O idealismo já não é mais a substância que move os clubes, todos sabemos. Hoje, sem exceção, já não é possível separar interesses: os do clube e os dos dirigentes integram uma única esfera. Mas isso só é possível em razão da proteção dada pelos conselhos deliberativos, a exceção do Santos, São Paulo e Palmeiras, Vulneráveis por falta de personalidade, tornam-se covardes diante das atitudes do poder.
Não sei se na história do futebol brasileiro existirá um exemplo tão forte e tão objetivo, que independente de prova, de submissão ao poder, como os conselheiros do Atlético. Covardes, praticaram a maior injustiça na história do clube ao aceitarem a promoção de Mário Celso Petraglia e seu lugar tenente Sallim Emed, para expulsarem o ex-presidente Marcos Malucelli.
Só para lembrar: de ofício, o Conselho de Ética instaurou procedimento contra Marcos Malucelli em razão da contratação do uruguaio Morro Garcia. Ficou provado em dois processos, da 15ª e 21ª Vara Cíveis, que o negócio foi absolutamente legal. A sentença que julgou improcedente as ações foi confirmada pelo Tribunal de Justiça.
Injustiças nunca morrem. Um dia desses fui provocado por uma matéria da Gazeta do Povo, sob o título “Era Petraglia já rendeu ao Atlético quase meio bilhão só com venda de jogadores”. Entre os jogadores negociados estão os mais recentes: Nathan R$14,9 milhões; Hernani R$29,8 milhões, Otávio R$18,65 milhões, e Douglas Coutinho R$12,00 milhões. As cessões dos direitos desses jogadores renderam ao Atlético o valor de R$ 73,35 milhões.
Mas o detalhe mais importante não é o valor de cada negócio, mas quando e como o Atlético incorporou ao seu patrimônio esse ativo: foi exclusivamente na administração de Marcos Malucelli, aquele mesmo que foi expulso pelos conselheiros por ter causado um “prejuízo vultoso” ao Atlético.
Anotem: Douglas chegou em 2009, 100% do CAP. Hernani chegou para o Sub-15, em 2009 com parceira de 70% para o CAP e 30% para os empresários Eder Aleixo e Alexandre; Nathan chegou para o Sub-15, em 2009, com parceria de 70% para o CAP e 30% para Osmair e Robertinho, ex-jogadores do clube; Otávio chegou para o Sub-15 com 70% do CAP.
E todos, a exceção de Hernani, cujos direitos foram adquiridos de Eder Aleixo (ex-jogador do Galo) por 150 mil reais em duas parcelas, sem correção e sem juros, e só pagas quando foi profissionalizado, todos vieram sem custo para o Furacão.
Mas não é só isso. Os italianos querem Matheus Rossetto, que chegou junto com Nathan em 2009, e o treinador Soares aposta em Matheus Anjos, que fez teste em julho e voltou em dezembro de 2011. E ainda como ativo há os direitos sobre o vínculo de Marcos Guilherme, que já rendeu dinheiro.
Presumo que os conselheiros, e em especial o presidente Sallim Emed, tomando conhecimento do fato irão propor a reversão da pena a Marcos Malucelli. Não precisa muita coisa. Bastam apenas ser homens.