Jogo de ilusão

Em Porto Alegre, Grêmio 0x0 Atlético Paranaense.

Não há nada mais forte do que a ilusão. No futebol, ela exerce uma influência tão grande que, às vezes, nos cria o sentimento de que o nosso time é o melhor que existe. O poema Carlos Drummond de Andrade deixou escrito: “O povo toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho”.

Quando a levamos para a arquibancada, praticamos o pecado do egoísmo. É que não aceitamos nada a não ser a vitória. Vejam só o Atlético. Em Porto Alegre, tinha tudo para ganhar: vindo de quatro vitórias retumbantes, acertado por Soares, estava cheio de si. Jogava contra um Grêmio desfigurado, com reservas e sem compromisso.

Mas o Furacão foi leal demais com a tradição gaúcha. Cometendo o pecado de isolar o excelente Nikão na ponta, com um jogo retraído, não quis perder. Jogando à espera da casualidade, quis ganhar. E aconteceu mais do que uma jogada casual. Foram três bolas de jogadas bem trabalhadas para fazer o gol: a que Sidcley, ao invés de sair pela direita, chutou em cima do goleiro; a com Ederson, que perdeu como sempre porque chutou sem ter a consciência de onde estava; e, a última da cabeça de Guilherme, que maltratou, agora, o que era real: o Atlético jogava melhor e merecia ganhar.

Como todo o atleticano, quando a bola de Guilherme foi para fora, fui dominado por uma terrível nostalgia.

E se uma dessas bolas caísse nos pés ou na cabeça de Jackson do Nascimento, Washington, Assis, Alex Mineiro, Sicupira e Kleber “Incendiário”?

Mas, aí, não é caso de ilusão. É de sonhar.

Mesmo ao relento na ponta esquerda, Nikão foi o melhor.

Consolo

No Couto Pereira, Coritiba 0x0 Santos.

A chuva fez bem aos coxas. É que ela equilibrou a disputa individual, remetendo o jogo para o campo tático. E aí, já no segundo tempo, o Coritiba foi superior. Com Iago e Carleto poderia marcar, mas o goleiro Vanderlei salvou. Em um ou outro contra-ataque, o Santos buscou o equilíbrio. À essa altura parecia o jogo de Santos: os coxas chutando e Vanderlei salvando.

O empate sem gols não foi justo para o time paranaense.

Mas ficou o consolo, de que esse ano não haverá mais Vanderlei.