Precisamos falar sobre o Atlético I

Em um inusitado pedido de licença, porque esse não se faz com data retroativa, Mário Celso Petraglia mandou avisar que está afastado da presidência do Atlético para tratar de assuntos pessoais.
Quais são os assuntos pessoais de Petraglia?
A submissão dos assuntos do Atlético, de caráter urgente que ele transformou em problemas por falta de fiscalização, só poderia ser compreendida, em tese, em duas hipóteses: ser detido na nova etapa da investigação do processo da Polícia Federal que tem como objeto supostas contas que teria aberto no exterior, ou assunto familiar, que não é necessariamente assunto pessoal.
Descartem a primeira hipótese de compreensão da licença: se fosse detido, mesmo de forma compulsória, ainda, assim, não seria motivo para se afastar do Atlético. Agora mesmo, temos um presidente da República, que está denunciado, e nem por isso deixa de tocar o Brasil.
Se for assunto familiar, depende da sua natureza. Mandar avisar, às escondidas, que está em licença até o final do ano, com o time disputando o rebaixamento, com todo o patrimônio hipotecado, a Baixada penhorada e podendo ir a leilão, imprimir a generalidade de “assuntos pessoais”, como motivo, sugere um gesto covarde.
Pois quero lhes dizer, que investigar a verdade real para o afastamento de Mário Celso Petraglia é irrelevante.
Há questões mais importantes, que embora decorrentes desse ato, tornam-o secundário, e que precisam ser enfrentadas: por que Petraglia não renunciou? Por que não levou todos os seus secundários juntos? Não a renúncia sob condições para constranger pessoas de bem como é ensinada pela sua escola de arbítrio, mas a renúncia como gesto de nobreza, que é aquela incondicional, que permite a instituição exercer o direito de discutir a sua vida presente e futura, sem que esteja amarrada aos interesses de um grupo especifico de pessoas.
Todas as circunstâncias estariam (e continuam) presentes para que Mário Celso Petraglia explicasse uma renúncia: o seu desgaste pessoal com a torcida é escancarado, não conseguindo ser compreendido por uma fase ruim do futebol; só um fato extraordinário evitará a eliminação do Atlético da Copa do Brasil e da Libertadores; o Furacão está entre os últimos colocados do Brasileiro, e a cada rodada, pela absoluta falta de comando, materializa a tendência de disputar o rebaixamento; o CT do Caju está indisponível por hipoteca; a Baixada penhorada em processos judiciais já a caminho de sentença, por dívidas líquidas e certas de que com encargos batem em 400 milhões de reais.
Os petraglistas afirmam que Petraglia se afastou para resolver politicamente o problema da Baixada. Então ao licenciar a sua representação, prefere agir como lobista do que ser presidente do Atlético, o que iria comprometer, ainda mais, a sua presença na negociação.
Esse é um assunto para amanhã.