Toy Story da vida real

Bebês reborn têm parto simulado, teste do pezinho e certidão de nascimento em Curitiba

Bebê Reborn em Curitiba - Artesã Aline Lima, de 32 anos, é quem trouxe a novidade pra capital
Artesã Aline Lima, de 32 anos, é quem trouxe a técnica de reborn pra Curitiba. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Você já pensou em assistir a um parto realista, mas sem as dores, médicos, sangue e choro do bebê? Em Curitiba, essa situação já é uma realidade e, inclusive, um modelo de negócios. Com bonecas bebê reborn ultrarrealistas, adultos e crianças podem viver o processo de nascimento ou adoção, com direito à maternidade, certidão de nascimento, carteira de vacinação e até mesmo enxoval completo.

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A artesã Aline Arada de André Lima, de 32 anos, é quem trouxe a novidade para a capital paranaense. “Eu trabalho com bebês reborn há quatro anos e sempre quis fazer a versão empelicada, ou seja, dentro da bolsa, para simular um parto. E até chegar nessa versão fiz vários testes, com diferentes materiais. Tem gente que adora, mas também tem aqueles que não gostam, que acham estranho. Mas foi algo que deu muita visibilidade ao meu trabalho”, conta.

Para viver a experiência, o cliente deve fazer a encomenda prévia da boneca. “O processo de entrega dos bebês é todo personalizado. A pessoa chega, adulto ou criança, nós colocamos um jaleco e entramos na ‘maternidade’, como se fosse real. Caso seja o bebê empelicado, nós realizamos o ‘parto’, ou então a adoção, caso seja somente a boneca”, explica. Além disso, a artesã realiza a pesagem, tira as medidas, faz o teste do pezinho e entrega a carteira de vacinação e certidão de nascimento do reborn. Antes de ir pra casa, o cliente também pode comprar as roupas para reborn, acessórios e montar o enxoval do novo membro da família.

Arte reborn

Os chamados bebês reborn, termo em inglês que significa renascer, são criados a partir de técnicas de pintura e moldes que dão aos bonecos características muito semelhantes a bebês biológicos. Ao encomendar, o cliente pode escolher detalhes como cor do cabelo, tom de pele, cor dos olhos e até traços físicos. “Muitas pessoas nos trazem fotos dos filhos pequenos ou até de si mesmo para reproduzir nos bebês. A partir disso eu busco moldes que sejam o mais próximo possível da imagem, como o formato do rosto, por exemplo, e faço a pintura de acordo com o modelo pedido”, explica a artesã.

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Com o aumento da procura e também divulgação da arte, Aline conta que algumas pessoas acabam se assustando com os valores. “Como é algo muito novo, as pessoas não sabem o valor de cada bebê. Isso não é só uma boneca, existe todo um trabalho de confecção, um processo de realismo e pintura. As pessoas têm se mostrado curiosas e até gostam da ideia, mas se assustam ao ver que não é o mesmo preço de um brinquedo de loja”, afirma.

Versão empelicada, ou seja, dentro da bolsa, simula um parto.
Versão de bebê reborn empelicada, ou seja, dentro da bolsa, simula um parto. Foto: Arquivo Pessoal.

Quanto custa uma bebê reborn?

No ateliê de Aline, no bairro Cajuru, os bonecos reborn custam a partir de R$ 1.500,00. Caso o material escolhido seja o silicone sólido, o valor parte de R$ 1.900,00. E para aqueles que querem viver a experiência do parto, há um acréscimo de R$ 150,00 no preço final.

Bonecos bebê reborn custam a partir de R$ 1.500,00. Caso o material escolhido seja o silicone sólido, o valor parte de R$ 1.900,00. Fotos: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Mamães de bebês reborn

A professora Michelle Sprea sempre gostou de bonecas, mas iniciou sua jornada como colecionadora de bebês reborn ainda na juventude, quando encomendou a primeira peça de fora do Brasil. “Nessa época, minha prima ganhou um boneco de brinquedo que parecia muito real, fato que me despertou para essa arte. Comecei a procurar na Internet aquele tipo de boneca e conheci os reborns”, lembra.

As colecionadoras dizem ainda que sofrem com julgamentos em locais públicos e, em alguns casos, de familiares e até amigos. Na foto, a colecionadora Michelle Sprea.
As colecionadoras dizem ainda que sofrem com julgamentos em locais públicos e, em alguns casos, de familiares e até amigos. Na foto, a colecionadora Michelle Sprea. Foto: Arquivo Pessoal.

Hoje, aos 44 anos, Michelle conta com uma coleção de 35 bonecas, mas que já chegou a ter 100 bebês. “Pra mim, o sentimento é muito especial. Não posso dizer que é um amor de filho, pois não é. Nós temos plena consciência de que eles não são reais. Mas é impossível segurar um reborn e não ter novamente aquele sentimento materno, de quando tive os meus filhos”, ressalta.

Apesar de ser questionada pelos curiosos, a professora reforça que os bebês não têm o propósito de substituir os seus próprios filhos. “Muita gente acha que eu tenho os reborns pois queria ter mais filhos e não posso, ou que perdi algum, mas não é esse o caso. Tenho três filhos e sou completamente realizada como mãe. O reborn não é algo que vem para preencher uma lacuna, mas sim algo colecionável, como carrinhos, por exemplo”, esclarece Michelle.

Mesmo com as explicações, as colecionadoras ainda sofrem com julgamentos em locais públicos e, em alguns casos, de familiares e amigos. “Nós costumamos promover encontros de mamães reborn e, quando somos vistas com as bonecas, é comum perguntarem se é por não termos filhos ou se nós perdemos algum bebê. As pessoas assimilam o reborn com a falta de algo. Preconceito nós sempre vamos sofrer, por sermos adultas e estarmos com bonecos”, destaca.

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Apesar dos olhares de estranheza, a psicóloga e professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo, Kátia Biscouto, orienta que o hábito faz parte do chamado ‘colecionismo’. “Colecionar não é um problema. Esse costume só deve ser acompanhado quando passa a gerar sofrimento ou prejuízo para o indivíduo. Para quem vivia sozinho, a companhia de um boneco pode ser um benefício. Mas para quem tinha uma vida social ativa, trocar a convivência com outras pessoas para se dedicar somente à coleção é um problema. Mas esses limites variam de pessoa para pessoa e também dos estilos de vida”, aponta.

“É impossível não se sentir feliz, agraciada por ter um bebê no colo novamente. Ainda mais eu, que sou mãe, e remeto ao período em que minhas filhas eram pequenas. Eles não vieram pra fechar nenhuma ferida emocional. Sou apaixonada pelos reborns. Parece uma coisa meio louca, mas não é. É sadio e nos traz somente sentimentos bons”, finaliza Michelle.

"O reborn não é algo que vem para preencher uma lacuna, mas sim algo colecionável, como carrinhos, por exemplo”, esclarece Michelle, colecionadora de reborns.
“O reborn não é algo que vem para preencher uma lacuna, mas sim algo colecionável, como carrinhos, por exemplo”, esclarece Michelle, colecionadora de reborns. Foto: Arquivo Pessoal.
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