Omissos e submissos

Nesse sábado (24), os conselheiros do Atlético estarão reunidos para aprovar uma nova proposta de Mário Celso Petraglia. É possível afirmar porque não são conselheiros do Atlético, mas “conselheiros” de Petraglia, aprovando tudo o que a ele interessa. Um conselheiro atleticano sério já levantaria a seguinte questão: o edital convoca o órgão para adaptar os estatutos do clube à Lei de Responsabilidade Fiscal (PROFUT). Genérico, o edital afasta-se de forma proposital de qualquer proposta especifica.

Não quero e nem posso afirmar com isso que as proposições a serem feitas estarão carregadas de interesses divergentes aos do Atlético. Não é razoável que, obrigado a ser transparente, o presidente do Conselho Deliberativo, tendo formação jurídica, não tenha especificado quais são essas adaptações, oportunizando aos conselheiros estudos para debater na reunião. Na generalidade, sempre há um componente perigoso.

Sempre omissos e submissos, os conselheiros concorrem diretamente para a conversação do secretismo de um poder, que já não consegue mais disfarçar o seu esgotamento.

Será que nenhum desses conselheiros tem a sensibilidade (nem trato da lucidez pelo raciocínio) de cobrar o esvaziamento popular do Atlético? A redução para 8,5 mil pagantes é um fato assustador. Torna-se mais grave por ser um número que está sendo adotado como média por jogo.

Se algum conselheiro leu “Eu tenho um sonho”, a mais nobre lição de vida de Martin Luther King, aprendeu que “o que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas”.

A causa não é o resultado de campo, pois a torcida já aprendeu a viver de ilusão e de promessas. A causa está no tratamento arbitrário, e por isso desumano, que é dado à torcida. Há cerceamento da liberdade plena de torcer, há ilegalidade no regulamento do sistema biométrico (não trato da sua implantação, da qual eu sou a favor), e há excessos praticados por seguranças na fiscalização pessoal de torcedores, dando à Baixada um ambiente de cárcere.