Você piscou e o ano de 2026 está logo ali, assim como as confraternizações de fim de ano da empresa, o amigo secreto da família e a extensa lista de metas pensadas ao longo dos meses. O acúmulo de todas essas atividades tende a causar ansiedade, como explica o psiquiatra Roberto Ratzke, do Hospital Heidelberg.
“A ansiedade é uma emoção negativa que ocorre quando há uma sensação de que algo está errado. Quando acaba o ano, a gente acha que tem que resolver tudo e não, não temos. Na realidade, muitas coisas não precisam, necessariamente, serem concluídas até o final do ano”, afirma.
De acordo com Ratzke, essa “síndrome do fim de ano”, como popularmente é conhecida, está atrelada a uma pressão cultural. Portanto, ele reforça que é importante lembrar que o calendário é arbitrário e não causa impactos diretos na saúde.
“Tem essa ideia de que o final do ano é o final de ciclo. Eu acredito que em outros países, talvez do hemisfério norte, isso seja menos relevante. Porque o ano escolar lá, por exemplo, é de um verão para outro verão, da metade do ano para outra metade. Então as pessoas meio que se acostumam com o final do ano como o que eles chamam de férias de inverno, né? Algo menos relevante do que aqui”, explica.
Para o psiquiatra, tirar o pé do acelerador e encontrar maneiras de manter o equilíbrio é a melhor maneira de aproveitar os últimos meses do ano. Isso porque, quando a mente não se sente pressionada, o corpo reage melhor.
Como desacelerar a mente no fim do ano?
Segundo Ratzke, o primeiro passo para alcançar tranquilidade é organizar o tempo. O recomendável é não se sobrecarregar e querer resolver tudo no mesmo dia.
O segundo passo é incluir uma percepção maior sobre a própria respiração. Isso porque, quando os primeiros sinais de ansiedade aparecem, parar o que está fazendo e tentar fazer exercícios de respiração ajudam a acalmar.
“Existe uma técnica chamada 478, que é: quatro segundos de inspiração, sete segundos segurando o ar e oito segundos expirando, ou seja, soltando o ar mais devagar”, explica.
Outra técnica recomendada para os ansiosos é chamada mindfulness. Ratzke explica que ela consiste em se concentrar em barulhos do próprio ambiente, como a batida do coração, os passarinhos cantando, e assim por diante. “Fecha os olhos para ter menos estímulo, fica sentada. É importante ter momentos em que você tenha pausas durante o seu dia a dia para poder relaxar”, ressalta.
Diante das inúmeras reuniões sociais de fim de ano, as pessoas tendem a se sentirem mais estressadas. Para estes casos, o psiquiatra recomenda pensar bem se existe o interesse em participar.
“Você não deve ser forçado ou se forçar a participar de eventos que você não está tão interessado. Então, escolher os amigos secretos que você vai participar, dar menos importância aos que os outros pensam de você é fundamental”, destaca.
Fique longe das telas
O especialista também reforça a importância de viver longe das telas. Segundo ele, é importante dedicar o tempo para encontrar os amigos de verdade, as pessoas que te fazem bem, sempre pessoalmente.
“Ficar menos no celular é uma dica bastante importante, porque o celular gera estresse. As redes sociais geram estresse, especialmente no final do ano. Isso porque as pessoas vão postar que todo mundo está feliz, são apenas imagens falsas”, afirma.
Além dos encontros, o médico indica a prática regular de exercícios físicos, tanto de força, quanto cardiovasculares.
O que fazer com as metas de fim de ano?
Segundo o psiquiatra, muitas pessoas acabam deixando para dezembro todas as metas mirabolantes. O ideal é fugir delas e apostar nos objetivos mais simples. “Você vai de metas menores até metas maiores. Você não vai mudar toda a sua vida só porque um ano passou”, ressalta.
Ratzke explica que o fim de ano é o momento em que muitas pessoas tendem a se sentirem sobrecarregadas e sozinhas. Antes de idealizar um ano inteiro, é importante dar mais atenção a esses sinais de esgotamento.
Quando os sintomas começam a prejudicar a vida pessoal e profissional, o psiquiatra recomenda que as pessoas busquem ajuda profissional, seja de um psicólogo, de um psiquiatra ou, no melhor dos casos, os dois juntos.
Se não tratada, a ansiedade pode levar a sintomas físicos, como dores pelo corpo, falta de ar, dor no estômago, náusea e pensamento acelerado, por exemplo.



