exclusão. E, aí, é certo que surgirá outros Bacellar, Macedo e Alceni. Afinal, os “surfistas” sempre estão rondando o Couto Pereira.
Não é razoável ter esperança com Bacellar, Alceni Guerra e Fernando Macedo, que de tantas trapalhadas pode acabar sendo uma nova versão de Shemp, Larry e Moe. O Coritiba precisa agora de um choque. Esperar até dezembro pode sinalizar com um estado temerário, que para recuperar dependerá do tempo que viveu até aqui.

Produto de Deus

Chamava-se Enni e foi para o céu. O nome simples foi proposto por Deus. Deus sabia o que fazia: não precisavam mais de quatro letras, pois a sua grandeza interior tinha o tamanho exato para concentrar todas as virtudes que Ele gostaria ver no ser humano. A fé, a bondade, e o humanismo, eram os instintos de sua ação. Sou muito frágil e inexpressivo para escrever sobre coisas de Deus. Para Enni, o poema de Fernando Pessoa é a medida exata: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.